Catarina Gouveia tem estado afastada das redes sociais "pelo melhor motivo de sempre, para se dedicar à bolha de amor de que tanto se fala no pós-parto, que é realmente única e inexplicável".

No entanto, esta quinta-feira, 2 de junho, decidiu partilhar um vídeo nas stories da sua página de Instagram onde fala abertamente desta fase, do nascimento da filha, e responde às críticas de que foi alvo depois de ter publicado uma fotografia enquanto ainda estava no hospital.

"Precisava e preciso de estar emocionalmente estável, alinhada, serena, para ser a melhor versão de mãe que esta bebé merece, que foi tão desejada e tão pedida a Deus. Se a recebo, tenho que cumprir aquilo que me proponho que é ser a melhor mãe que posso", disse.

"Decidi distanciar-me daquilo que me estava a criar alguma toxicidade e daquilo que se tornou mesmo impraticável, que foi o poder consumir a minha própria casa digital. Abrir o meu Instagram tornou-se impossível porque era - e ainda continua a ser, lamentavelmente, mas agora está mais calmo - um campo de batalha entre mulheres que se agrediam umas às outras ou que me agrediam diretamente e gratuitamente. Mesmo com agressões disfarçadas de humor", relatou.

"[...] Aquilo que venho dizer é que lamento profundamente e nunca foi minha intenção magoar uma mulher ou um homem com aquela fotografia. Nunca foi minha intenção sobrevalorizar-me ou subestimar uma mulher com a partilha da imagem", acrescentou, partilhando depois pormenores do dia do parto.

Ao falar do parto, disse que a sua experiência foi "positivamente avassaladora e que é tão digna e legítima de ser partilhada como uma experiência menos positiva, que infelizmente é aquilo que temos muito sentido, nisto da maternidade e do pós-parto".

"São repetidas experiências negativas e pouco também se fala das experiências positivas, contudo, elas existem, não são irreais. E eu vim dar a voz através de uma fotografia que não foi bem interpretada. Mas vim dar a voz a uma experiência que foi, efetivamente, muito positiva", afirmou.

Catarina Gouveia contou depois que quando chegou ao hospital já estava numa fase de trabalho de parto "muito avançada". "Foi tudo muito rápido", recordou. "Tive um parto respeitado, não instrumentado, vaginal, na posição que quis, que escolhi", acrescentou, referindo que "quando passou para o recobro, andava de pé com a bebé" e foi a atriz que "colocou a bebé no colo do pai para ele fazer pele a pele com ela".

"Claro que foi doloroso, foi um desafio, mas ao mesmo tempo dá-nos aquele empoderamento enquanto mulheres. Eu pelo menos senti isto. Meu Deus, eu fui capaz, tive força. E senti-me muito grata por tudo ter corrido da forma como planeei. Apesar de ter sempre a consciência que o processo não dependia 100% de mim. Haviam vários fatores que podiam condicionar a experiência, mas, felizmente, tive um parto exatamente como imaginei", salientou.

Na primeira noite após o nascimento da filha, conta, "não dormiu porque estava apaixonada, numa adrenalina".

"Só pensava nesta bebé que era mesmo real, verdadeira, saudável. [...] No dia seguinte recebemos os pais do Pedro [marido] e eu já só perguntava à minha médica quando é que podia ter alta, porque estava tão feliz e só queria trazer a minha bebé para casa, e estar na minha casa com o Pedro, a três, a vivermos esta experiência. Só que como o parto foi às duas da manhã, tinha de ficar outra noite. E isto para explicar que fiquei mais um dia e foi na sexta-feira que decidi tirar a fotografia para comunicar no Instagram que esta bebé tinha decidido nascer", continuou.

"Na sexta-feira, eu já nem estava na cama e levantei-me. Enquanto a minha bebé dormia e estava com o pai, fui tomar um banho, penteei-me, fiz a minha rotina diária normal. [...] A amamentar, não sabia mesmo que os lábios ficam secos e meti um batom de cieiro que tem cor. [...] Isto para vos dizer que decidi meter-me bonita, até porque no dia anterior nem tinha feito essa minha rotina", disse.

"E sim, tinha uma camisa de noite branca. Aliás, todas as camisas que levei para a maternidade ou eram brancas ou eram naqueles tons de cru, porque são as minhas cores favoritas de roupa. Hoje em dia é possível vestirmos uma camisa branca na maternidade logo depois de termos tido um bebé porque existem fraldas - que por acaso até é o que tenho agora - que são ajustáveis ao corpo e absorventes. São espetaculares e as camisas brancas não ficam sujas. E porque também não tinha mais roupa para vestir. A roupa com que entrei no hospital era a roupa com que ia sair", explicou.

