Foi em televisão que nos habituámos a vê-la, embora seja em teatro que Teresa Guilherme passa agora uma boa parte do seu tempo. Com a falta de oportunidades em televisão, a 'rainha dos reality shows' dedica-se cada vez mais a esta nova paixão e é com os pés cada vez mais assentes nas 'tábuas' que Teresa segue o seu caminho.
Depois de vários anos em cena com 'Monólogos da Vagina', a atriz e apresentadora abraça agora um desafio diferente - embora no mesmo registo, o da comédia.
Em 'Agora É Que São Elas', Teresa divide o palco com o experiente ator de teatro Rui Luís Brás. Dão vida às personagens Alda e Paulo, um casal que apregoa o que não cumpre. É uma hora e meia de humor, em cena no Auditório do Taguspark.
O Fama ao Minuto falou com Teresa e Rui. A conversa aconteceu com as gargalhadas em som de fundo, as mesmas que os dois prometem ao público que os visitar em Porto Salvo.
Queria começar por vos perguntar sobre o que nos fala esta peça?
Rui Luís Brás (RLB): É uma tragédia do pior [risos]. Nós somos dois coaches, somos palestrantes. Arquitetámos um método de fazer felizes os casais e ensinamo-lo em sessões abertas.
Teresa Guilherme (TG): O nosso objetivo é que as pessoas venham aqui aprender a serem felizes.
RLB: Mas o casal já está numa situação um bocadinho deteriorada...
TG: Isso é mentira [risos]. A verdade é que ele [personagem interpretada por Rui Luís Brás] traz uma ex-namorada para a palestra.
RLB: Isso força-me a dizer que ela [personagem interpretada por Teresa Guilherme] também ‘pulou a cerca’.
Então trata-se de um casal que dá conselhos mas que não os pratica?
TG: Eles queriam e já os praticaram, mas estão numa fase menos boa que pode gerar um desentendimento que fica muito cómico.
Mas é uma peça onde são dados conselhos reais sobre a felicidade de um casal ou existe alguma ironia no que é dito?
TG: Tem um ou outro conselho bom, mas em geral são conselhos sem sentido.
Vocês dão vida às personagens Alda e Paulo. Quem são estas pessoas?
RLB: A Alda é uma mulher emancipada, com visão da vida e foi ela que teve a ideia de mudar o percurso profissional de ambos, tendo começado a trabalhar no método. O Paulo limita-se a ir atrás, ele também não é muito inteligente e tem a mania que é engraçado...
TG: O Paulo está melhor na vida do que a Alda.
Os dois fazem questão de defender – e muito – as vossas personagens. Isso é muito curioso...
TG: A intenção da peça é, toda ela, muito positiva. É que as pessoas estejam juntas, que falem, que dialoguem.
RLB: Até damos alguns conselhos do que fazer durante o sexo.
Como é que os dois se cruzam nesta peça?
RLB: Nós temos uma vida já muito cruzada [gargalhada]. Já lá vão muitos anos de cruzamento. Eu trabalhei com a Teresa, quer como colega em novela, quer a trabalhar para a produtora da Teresa.
TG: Eu sou fã do Rui.
RLB: E eu sou fã da Teresa. Foi o melhor patronato que já tive na vida. A Teresa tem um brio e uma noção que eu adoro, que é fazer bem, custe o que custar. Hoje em dia, as pessoas fazem o mais barato possível e está pronto. Portanto tenho este carinho e respeito por ela, daí estar aqui, que isto nem é muito o meu género. Há muito tempo que não fazia nada em teatro.
E sei que existe alguma interação com o público durante a peça...
TG: Esta sala tem essa vantagem, as pessoas sentem-se menos longínquas e aqui sentem que fazem parte do espetáculo. Isso é uma das coisas divertidas de fazer a peça no Taguspark, que também tem as dificuldades. Sendo que é um lugar novo, nunca se tinha feito teatro aqui antes do Ruy de Carvalho, e as pessoas ainda não conhecem bem o espaço. Há que divulgá-lo e isso, talvez, tenha sido a maior luta.
Vocês já haviam trabalhado juntos em televisão. Como tem sido agora esta parceria no teatro?
RLB: A Teresa tem esta prática de falar com o público... estamos a falar da melhor apresentadora do país. Ela tem esta facilidade de comunicação que eu não tenho, ainda estou a aprender a perder o medo e ela ensina-me, com muita paciência. Foi um processo difícil e tenso porque tivemos muito pouco tempo para estrear.
TG: Isso mudou toda a dinâmica da coisa, porque agora é que estamos à procura de fazer coisas novas, antes limitávamo-nos a cumprir o texto. Mas uma das grandes vantagens desta peça é que tem uma grande velocidade de diálogo e nunca nenhum de nós fica muito tempo com a palavra, é mesmo uma conversa entre os dois. E temos um PowerPoint, merchandising, livros... coisas que são importantes.
Qual a importância de ter sessões à tarde e à noite?
RLB: Para mim é uma experiência nova... É mais expectável que às 21h funcione bem, e tem corrido, às 19h nem por isso. Funciona quando há malta daqui, do Taguspark, que vem do trabalho.
TG: Se gosto deste horário? Odeio. Para mim, domingo à noite é o ‘pão nosso de cada dia’ porque eu fiz os ‘Monólogos da Vagina’ no Politeama nos domingos à noite durante anos. O público é sempre bom.
Por falar nos ‘Monólogos da Vagina’, como tem sido para a Teresa a mudança para esta peça depois de tanto tempo nesse projeto anterior?
TG: Na minha vida só fiz comédias. A novela que fiz, a ‘Vingança’, essa sim era trágica. Não me posso entregar muito a esses personagens, porque na altura já me confundia com ela. Entrava numa loja e já comprava roupa para ela. Tornei-me naquela mulher, era estranho e um perigo. A comédia é uma coisa mais leve. Ainda assim, esta peça não tem nada a ver com os ‘Monólogos’. Aqui há contracena. Se eu mudar uma palavra, o Rui usa exatamente a mesma palavra. E aqui acho que a personagem que faço é parecida comigo.
RLB: Eu não acho...
TG: Eu acho, na maneira de comunicar. Ela quer falar muito bem, quer comunicar... é uma senhora. Na verdade ela não o é, ela quer sê-lo. Digamos que ela quer ser eu, quer ser uma comunicadora. [risos].
RLB: Mas é uma cópia barata.
Com o feedback que têm recebido, já existe a vontade de prolongar o espetáculo para lá do dia 20 de abril? Até porque já há sessões esgotadas...
RLB: O que sabemos é que vamos para digressão. Vamos andar pelo país.
Sentem-se felizes com este projeto?
TG: Depois de termos estreado, sim. Não estamos tranquilos em fazê-la, mas começamos a ficar.
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