Com o nome "Ubbu - Code Literacy/Academia de Código Júnior", o projeto resultou de uma iniciativa da Câmara do Fundão, em articulação com os estabelecimentos de ensino e professores abrangidos.
"Este é um projeto que se enquadra na nossa proposta educativa em que queremos dar a todos os alunos raízes e asas. Raízes porque podem aprender saberes locais, como o fabrico do queijo. Asas porque têm essa componente da programação que lhes dará asas e lhes permitirá voar melhor no mundo global", disse à agência Lusa o presidente desta autarquia do distrito de Castelo Branco, Paulo Fernandes.
Implementado no ano letivo de 2015/2016 em escolas do primeiro ciclo, o "Ubbu" tem vindo a ser alargado desde então e, atualmente, abrange todos os alunos do primeiro e segundo ciclo de todas as escolas do concelho, num total de quase 1200 alunos, número que deverá ser alargado em breve.
"Já estamos a preparar o programa piloto para o terceiro ciclo, até para acompanhar todo o percurso escolar", apontou Paulo Fernandes.
As aulas funcionam dentro da componente curricular das escolas e são dadas por técnicos da autarquia em colaboração com os professores titulares, com recurso à plataforma "Ubbu" e com base em desafios, jogos e exercícios de 'quiz' ou até aparentes brincadeiras.
Para efetivar o projeto, a autarquia dotou todas as escolas abrangidas (aldeias incluídas) de computadores e meios informáticos num investimento que até agora chegou aos 700 mil euros, com cofinanciamento de 85%.
Com uma relação custo/benefício que o autarca classifica de "extremamente positiva", a aposta também ganha relevância porque interliga o programa educativo e de promoção do sucesso escolar com a aposta na atração de empresas de novas tecnologias.
"Sabemos que as ferramentas digitais vão ser fundamentais no futuro. Todos vamos ter de ter, pelo menos, alguns conceitos básicos da linguagem de programação, tal como hoje já se tem de português, matemática ou de música. Portanto, quisemos antecipar essa realidade e dotar os nossos alunos de ferramentas que os possam ajudar nesse futuro que está cada vez próximo", referiu.
Paulo Fernandes também não esconde a satisfação pelo facto de o projeto conseguir alcançar diferentes objetivos: por um lado, permite que os alunos adquiram ferramentas nesta área e, por outro, também tem influência ao nível comportamental e na aprendizagem.
"Estamos a falar de dados preliminares e que só podem ser consolidados depois de uma sequência de vários anos, mas os indicadores de natureza qualitativa mostram que temos melhorias ao nível da motivação dos alunos, da concentração e da capacidade de trabalhar em grupo. Além disso, também se verificam melhorias ao nível da aprendizagem de disciplinas como o português e a matemática", referiu.
Os dados quantitativos que têm sido recolhidos também apontam para uma melhoria do raciocínio lógico até 07% e das competências em matemática até 17%.
Entre as mais-valias há ainda a questão do posicionamento municipal ao nível da atração e fixação de empresas da área das novas tecnologias, uma vez que, lembra Paulo Fernandes, também se dá um sinal às empresas de que a autarquia continua a acompanhar as necessidades (com a formação de futuros profissionais) e que continua a arriscar ao nível das políticas públicas de desenvolvimento.
Uma estratégia que também já está a dar frutos ao nível do reconhecimento das entidades. Depois de, em 2017, ter conquistado o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, o projeto venceu, recentemente, o prémio "IPPS-ISCTE Políticas Públicas, na categoria de Administração Local.
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