Nos primeiros tempos, a esmagadora maioria dos bebés dorme no quarto dos pais. Os argumentos para esta situação são de peso: é mais fácil dar de mamar ou dar o biberão, é mais rápido atender quando acordam e os adultos ficam mais descansados quando têm o filho perto.

 

Porém, à medida que os meses passam, as noites começam a ser diferentes. Mais mês menos mês, a criança vai para o seu próprio quarto e mesmo quando acorda várias vezes por noite, mãe e pai tentam que volte a adormecer no seu espaço.

 

 

O co-sleeping

 

Há no entanto, quem durma com os filhos na mesma cama desde que nascem e mantenha este hábito durante um período de tempo significativo. São os adeptos do chamado “co-sleeping”, uma opção que têm sérios defensores mas também sérios críticos.

 

Os primeiros dizem que partilhar as noites com as crianças dá-lhes uma sensação única de pertença e segurança e que serão elas que, a dada altura, quererão ir para a sua própria cama. Já os segundos apontam o hábito de dormir em conjunto como pouco higiénico, perturbador da intimidade dos adultos e promotor de esquemas mentais de dependência e pouca auto-estima.

 

 

Metade na cama do casal

 

Embora não existam números específicos sobre a realidade portuguesa, um estudo levado a cabo pelo Instituto de Saúde dos EUA aponta para o facto de cerca de 50% das crianças passaram regularmente pelo menos parte da noite na cama dos pais.

 

Ou seja, podem até iniciar o período de sono sozinhas mas, a determinado momento vão mesmo ter com os adultos. Esta é uma situação mais frequente nas idades pré-escolares mas existe um número significativo de casos em que o cenário se estende até à pré-puberdade.

 

Os defensores do “co-sleeping” referem que estes casos são exceções que devem merecer acompanhamento especializado. Isto porque, afirmam, partilhar a cama é uma fase que termina quando a criança decide que já não necessita de o fazer.

 

Por outras palavras, afirmam que a naturalidade e a segurança promovidas pelo “co-sleeping” são suficientes para que os mais novos passem adiante logo que estejam preparados. Antes que isso aconteça, a criança ganha em conforto e sentido de pertença, tidos como essenciais para o seu desenvolvimento afectivo.

 

E quanto à vida conjugal dos pais, esta poderá desenvolver-se em outros parâmetros e em outros cenários que não passam pela presença da criança, mesmo que adormecida.

 

 

Quartos separados

 

Visão diferente tem quem advoga que pais e criança necessitam de camas separadas e, de preferência, até de quartos diferentes logo que ultrapassem os primeiros meses.

 

Dizem que existem várias razões para esta organização nocturna. A primeira é a promoção da saúde e da segurança da criança e a segunda a defesa da vida íntima dos adultos. É que à medida que os meses passam, ela vai-se tornando cada vez mais atento a tudo a que o rodeia e mesmo que não compreenda o que está a acontecer, pode ser constrangedor para os pais.

 

Para além disso, terem um espaço de descanso distinto dos pais não significa que as crianças estejam impedidas de partilhar a cama dos adultos sempre que haja razões para tal. Por exemplo, em caso de um pesadelo ou de uma doença.

 

 

Que fazer?

 

Perante esta troca de argumentos, há que avaliar bem a situação concreta da criança e da família antes de tomar qualquer decisão. Deixar que os mais novos partilham até tarde o quarto ou a cama dos pais ou que, em contrapartida, pernoitem no seu próprio espaço deverá corresponder ao que melhor serve a personalidade dos indivíduos, as circunstâncias específicas e o que se prevê que possa acontecer a médio e longo prazo.

 

Se existirem muitas dúvidas sobre o caminho a percorrer, é positivo procurar ajuda, seja ela do médico de família, do pediatra ou de outro profissional. Muitas vezes, uma visão externa é o foco de que os pais necessitam para compreender o que fará mais sentido para eles próprios e para os seus filhos. Seja a partilha ou não das noites.

 

 

Maria c Rodrigues