Luís Teixeira, médico ortopedista e presidente da a "Spine Matters", lembra a importância das consequências de uma carga desadequada e contínua durante o período escolar: "Todos sabemos que as nossas crianças continuam a transportar cargas excessivas para as aulas. Os números mostram que há muitos alunos a suportar 15% ou mais do seu peso corporal na carga escolar, uma percentagem já muito elevada e prejudicial para a coluna".
As mochilas das crianças não devem exceder esta percentagem sob pena de mudanças nos ângulos dos ombros, pescoço, tronco e membros inferiores, afetando a postura de forma global ao provocar uma curvatura anormal das costas. Partindo deste alerta o especialista deixa uma lista de dicas para os pais seguirem no período de regresso às aulas, nomeadamente na compra das mochilas.
Para além das consequências posturais, o excesso de peso nas mochilas tem vindo a ser apontado como responsável a longo prazo por dores de costas frequentes e consequente falta de concentração nas aulas. "A explicação é simples e reside no esforço, nem sempre consciente, que a criança faz de forma regular. O excesso de carga numa fase de crescimento poderá condicionar uma sobrecarga da coluna que se poderá manifestar anos mais tarde", explica o médica.
As dores nas costas são vulgarmente desvalorizadas, contudo esta é uma situação que deve ser prioritária. Neste sentido, o especialista deixa 8 dicas imprescindíveis aos pais nesta altura do ano:
1. Ensine o seu filho a moderar o peso da mochila
Quando for preparar a mala para o dia de escola seguinte, procure ensinar ao seu filho a distinguir prioridades. Tudo o que for acessório e não estritamente imprescindível deverá ficar em casa ou nos cacifos, de forma a aliviar o peso transportado.
2. Pese as mochilas dos seus filhos antes de saírem de casa
Certifique-se que o peso da mochila não excede 15% do seu próprio peso. Ex. Numa criança com 30kgs, a carga não deve exceder os 4,5kgs. Esta é uma recomendação que deve ser respeitada de forma rigorosa, gerindo o horário da criança de forma o mais atenta possível.
3. Procure mochilas de duas alças e com um bom suporte, em que o peso possa ser suportado uniformemente
Por outro lado, quando impossível de contornar esta a medida, a opção pontual deve ser por meio de uma mala com rodas. Ao contrário do que muitas vezes se pensa, esta não é uma solução que resolva o problema, pois apenas o minimiza. No dia-a-dia o controlo da carga transportada é fundamental. Se a mochila tiver um cinto, deve incentivar a criança a colocá-lo.
4. Malas compartimentadas, de alças largas e confortáveis, adequadas ao tamanho da criança
Desta forma, poderá distribuir o peso uniformemente, proporcionando, um maior conforto ao seu filho. Além das alças, tente que a traseira da mochila fique em contacto com as costas da criança, melhorando o seu conforto.
5. Objetos mais pesados devem ficar no centro da mochila
Tente dividir o peso, colocando os livros maiores no centro. Já os objetos mais pequenos devem ficar nas bolsas laterais e/ou frontais.
6. Corrija os seus filhos se a mochila estiver a ser transportada com as alças muito soltas
Quando se encontra já perto do fim das costas, a pressão causada na coluna é muito elevada. Todas as mochilas devem ter as alças apertadas e justas para que não haja oscilação de peso.
7. Esteja atento aos sintomas
Caso repare que o seu filho tem uma postura diferente, marcas das próprias alças da mochila, ou dores de costas recorrentes, consulte um especialista.
8. Dê o exemplo no seu regresso ao trabalho
Enquanto modelo a seguir e, simultaneamente, a fazer o bem por si mesmo, dê prioridade às mochilas para transporte do computador, em detrimento das malas a tiracolo ou das tradicionais malas de mão. Se o fizer, a criança terá muito maior motivação e vontade de o seguir, e as suas costas também estarão mais resguardadas.
As explicações são do médico ortopedista Luís Teixeira, diretor do Spine Centrer.
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