Com a chegada do verão e do calor chegam também as tão esperadas férias grandes, para as crianças e jovens. Estas férias são sentidas como a recompensa por todo o seu esforço e trabalho ao longo do ano, e para muitos a sua época preferida. As chamadas férias grandes têm algo de especial, quando comparadas com as restantes interrupções letivas, que ocorrem ao longo do ano.
Nas férias grandes não são apenas os dias que são maiores, mas também as brincadeiras, o tempo de dormir, o tempo de não fazer nada, o verdadeiro tempo de ser criança ou jovem, ou pelo menos, é assim que são expectáveis.
Contudo, apesar deste período ser uma alegria para as crianças e jovens, para as suas famílias é muitas vezes uma “forte dor de cabeça”. Afinal, os pais não conseguem cerca de 3 meses de férias e por vezes podem até não conseguir conjugar as férias, o que torna necessário procurar respostas para a ocupação do tempo dos seus filhos.
Com o aproximar deste período muitas famílias questionam-se sobre onde inscrever o seu filho, que tipo de atividades serão as mais indicadas para a sua idade e gosto, qual a melhor oferta qualidade/preço, quais as entidades que promovem este tipo de atividades de ocupação de tempos livres, se os monitores que irão acompanhar o seu filho têm ou não competências efetivas para a responsabilidade do cargo ocupado e para muitas famílias de crianças com necessidades especiais acrescem, ainda, as preocupações face à toma de medicação, à realização de atividades adaptadas às competências do seu filho, a existência de equipas de saúde próximas e de rápida intervenção (em caso de necessidade) e principalmente, se a equipa técnica está capacitada para comunicar e interagir adequadamente com o seu filho.
Equacionando estas preocupações, apresenta-se de seguida algumas dicas que podem ser úteis para ajudar as famílias a refletir sobre este assunto e claro está, tendo sempre em atenção a capacidade do orçamento familiar.
É importante que nas férias grandes, as crianças e os jovens frequentem atividades lúdicas, desportivas, musicais, artísticas, de aventura, de exploração de novas áreas e temas, de descoberta em ambientes diferentes, de descanso e de vários momentos em família e/ou com amigos.
É igualmente importante que a criança e o jovem possam participar em atividades onde os seus amigos de referência também estejam inscritos, de forma a que a sua motivação para frequentar essas atividades esteja desde logo garantida.
Outro dos pontos que nos parece importante salientar prende-se com a organização de atividades, nomeadamente a existência de atividades diversificadas ao longo das semanas, mesmo que algumas vezes se mantenha a mesma estrutura ou sequência. Esta diversidade permite que a criança e o jovem possam aprender/adquirir, de formas diversas, competências pessoais e sociais importantíssimas para o seu dia-a-dia e desenvolvam a sua autonomia.
No que respeita aos horários, sabemos as dificuldades em conjugar horários de entrada e saída dos empregos, com os horários dos Centros de Ocupação de Tempos Livres (COTL), sendo por isso importante que o COTL escolhido tenha isso em consideração, principalmente no início e final do dia, quando não existe o grande grupo. Por exemplo permitir a realização de atividades da iniciativa da criança, disponibilizar momentos para descanso, permitir a brincadeira com brinquedos que a criança trouxe de casa, momentos de jogos de tabuleiro, visionamento de um filme, entre outros.
No seu plano de atividades, muitos COTL apresentam no final do campo/colónia de férias uma pequena festa, que preparada durante as semanas vão potenciando o espírito de grupo e de sentimento de pertença da criança em relação ao grupo onde se encontra inserida, bem como deixar uma marca positiva e na maioria das vezes, uma forte intenção de regressar nas férias seguintes.
A seguir, mais dicas para as férias
Para além dos COTL, existem hoje em dia muitas empresas de animações e eventos que se deslocam às escolas durante o mês de Julho e/ou de Agosto, com planeamentos de atividades diversificadas e diferentes das que são praticadas ao longo do ano letivo e que são "chamadas" quer pelas associações de pais, quer pelas próprias escolas.
Para além disso, há muitas empresas que promovem semanas ligadas à tecnologia com desporto envolvido; à culinária com atividades completas de comprar os ingredientes, fazer a refeição e depois vender diretamente ao público; à promoção de atividades de companhia a idosos nos lares com programas em comum para ambos; até a atividades mais ligadas à natureza e ao desenvolvimento de atividades de manutenção e proteção da natureza; e universidades que provem semanas nas suas instalações de forma a proporcionar conhecimento e experiências sobre as suas áreas de conhecimento.
Quando se projetam campos de férias para crianças não nos devemos focar se a criança tem ou não necessidades especiais, devemos pensar as atividades de forma a que todos possam participar independentemente de necessitarem de recursos diferentes. Partindo desta perspetiva inclusiva, onde existe igualdade de oportunidades para uma participação ativa nas atividades que nos rodeiam, é importante que durante a escolha do COTL, todos os elementos da equipa clínica e pedagógica da criança possam também eles colaborar e dar informações pertinentes ao monitores e coordenadores dos COTL, sobre as necessidades específicas dessa criança bem como estratégias utilizadas para contornar e ultrapassar essas necessidades.
Estas estratégias podem passar pela adaptação de material, de espaços físicos, alocação de recursos humanos, bem como pela organização de horários e atividades ou até a aprendizagem de sistemas de comunicação específicos para uma adequada e saudável interação da criança no campo/colónia de férias.
A escolha de um campo de férias deve ser pensada independentemente da criança ou jovem apresentar ou não necessidades especiais, acreditamos que se durante os 9 meses letivos a criança aprende em contexto de escola e sala de aula com todos os seus pares (com e sem necessidades especiais), então durante o período de férias esta estratégia deve ser mantida, porque é através desta segurança e referência dos pares que a criança vai construindo as suas aprendizagens e potenciando as suas competências. A existência de necessidades especiais é importante apenas na fase de planificação e organização das atividades, de forma a que seja criada toda a estrutura e rede de suporte necessária para permitir à criança ou jovem a mesma diversão e liberdade de experimentar situações novas, como têm os seus pares.
Nas idades entre os 14 e os 18 anos, considera-se importante neste período das férias, permitir um conjunto de experiências vastas em áreas diversificadas, de forma a criar noção sobre possíveis percursos profissionais. As várias universidades já possuem programas específicos para divulgar as suas áreas de conhecimento, bem como há programas de estágios de verão adequados para assim permitir ganhar uma noção do mundo do trabalho e principalmente, das várias áreas possíveis de seguir mais tarde com o secundário.
Para terminar gostaríamos de passar uma mensagem na qual acreditamos: as férias não devem ser, para nenhuma criança, um período de trabalho intensivo de competências que não foram alcançadas durante o período letivo. O respeito pelos momentos de descanso e diversão é tão ou mais importante como os momentos de trabalho.
Boas férias a todos.
A equipa PIN-ED
Nidia De Amorim - nidia.amorim@pin.com.pt
Inês Correia – ines.correia@pin.com.pt
Ana Velez – ana.velez@pin.com.pt
Ana Costa – ana.costa@pin.com.pt
Lúcia Garcia – lucia.garcia@pin.com.pt
Nelson Afonso – nelson.afonso@pin.com.pt
Rita Ávila – rita.avila@pin.com.pt
Comentários