Numa sociedade onde a informação circula a grande velocidade por todo o lado temos de saber distinguir o que realmente é importante para cada um de nós enquanto estudamos para um exame ou mesmo enquanto lemos o relatório de contas de uma empresa. Os estudos sugerem: praticar, sim, sublinhar, não.

 

Estudos recentes comprovam que, na altura de nos lançarmos no estudo, não utilizamos as técnicas cuja eficácia foi comprovada pela ciência. Pior, as investigações mostram também que as técnicas mais utilizadas não são as que produzem melhores resultados.

 

O tema não só não é novo como já deu origem a centenas de artigos, milhares de textos, sobre como ser bem sucedido no estudo. Mas na maior parte dos casos, sem fundamentos. Agora, uma equipa de cinco psicólogos liderada pelo professor John Dunlosky da Universidade Estatal de Kent, nos Estados Unidos, estudou dez técnicas de aprendizagem e aplicou cada uma delas a uma escala que vai desde “baixa aplicabilidade”a “alta aplicabilidade”. O relatório publicado pela Associação das Ciências Psicológicas no início de janeiro deixa algumas dicas sobre as melhores e as piores técnicas de aprendizagem.


As piores: sublinhar, reler e resumir

 

Apesar de serem as mais vulgarmente utilizadas, os investigadores acreditam que estas não trazem nenhum benefício para além de simplesmente ler o texto. Algumas pesquisas sugerem mesmo que sublinhar pode afetar negativamente o processo de aprendizagem já que chama atenção para factos individuais, tornando mais difícil a realização de conexões e inferências. O processo de reler é considerado também um método muito pouco eficaz. Mesmo resumir ou escrever os principais pontos contidos num texto pode ser útil apenas para alguns. Estas técnicas foram por isso consideradas de “utilidade baixa” no processo de aprendizagem.


A melhor: praticar ao longo do tempo

 

Apesar de menos utilizado e pouco conhecido fora dos laboratórios de investigação, o estudo distribuído ao longo do tempo parece trazer fortes benefícios. Esta técnica consiste em espalhar as sessões de estudo em detrimento de uma “maratona” ou “direta”. Decorar informação até ao último minuto pode permitir passar ao teste ou ser suficiente para a reunião mas, segundo os psicólogos, essa informação desaparecerá muito rapidamente da nossa memória. Parece ser mais benéfico estudar essa informação em intervalos de tempo. O relatório sugere ainda que, quanto mais tempo quisermos que a informação fique retida na memória, mais intervalos devem ser feitos.

 

A segunda técnica recomendada pelos psicólogos é o teste prático, sem haver necessariamente a atribuição de uma classificação. A pesquisa mostra que o simples ato de ligar informações à memória reforça o conhecimento e ajuda na lembrança futura. Apesar de não ser muito utilizada, outra técnica mais familiar pode ajudar a trazer grandes benefícios: o uso de cartões de memória. Lembra-se do Trivial Pursuit? Estes cartões são semelhantes a isso, podem ser criados por qualquer um e utilizados em qualquer altura. Podem ter datas, factos históricos, vocabulário, fórmulas de um lado, e as respetivas respostas do outro. A sua utilização repetida ajuda à memorização e, consequentemente, ao processo de aprendizagem.

As restantes técnicas avaliadas pela equipa de Dunlosky ficaram a meio da escala. Os investigadores não conseguiram avaliar a sua real utilidade ou inutilidade no processo de aprendizagem. São elas as imagens mentais ou o recurso a fotos para lembrar um texto; o interrogatório de elaboração, isto é, a realização de perguntas sobre um determinado texto; a auto-explicação, intercalar a prática, misturar diferentes tipos de problemas, ou a utilização de mnemónica [por exemplo, memorização dos meses do ano com 31 dias pelos punhos].

 

O melhor mesmo é esquecer os marcadores, praticar mais e utilizar os cartões lá por casa.


Consulte o relatório na íntegra

 

Fonte: Revista Time

 

Catarina Osório