Para a mulher, a vinculação ao filho pode ser mais fácil, pois o bebé cresce dentro dela, enquanto o homem só o pode fazer ao nível do imaginário. A mãe tem aqui uma influência importante nesta relação pai-bebé, incentivando o pai a participar de forma mais próxima durante a gravidez e, mais tarde, não impedindo competitivamente o acesso ao filho, isto é, «permitindo ao pai ser pai», como chama a atenção Teresa Ferreira, psiquiatra e psicanalista. Tanto os pais que esperam um filho como aqueles que cuidam dele têm de aperceber-se da força e da ambivalência dos sentimentos que acompanham a gravidez, próprios de um processo de ajustamento.

Investigadores asseguram que a competência e a autoconfiança como pais não são talentos inatos das mulheres, sendo antes adquiridos no envolvimento de ambos os pais durante a gravidez, o que se traduz numa maior disponibilidade para perceber os sinais precoces do bebé.

Insegurança e vulnerabilidade
É a opinião partilhada por vários especialistas, nomeadamente João Justo, psicólogo especialista na vinculação da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação de Lisboa, para quem a gravidez é um período de crise que implica muitas mudanças de natureza diversa e em momentos diferentes, mas também um crescimento sem retrocesso. Ser pai ou mãe implica sair da posição de filho(a) para ser um cuidador.

Durante a gravidez, o desconhecido acorda na mulher fantasias inconscientes que a podem fazer sentir-se insegura, sensível e até vulnerável. Esse processo é normal e é fundamental para que a mulher se transforme numa mãe naturalmente predisposta a ir ao encontro das necessidades do seu bebé, o que Donald Winnicott, pediatra e psicanalista infantil, denominou de «preocupação materna primária».

Texto: Teresa Abreu

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