Ao longo do desenvolvimento das crianças as suas ações e cognições vão sendo acompanhadas por emoções - reações a estímulos externos e internos, que se manifestam através de sinais fisiológicos, comportamentais, cognitivos, afetivos e expressões faciais. As emoções são a energia para a aprendizagem espontânea, construtiva e podemos mesmo dizer que não há aprendizagem sem emoção.
Na aprendizagem, o envolvimento emocional pode ser o motor motivacional que auxilia as funções cognitivas e executivas. Às situações escolares deve somar-se uma dinâmica de segurança, de conforto, de curiosidade e de desafio. É importante a criança sentir que pode errar, para assumir riscos e abrir caminho às cognições.
Se a criança sentir que a experiência pode ser ameaçadora, repressiva, de humilhação ou desvalorização é provável que bloqueie a oportunidade aceder à tentativa de aprendizagem e resolução de problemas. O ser humano tende a encontrar atividades que lhe transmitam bem-estar e evitar situações que lhe proporcionem momentos desagradáveis.
As emoções numa sala de aula possibilitam a retenção de atenção, contribuindo para a capacidade de memória e concentração. São um apoio responsável para que o processamento de informação e aquisição de conhecimento seja equilibrado, surpreendente e singular. As emoções desagradáveis ou agradáveis têm um impacto relevante nas funções cognitivas e executivas da aprendizagem, podem proporcionar/transformar vivências de situações complexas em algo interessante ou, pelo contrário, em aborrecimento e tédio.
As emoções têm não só um papel fundamental na aprendizagem como na interação social que, naturalmente, também, assume uma grande relevância para a dimensão do conhecimento. A relação cuidador-criança, professor-criança são essenciais. Estar motivado, emocionado e envolvido resulta num investimento escolar que promove o sucesso. O papel do professor é um acontecimento na vida de uma criança que se traduz numa construção emocional e cognitiva de conhecimentos. O professor tem a responsabilidade de criar, gerir, planear e estar em toda a aventura deste processo continuo na vida do ser humano. Ele tem a importância de criar as condições afetivas e emocionais para que a díade (professor-aluno/criança) seja repleta de uma elaboração sólida, coerente e emotiva. Esta interação é frutífera e estimulante para ambas as partes e resulta em bem-estar.
As emoções facilitam a edificação de experiências de conhecimento significativas. Em qualquer sala de aula, a aprendizagem e a emoção devem estar juntas. Não descurar este facto possibilita a dedicação para programar, idealizar, criar, delinear estratégias de acordo com o conjunto de alunos/crianças que desejam gostar de estar neste projeto de crescimento.
Ensinar e aprender é estar emocionado.
Sandra Helena - Psicóloga Clínica / Psicoterapeuta
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