Ter uma atitude autoritária e impor regras de forma rígida não é a melhor forma de lidar com os jovens. Quem o diz é a psicóloga Maria Raul Xavier, docente da Faculdade de Educação e Psicologia da Católica Porto, e responsável pela sessão “Socorro! Tenho um filho adolescente”, que decorre hoje na Faculdade.
«Não há dois adolescentes iguais e nem pais iguais. No entanto, diversos estudos têm revelado que não é a ideia da imposição que apresenta maior eficácia. Quando exploramos o tema das práticas parentais, o que fomos percebendo é que o estilo mais eficaz é aquele que habitualmente descrevemos como democrático, que se caracteriza por uma relação calorosa e que implica a aceitação do outro, que sublinha a importância das regras, das normas e dos valores e em que há disponibilidade para escutar, explicar e negociar, ajudando o adolescente a construir as suas próprias ideias», explica a psicóloga.
Um dos principais desafios referidos pelos pais de adolescentes é lidarem com alguém que se tornou muito mais crítico em relação ao mundo e aos próprios pais. Sobre isto, a psicóloga explica: «A argumentação dos jovens é um sinal de que este está a dar passos de independência, desenvolvendo confiança com vista à autonomia e que ,embora isso possa tornar o ambiente familiar diferente, na verdade, a família é o contexto mais protegido e mais compreensivo para este treino».
Uma das grandes preocupações dos pais é a influência dos amigos, potencialmente vista como negativa . «Contrariando esta visão tantas vezes pessimista, o que sabemos hoje é que os amigos desempenham um papel fundamental na adolescência, ajudando no caminho da construção da identidade. Ou seja, nas questões de decisão vocacional e futura carreira profissional, na adoção de crenças e valores próprios e também no desenvolvimento de uma identidade sexual satisfatória, atuando por vezes como grupo de autoajuda», explica Maria Raul Xavier. Mas fiquem os pais de jovens mais descansados, pois «apesar de parecer que o grupo é tudo o que interessa, a família mantém-se como influência importante, sendo inclusivamente referência na escolha do grupo de amigos. E, embora existam situações em que a autoridade parental é desafiada, não é habitual que se instale um conflito de gerações com proporções marcantes. Essas situações são exceções».
A sessão de hoje faz parte do ciclo de conferências “Aprender a Educar”, promovido pela Católica Porto. Como gerir múltiplos papéis, os comportamentos de risco na adolescência e os valores e espiritualidade na educação são os temas já agendados para próximas sessões.
Leia AQUI a entrevista completa à psicóloga Maria Raul Xavier.
04 de maio de 2012