Magoar-me-ia muito sentir os meus filhos inseguros em relação a si mesmos, com incertezas, sem gostarem de si. Prefiro que andem de queixo erguido, certos do valor que têm, do que em constante debate e escrutínio acerca desse mesmo valor. Todos os dias lhes digo que os amo. Todos os dias lhes mostro que sou a mesma mãe, tanto para os bons como para os maus momentos. Digo-lhes que são capazes de tudo o que se propuserem fazer, digo-lhes que têm sempre que tentar, mesmo que falhem. Digo-lhes que têm que dar o melhor de si, mesmo que não sejam os melhores.

É importante para nós, enquanto pais, que eles sejam crianças estruturadas, que se sintam seguros, que saibam com o que podem contar. E é importante que se valorizem, que saibam que conseguem fazer as coisas. Muitas vezes o mais fácil é desistir antes sequer de começar. Mas quem não tenta superar-se, quem foge das concretizações não chega a conhecer o seu potencial.

Vou olhando à minha vida e sinto os miúdos cada vez mais dependentes, mais inseguros, mais protegidos em bolhas virtuais. Vivem em redomas onde não podem arriscar. Têm sempre alguém a fazer tudo por eles. Os pais são o escudo e o amparo para tudo. Não lhes é permitido falhar, cair e levantar-se. Não sabem gerir frustrações e, no fundo, não sabem do que são capazes. Crescem mimados, certos de que estará lá sempre alguém que os proteja e lhes evite as quedas. E eu pergunto: em que é que isto beneficia as crianças? Como é que eles vão conhecer os seus limites se não lhes é permitido testá-los? Como é que eles vão saber que conseguem, se não podem sequer tentar?

É por isto que não me importo que os meus filhos caiam. Sei que se levantam a seguir. Mas quero que saibam que devem tentar, que não há impossíveis e que o mundo é uma coisa que eles podem perfeitamente conquistar.

 

Lénia Rufino

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