João Costa falava durante a sessão de abertura do 5.º Encontro dos Professores do Ensino Português no Estrangeiro, organizado pelo Camões - Instituto da Cooperação e da Língua e que está a decorrer na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, com transmissão online.
Segundo o governante, existem “grupos específicos de alunos, para quem a escola não pode deixar de ser presencial”.
São eles os alunos “mais novos, com mais carências e maior dependência, porque por vezes não há família por trás para apoiar, crianças e jovens com deficiência e crianças e jovens em risco de maus tratos ou situações mais vulneráveis”.
Esta foi uma das várias lições do confinamento imposto pela luta contra a covid-19, disse.
“[A pandemia] não nos trouxe grandes novidades sobre a educação, simplesmente pôs aquilo que já sabíamos debaixo do microscópio e aquilo que já eram problemas para todos nós no sistema educativo tornaram-se gigantes e muito visíveis”, prosseguiu.
Além do papel da escola e da educação enquanto fator crucial para levar conhecimento às crianças, jovens e adultos, a pandemia fez sobressair a sua “função social”.
E recordou que a escola é, “muitas vezes, um primeiro filtro para detetar situações de solidão, negligência, maus tratos ou o espaço onde se come a única refeição do dia”.
“Termos uma escola à distância é uma escola que compromete todas estas funções”, referiu.
João Costa receia que o próximo ano letivo seja “provavelmente mais difícil do que este”.
“É um ano normal num contexto de anormalidade, é um ano em que se aprende, mas também é um ano que se aprende recuperando, é um ano em que estamos a lidar com a escola sede de conhecimento, mas tab escola sede de bem-estar”, considerou.
Alertou ainda que “uma das faturas desta pandemia é a instabilidade emocional, a fatura na saúde mental”.
O Conselho de Ministros aprovou na semana passada a realização de despesa de 400 milhões de euros para lançamento de concursos para comprar computadores e garantir conectividade entre 2020 e 2021, no âmbito da Escola Digital.
Durante uma audição na comissão, que decorreu na terça-feira, o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, desvalorizou a polémica em torno do distanciamento físico entre alunos e professores, lembrando que as escolas vão funcionar com circuitos de circulação e "bolhas" de alunos.
De acordo com as orientações da Direção-Geral da Saúde enviadas às escolas, deve ser garantido “sempre que possível” um afastamento de um metro.
Alguns deputados lembraram o alerta deixado pelos diretores escolares segundo os quais há estabelecimentos de ensino onde será impossível cumprir esse metro de distância.
O ministro anunciou ainda que serão distribuídas máscaras e outros equipamentos de proteção individual às escolas para o regresso às aulas em setembro.
“O Ministério da Educação vai providenciar essas máscaras e outros equipamentos de proteção individual para que [as escolas] estejam mais bem preparadas”, assegurou Tiago Brandão Rodrigues, durante a audição na comissão parlamentar de Educação, Ciência, Juventude e Desporto.
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