"Portanto, estava com a minha camisa de noite e pedi à irmã do Pedro, que nos foi visitar, se ela podia tirar-nos uma fotografia com a máquina que uso sempre, que é uma máquina profissional e que, efetivamente, tira fotografias muito bonitas e podem induzir em erro, à ideia de que foi um fotógrafo profissional. [...] O único aspeto aqui ficcionado foi o Pedro, porque ele não queria aparecer", frisou.

"Foi assim uma fotografia que eu nunca pensei que pudesse gerar tanta polémica, tantas ofensas e tantos julgamentos", lamentou.

Uma vez que a imagem gerou tanta agitação nas redes sociais, decidiu afastar-se e "pediu às pessoas para evitarem falar no assunto". "Porque ganhou uma proporção gigante e percebi que me estava a começar a afetar. Lamento que tenha sido esta a interpretação de tantas pessoas, e ao mesmo tempo espero ser uma lufada de ar fresco para quem possa ouvir o meu relato. Comigo, graças a Deus, correu tudo bem", realçou.

"Quanto melhor preparada, eu neste caso, estou fisicamente durante toda a gravidez e mesmo antes, a probabilidade de ter um trabalho de parto mais facilitado, e ter uma recuperação pós-parto, é maior. Quando mais empoderada estiver em relação ao parto e todos os meus direitos, tudo aquilo que posso escolher e que me pode ser administrado ou não, o que posso fazer para que tudo corra melhor, é mais provável que seja um caso positivo do que negativo, apesar de não anular a probabilidade de ser negativo. Isto para dizer que também há casos felizes", frisou.

"E mesmo este pós-parto, são dias maravilhosos. Muito intensos, claro, a privação de sono é o que mais me está a custar, mas tenho uma bebé serena, muito querida, que come, que dorme. Não tenho empregadas, não tenho a ajuda da minha mãe ou da minha sogra. Foi uma escolha dos dois estarmos a viver estes dias os três sozinhos. E tem corrido muito bem. Apesar de tudo, esta semana foi muito positiva, com poucas horas de sono... Mas depois olho para a minha bebé e fico inundada de amor e de força", continuou.

"Nem sei onde vou buscar esta força. Com poucas horas de sono eu consigo levantar-me, dou-lhe de mamar logo de manhã, consigo ir tomar banho, fazer a cama, meter a roupa a lavar e a secar, dou uma caminhada, o Pedro faz o pequeno-almoço... Estamos a conseguir gerir muito bem isto e não me posso sentir inibida de partilhar este lado bom que está a ser porque a maior parte das mulheres não tem esta experiência", acrescentou.

"Acho que o conceito do Instagram é mesmo este, cada uma de nós representar a sua individualidade. Este é o Instagram da Catarina. Eu não tenho a obrigatoriedade de representar [outras mulheres] numa fotografia em que comunico o nascimento da minha filha. Só tenho que representar-me a mim e aquilo que foi para mim o momento. E não foi nada ficcionada. Não levei um cabeleireiro ou uma maquilhadora... Podia fazer isso na mesma e era digna de respeito, mas não o fiz", realçou.

Catarina Gouveia frisou ainda que "não é menos mãe" ou "fútil" só por "escolher tomar conta de si no momento em que a filha está a dormir".

A atriz prometeu ainda partilhar em breve algumas fotografias do parto, falando também do processo de amamentação, que "está a correr muito bem".

Catarina Gouveia "acredita que todos os hábitos que desenvolveu ao longo da sua vida a trouxeram para este caminho fluído e leve, e é nisto que quer continuar a acreditar acima de tudo". "Se alguém não concorda está no seu direito, só não pode desrespeitar", afirmou.

Antes de terminar, partilhou com os seguidores uma fotografia que a mãe lhe enviou e onde mostra que também se arranjou e se maquilhou para tirar a primeira fotografia com Catarina. "E o pós-parto dela deve ter sido muito mais difícil do que o meu, porque ela é mãe solteira, tomou conta de mim sozinha, e não foi por isso que se deixou de arranjar há 34 anos. E acreditem, é a melhor mãe do mundo, não foi menos mãe por isto", disse.