"Temos de proteger os nossos irmãos e irmãs trans", afirmou a atriz, que recebeu o Prémio Carreira durante a cerimónia. "Eles estão a ser pontapeados".

Sykes, conhecida por séries como "Curb your enthusiasm" e especiais de comédia 'stand up', mostrou-se muito preocupada com o ataque aos direitos da comunidade LGBTQ+.

"O problema está nos jovens. Há pais que estão a tentar salvar-lhes a vida e agora temos o governo a dizer aos médicos que não podem tratar estes miúdos", afirmou. É uma referência à ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump que limita o acesso a procedimentos em crianças transgénero, tal como bloqueadores de puberdade.

"Isso é traumático, está errado, e é a luta em que temos de nos focar neste momento", afirmou Wanda Sykes.

A atriz recebeu o prémio de carreira numa cerimónia em que várias figuras relevantes na comunidade LGBTQ+ em Hollywood estiveram presentes. Muitas referenciaram a necessidade de continuar a lutar contra os ataques à comunidade, incluindo a atriz Megan Stalter, uma das protagonistas da série de comédia "Hacks" da HBO Max.

"Somos privilegiados por não termos de esconder partes de nós próprios", afirmou a atriz, que recebeu o Prémio de Desempenho pela interpretação de Kayla na produção.

"Temos de manter viva esta mensagem de que não faz mal e é bom ser diferente", continuou, mencionando a importância de defender os direitos trans.

A segunda edição da cerimónia, que decorreu esta noite (madrugada em Portugal) no Fairmont Century Plaza, premiou vários atores e comediantes LGBTQ+ que estão em destaque sobretudo na televisão.

Foi o caso de Niecy Nash-Betts, distinguida como Pioneira pela série "Grotesquerie".

"Ser pioneira parece glamoroso mas é confuso e barulhento", disse a atriz, que venceu um Emmy pelo seu papel na série da Netflix "Monstro: A história de Jeffrey Dahmer". "Continuamos não pelos aplausos, mas pelo impacto".

Tramell Tillman, que dá corpo a Milchick na série da Apple TV+ "Severance", sublinhou o impacto da representação de minorias em Hollywood.

"Uma coisa é sermos vistos, mas outra é sermos ouvidos", considerou, salientando que a representação que existe atualmente dará poder aos rapazes e raparigas que estão a crescer neste momento.

Também Gideon Glick, da comédia "Étoile", lembrou como foi aconselhado a trabalhar com um professor de voz para "soar menos gay" e decidiu ignorar essa advertência.

"Vivemos num momento em que estão a dizer às pessoas que o que as torna diferente é perigoso", apontou. "Que se lixe isso".

Outros premiados da noite incluem a atriz da série Marvel "Foi Sempre a Agatha" Sasheer Zamata, Josh Greenbaum do documentário "Will e Harper", o elenco da série "Somebody Somewhere" e Liv Hewson de "Yellowjackets".

Leslie Jones, de "Caça-Fantasmas" e "Saturday Night Live", fez uma aparição surpresa para elogiar o elenco de "RuPaul's Drag Race", que recebeu o prémio de 'reality show', e também pediu que se proteja esta comunidade.

"É a comunidade mais importante que temos", afirmou. "Vocês mostram às pessoas que ser diferente é poderoso".

A cerimónia foi apresentada pela comediante Sherry Cola e vai ter transmissão no serviço de streaming HereTV no dia 27 de junho, o mês de celebração do Orgulho LGBTQ+.

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