Desde 2019, quando lançou o primeiro tema em espanhol, que Diana Monteiro começou a definir aquele que era o seu propósito na música: conquistar a indústria latina. Um sonho que ganha agora forma com a mudança para Miami depois do contrato com uma produtora.

Dias depois aterrar nos Estados Unidos, a artista esteve à conversa com o Fama Ao Minuto para nos falar deste novo capítulo da vida profissional.

O seu último tema, ‘Amistad Sabrosa’, surgiu de forma inesperada nas redes sociais. Quer contar-nos a história por trás da canção?

Foi isso mesmo. Escrevi o tema muito rápido e pensei em fazer um 'Reels' para ver se as pessoas gostavam. Gosto de saber a opinião, é para as pessoas que eu trabalho. Nem estava a pensar lançar nada porque vinha para Miami. As pessoas pediram para lançar e isto foi um mês e meio antes de eu vir. Já tinha tudo preparado, já tinha assinado, não tinha pensado lançar um tema antes de vir para cá. Mas as pessoas já o tinham ouvido, queriam-no agora.

É um tema latino. É a essa vertente que se quer dedicar?

Já não é de agora, já estou desde 2019. É onde me sinto em casa.

Em 2019 vim parar a Miami pela primeira vez e gravei um tema cá. Foi aí que percebi que andava enganada na minha sonoridade

Quem foram as inspirações que a fizeram encontrar o seu lugar? Ou foi um caminho completamente individual?

Foi completamente individual. Demorei muito tempo a sentir qual era a minha 'vibe', andava um bocadinho perdida. Quando já estás na indústria há muito tempo e trabalhas com muitas pessoas, tens tendência para ouvir daqui e dali. Acabava sempre por fazer coisas das quais pensava ‘ainda não é isto’. Como 50% da minha família é espanhola, falo muito espanhol, ouço música latina desde pequena. Em 2019, vim parar a Miami pela primeira vez e gravei um tema cá. Foi aí que percebi que andava enganada na minha sonoridade. Começar a cantar e a escrever nessa língua [o espanhol] foi muito natural. Acho que isso me encontrou a mim, às vezes tens de te deixar levar para outro sítio.

Acaba de se mudar para os Estados Unidos depois de um contrato com uma produtora. Como surgiu o convite?

Vim cá em 2019 e gravei dois temas. Vim só gravar, não estava à espera que mexesse comigo e me fizesse ponderar toda a minha vida até ao momento. Aqui há uma comunidade de música muito diferente, não é fechado, toda a gente é bem-vinda. Começou a acontecer de forma natural conhecer pessoas que perguntavam porque não estava aqui, e eu dizia: ‘É difícil, estou muito agarrada ao meu país, já sou alguém lá, já sou conhecida, já tenho o meu público’. Achava que ainda não era o momento. Só que em 2020, quando se deu a pandemia, senti vontade de vir, foi pior ainda. Mas os contatos continuaram e continuei a fazer música à distância com os produtores de cá. Acabei por aceitar o desafio de vir para cá.

A indústria em Portugal não está preparada para aquilo que estou a fazer

No dia em que embarcou escreveu nas redes sociais que "temos de parar de tentar enfiar o quadrado no triângulo". Estas palavras revelam alguma desilusão para com a indústria portuguesa?

Estava mais a referir-me a mim do que ao país. Estava a tentar inserir-me num mercado que não era o meu. Sinto que o meu mercado não pode ser explorado estando em Portugal. Quando digo mercado, não digo os portugueses, porque tenho muita gente que ouve a minha música e, se Deus quiser, serão cada vez mais, mas a indústria em Portugal não está preparada para aquilo que estou a fazer. Não me desiludo porque não crio expectativas sobre as pessoas ou sobre os mercados, crio expectativas sobre mim. Estava sempre a tentar promover-me fora de Portugal e é difícil.

Que novidades vêm aí? Um novo álbum?

Estou a preparar um álbum, não tem data de início nem fim.

Um dos meus objetivos é quebrar o estigma de que quando queremos chegar ao mundo tem que ser a cantar em português, com os nossos costumes e tradições

A indústria norte-americana é mais ambiciosa e permite voos mais altos. O que gostava de fazer que ainda não tenha feito?

Acho que eu estar aqui diz tudo. Quero entrar no mercado da música latina, gostava muito de ser a primeira portuguesa a conseguir isso, não temos ninguém. Um dos meus objetivos é quebrar o estigma que existe muito em Portugal de que quando queremos chegar ao mundo tem que ser a cantar em português, com os nossos costumes e tradições. Dessa forma tinha de levar tantas bandeiras comigo porque tenho família em Espanha, em França, no Brasil… Só porque nasci em Portugal não posso ter mais raízes e influências? O facto de estarmos sempre a passar isso para as gerações futuras faz com as pessoas que querem chegar ao mundo achem que tem de ser só em português, não deixam as pessoas voar. Eu senti isso. Sentia que se não cantasse em português ia ser julgada. É muito castrador. Um dos meus objetivos é quebrar esse estigma.

Com que nomes gostaria de trabalhar?

Há imensas referências, mas eu tenho as minhas muito vincadas. Gosto muito do Bad Bunny, do Rauw Alejandro, Paloma Mami e da Karol G. São quatro pessoas com quem adorava colaborar um dia e não vou descansar enquanto não conseguir.

Mudou-se para os EUA sozinha?

Vim com o meu cão.

Sei que pessoa quero ao meu lado, nem que demore uma eternidade, não vou aceitar menos do que isso

Não deixou nenhum amor em Portugal?

Resolvi a minha vida muito bem nesse sentido nos últimos três anos. Sempre acreditei que as relações eram essenciais, que tinhas de ter alguém na tua vida, mas chegas a uma altura em que achas que o essencial é estares feliz contigo e com o teu caminho. Não vais permitir que ninguém que entre na tua vida seja menos do que alguém que quer o melhor para ti. Sinto que os últimos três anos da minha vida estive sozinha porque ainda não olhei para alguém, e agora estou muito mais exigente, e disse: tu és a pessoa certa para caminhar ao meu lado. A minha vida não é fácil, não quis arrastar ninguém para isto. Foquei-me em mim. Sei que pessoa quero ao meu lado, nem que demore uma eternidade, não vou aceitar menos do que isso.

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