A Espanha está prestes a aprovar um alargamento do período de licença de paternidade em mais uma semana – de quatro para cinco. Mas será que esta medida, tomada com vista a fomentar o aumento da natalidade, influencia realmente a decisão dos pais terem mais filhos?

A economista Libertad González, que acompanhou vários casais entre 2007 (quando a licença parental passou de dois para 13 dias) e 2013, acredita que não. Em declarações ao jornal La Vanguardia, González diz que o estudo que lidera mostra que o alargamento da licença ajuda a promover a responsabilidade dos pais na tarefa de cuidar dos filhos, mas não os incentiva a ter mais crianças.

Libertad, que é também docente na Universidade Pompeu Fabra (UPF), em Barcelona, juntou-se à economista Lidia Farré, para analisarem o impacto da licença paternal sobre a fertilidade. Para isso, compararam famílias que tiveram um só filho antes de março de 2007 (data em que a licença passou a ser de 13 dias), com aqueles que foram pais depois e que tiveram direito a usufruir de duas semanas longe do local de trabalho.

A principal conclusão do estudo de González e Farré é que as famílias com acesso à nova licença demoraram mais tempo a ter o próximo filho do que aquelas que usufruíram da antiga licença – as primeiras levaram em média um mês a mais do que as segundas a voltar a engravidar.

“Acreditávamos que a licença de paternidade poderia ter aumentado a participação dos pais no cuidado dos filhos e, se esse efeito fosse continuado, isso poderia fomentar a permanência das mães no mercado de trabalho, o que aumentaria a oportunidade de ter outro filho”, explicou González ao La Vanguardia. Na verdade, conclui, o que pode ter acontecido é que “o facto de passarem mais horas com o bebé e perceberem o tempo que é preciso dedicar-lhes pode ter levado muitos pais a adiarem a decisão de ter outro filho”.

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