A Organização Internacional do Trabalho (OIT) indica que a desigualdade de rendimento entre famílias de alto rendimento e famílias de baixo rendimento diminuiu em Portugal por causa da diminuição dos salários nas que tinham maior poder de compra.

A autora do relatório, a economista Rosalia Vazquez-Alvarez, explicou à Lusa que houve "uma diminuição dos salários e de todo o tipo de rendimentos em geral" mas que "o poder aquisitivo diminui muito mais para as famílias com maior rendimento que para as famílias com menor rendimento".

Esta diminuição deveu-se principalmente a cortes nos salários das famílias com maiores rendimentos e este fenómeno, chamado "efeito de nivelação" ('flattening effect', em inglês), deu lugar a uma redução das desigualdades entre as famílias.

"Portanto, houve uma convergência entre as famílias de tal forma, que a desigualdade diminui em geral", disse a economista da OIT.

Segundo a OIT, os salários formam a maior fonte de rendimento nos países desenvolvidos e a evolução dos salários bem com a diminuição das desigualdades dependem dos governos.

"A curto prazo, a evolução dos salários depende muito das políticas dos governos. A desigualdade vai diminuir se se aumentar o salário mínimo, mas esse aumento depende das políticas aplicadas pelos governos", adiantou.

De acordo com Rosalia Vazquez-Alvarez, esse aumento pode ser feito com base em politicas económicas que reflitam o custo de vida bem como o custo de produção,

O documento da OIT, denominado Relatório Global de Salários 2014/15, analisa as principais tendências dos salários nos países desenvolvidos, emergentes e países em desenvolvimento e aponta também as desigualdades no mercado de trabalho e no rendimento familiar.