A Associação SORRIR tem como missão promover e salientar a importância de sorrir para a saúde, não pela ausência de doença, mas enquanto bem-estar físico, mental e emocional.
O movimento O MAIOR SORRISO DO MUNDO nasce em 2013 para reforçar esta mensagem e representa alegria, amor, saúde e bem-estar.
Figuras públicas e empreendedores aderiram à causa e partilharam os seus testemunhos. Conheça a história de Isabel Zambujal.
"Eu tinha uma emprega de São Tomé e Príncipe, a Otília, que por acaso engravidou na mesma altura que eu. Ela tinha as 4 filhas em São Tomé, veio trabalhar para Portugal sozinha. Uma das filhas ficou doente e ela pediu-me para lhe adiantar dinheiro para que a pudesse trazer para Portugal. Entretanto nasceu a filha cá, vieram outras duas e ficaram outras duas em São Tomé, que também queriam vir para Portugal.
Lembro-me de estar um dia a sair de casa, estava ela a suspirar e perguntei o que se passava. Ela explicou que as filhas não estavam bem porque estavam separadas das irmãs, mas os bilhetes eram muito caros. Na altura, há 15 anos, para as duas, precisava de 400 contos.
Eu trabalhava na altura numa agência de publicidade, no Restelo. Lembro-me perfeitamente de estar a fazer a viagem de carro e pensar “mas que tragédia, ela está a tomar conta da minha filha e está longe das filhas dela”. Ela chamava-se Maria Guadalupe, mas chamávamo-la de Otília porque ela não gostava do nome dela e mudou-o. Eu não sabia disso, tinha um papel dos correios assinado “Maria Guadalupe Espírito Santo” e aí perguntei: “Otília, quem é a Maria Guadalupe?”, um nome todo pomposo e ela respondeu que era ela mas que se rebaptizou porque não gostava do nome que tinha.
Na viagem de carro lembrei-me de rifar alguma coisa, então pensei rifar um dia de limpezas em casa do contemplado. Eu vendia rifas por 500$. Os meus colegas criativos criaram logo um nome, toda a gente tinha blocos de rifas. O presidente da agência na altura viu-me no bar a vender rifas e veio perguntar o que era, comprou-me logo 5.000$ em rifas. Dias depois lembrou-se que tinha havido uma filmagem de publicidade na casa de uma colega que precisava de ser limpa e perguntou-me “o que acha se a sua Otília for limpar a casa e eu compro-lhe 100 contos em rifas?”. Lá foi a Otília. Continuam os colegas a ajudar a vender rifas, até que uma amiga vende ao ex-marido que escrevia para a revista DNa. Ele achou tanta piada que publicou a história da Otília onde dizia: “se quiser ajudar a Isabel Zambujal, ligue para o número x”. Lembro-me de estar numa loja a experimentar um casaco, cheia de alfinetes e uma senhora liga-me a dizer que estava em Sines e que queria ajudar ao comprar rifas.
Assim telefonaram algumas pessoas a comprar rifas.
Chegámos aos 400 contos. Na agência estava tudo a vibrar e até fizeram um cheque gigante como aqueles que existem nos concursos. Tenho uma fotografia já com as 5 filhas todas juntas no aniversário da minha filha Maria.
Na altura fui convidada a ir contar a história a um programa de televisão, não fui porque já tínhamos conseguido o objectivo. Brincava lá na agência que com umas rifas tinha sido convidada para “prime-time”.
A ideia é uma arma muito forte de fazer o novo. E assim, com uma ideia simples, mudámos a vida da Otília (Maria Guadalupe) e proporcionámos muitos sorrisos!"
Texto: Isabel Zambujal
Edição: Mafalda Agante
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