Cientistas da Universidade de St Andrews e da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido, descobriram que 95% das mulheres adultas perdem 90% dos seus óvulos aos 30 anos. De acordo com o estudo que fizeram, as mulheres nascem com 300.000 potenciais óvulos mas, na terceira década de vida, já só lhes restam 12% e, na quarta, apenas 3%, o que explica a maior dificuldade que têm em engravidar após essa idade.
Os investigadores mostram, assim, que, ao contrário do que se acreditava em décadas anteriores, é um erro pensar-se que a fertilidade é constante antes da menopausa só porque as mulheres continuam a produzir óvulos. Em 30% dos casos, o problema de infertilidade no casal, que afeta em média um cada em oito casais, tem origem na mulher, avançaram também nos últimos anos várias investigações internacionais.
Um grupo de cientistas anunciou, entretanto, que está a desenvolver um novo tratamento hormonal com kisspeptina, uma hormona neurotransmissora com (re)conhecidos poderes afrodisíacos. A ideia é combater uma das principais causas do problema, a hiperprolactinémia, o excesso de produção de prolactina, hormona que interfere com a fertilidade feminina. "Já o testámos em ratos e já o validámos na mulher", assumiu publicamente Charlotte Sonigo, especialista em fertilidade no Inserm, instituto francês de saúde e investigação médica.
"Tratámos pacientes com injeções de kisspeptina e conseguimos demonstrar que as secreções hormonais [dessas mulheres], que se encontravam em estado de repouso, recomeçaram a funcionar normalmente. Com este tratamento, as mulheres voltam a ovular naturalmente", acredita a especialista e investigadora. Apesar dos resultados positivos das avaliações preliminares, as mulheres inférteis vão ter de esperar.
De acordo com Charlotte Sonigo, "antes de uma dezena de anos", não será possível massificar o tratamento. Além de ter de fazer mais testes com "milhares de mulheres", a equipa que desenvolveu a injeção vai ter de perceber com clareza se a terapêutica não tem contraindicações nem efeitos secundários. Para isso, conta também com o feedback das várias equipas multidisciplinares que o estão a testar em diferentes países.
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