Todas as crianças, ao longo do seu desenvolvimento, precisam que os pais (ou os educadores e os professores) lhes digam o que devem fazer ou o que se espera que façam. A palavra é, desta forma, o primeiro passo para a aprendizagem. O segundo passo é a ação.

 

Na maioria das vezes, os pais têm de ensinar os filhos mais pequenos antes de se lhes poder ser exigido que façam alguma coisa por si. Não se deve dizer a uma criança de 7 anos «estuda» ou «arruma o quarto» se nunca lhe foi explicado ou até mesmo mostrado como é que isso se faz. Assim, primeiro é necessário ajudá-la a realizar tais tarefas, várias vezes, até que os pais se apercebam, em função da idade e do grau de desenvolvimento, que ela já é capaz de as executar sozinha.

 

Formas de dar ordens

As ordens devem ser dadas de uma forma direta e objetiva, sem ambiguidades. «Tem cuidado» não é o mesmo que «Não atravesses a rua sozinho». «Porta-te com juízo» não é o mesmo que «Não batas na tua irmã». Não vale a pena os pais pensarem que os filhos vão entender o que eles querem se não forem objetivos nos pedidos.

 

Que linguagem usar para dar uma ordem

A linguagem dos pais deve ser simples, de fácil entendimento e adaptada à idade da criança. Um filho de 8 anos pode ter dificuldade em perceber o interesse em fazer os trabalhos que traz da escola quando chega a casa. Ou a necessidade de usar capacete quando anda de bicicleta. Os pais têm de explicar o porquê e, quando apropriado, dar o exemplo.

 

A linguagem dos pais deve também ser predominantemente positiva. É preferível o «Faz» ao «Não faças», o «Diz» ao «Não digas» e o «Sê verdadeiro» ao «Não mintas».

 

A importância do tom de voz

O tom de voz dos pais deve ser normal, mas firme, pois uma ordem dada a gritar afasta a criança do que é mais importante, para se concentrar na atitude dos pais e no medo que esta possa provocar.

 

A técnica do checking

Se os pais têm dúvidas de que a criança ouviu ou compreendeu o que foi acabado de dizer, a técnica do checking pode ser muito útil: consiste em fazer a criança repetir o que os pais acabaram de dizer, para que não restem dúvidas de que percebeu bem as ordens dadas.

 

Desobediência e consequências

Por fim, os pais devem, se necessário, especificar bem quais as consequências da desobediência àquilo que pretendem, sem ameaças vagas. Da mesma forma que ao pais deram a ordem, também as consequências do não cumprimento devem ser simples, diretas, fáceis de entender e justas.

 

Regras de Ouro

Antes de dar uma ordem, os pais têm de se assegurar que a criança é capaz de a cumprir.

As ordens devem ser:

• Diretas;

• Objetiva;

• Simples;

• Pela positiva;

• Dadas com calma, sem gritar, com voz firm;

• Especificando as consequências se não forem cumprida;

 

As ordens não devem ser vagas, em cadeia, em forma de pergunta, no plural ou seguidas de explicações desnecessárias.

 

 

Maria João Pratt

 

Fonte: Não te volto a dizer! (2ª edição), de Paulo Oom; edições Matéria-Prima.