Ano após anos, a Serra da Gardunha volta a vestir-se de branco num espectáculo natural que marca o início da Primavera e que constitui o grande cartaz turístico da região.

É na altura da Páscoa que atinge o pico de floração mas há anos em que as vagas de calor inesperadas trocam as voltas aos apaixonados pela flor da cerejeira. Em 2009, a Serra da Gardunha trajou-se a rigor mais cedo do que é habitual.

As árvores vestiram-se de branco e encheram as encostas verdejantes com as cores próprias da Primavera na região. O espectáculo é único no País. No topo da Serra da Estrela, mesmo ali ao lado, ainda se avistam tapetes de neve. No Fundão, os mantos de branco que pincelam a paisagem fazem das cerejeiras em flor a grande atracção turística.

O micro-clima da Gardunha, sobretudo a encosta Norte, reúne as condições essenciais para o desenvolvimento da cerejeira. A cereja não dispensa o frio e o gelo que o Inverno lhe proporciona e prefere os terrenos mais elevados da montanha. Por isso, a cultura tem início a cerca de 500 metros de altitude, precisamente a altura da cidade do Fundão, e termina já nos 900 metros.

Origem protegida

A produção da cereja em pomar não tem mais de 200 anos. O fruto que é hoje a marca-símbolo da Cova da Beira, que compreende entre outros concelhos o Fundão e a Covilhã, e a principal alavanca da economia da região, tinha como função inicial ornamentar os jardins privados.

É a procura crescente por parte das cidades do litoral do país, cujo clima não é propicio à cultura de cereja, que leva à produção em massa deste fruto no concelho do Fundão, explicou à Jardins Bruno Fonseca, guia intérprete da empresa municipal Fundão Turismo.

Os cerejais compreendem cerca de 700 hectares, em produção integrada, o que vale a às suculentas e apetitosas cerejas o estatuto de Origem Protegida. Actualmente, os produtores privilegiam as cerejeiras de baixo pé que permitem a colheita sem recurso a escadas.

As árvores de porte elevado obrigam a esforços humanos muito exigentes durante a colheita, que tem lugar durante três meses, mais propriamente entre Maio e meados de Julho, nas primeiras horas da manhã. Actualmente, há mais de 100 variedades diferentes, inclusive espécies estrangeiras, embora a mais comum seja a cereja de saco porque é mais resistente às variações de temperatura, mesmo depois de colhida.

Artesanato

A longevidade de uma cerejeira, no que diz respeito à rendibilidade, está próxima de meio século, por isso os produtores renovam os pomares a cada 50 anos.
Mas não é só desta fruta que subsistem as populações desta zona do interior do país.

Muitos comerciantes dedicam actividade à produção de derivados de cereja, como compotas, licores, pão, gelado, entre outras iguarias.


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O artesanato está também intimamente ligado à cultura da cereja. No topo da encosta Norte da Serra da Gardunha cresce uma floresta espontânea de Castanheiros Bravos, que dá pelo nome Castinçal, cuja madeira é utilizada para o fabrico das escadas que auxiliam a colheita da cereja e dos cestos que as protegem.

Na aldeia de Alcongosta, localizada no coração da Gardunha, ainda é possível visitar oficinas de artesanato e ver in loco como se fabricam estes cestos únicos, que entretanto foram substituídos por caixas mais modernas e resistentes.
O fabrico desta cestaria é peculiar.

A madeira é cortada a cada quatro anos e enterrada durante seis meses. Depois de colhida, a madeira é queimada num refogador. Logo de seguida, é descascada e cortada em lâminas para a elaboração dos cestos e a partir daqui bastam as mãos habilidosas dos artesãos, cuja arte permite manter viva
esta tradição secular.


Reservas para
a Rota da Cereja

Fundão Turismo
Telefones: 275 779 040/ 961 445 856
Fax: 275 776 505
Internet: www.fundaoturismo.pt

Serra Aventura
Quinta São Pedro – Arraiais - Fundão
Telefone/Fax: 275 772 101
Internet: serra-aventura.pt


Texto: Rita Gonçalves
Foto: Luís Melo