Viajar na Europa não é muito diferente, em termos de riscos para a saúde, de viajar em Portugal. Os principais cuidados a ter relacionam-se com os traumatismos, resultantes de atividades quotidianas e lazer e situações graves, como acidentes de viação, nos casos em que as deslocações são feitas por este meio. O seguro automóvel é obrigatório, mas considere reavaliar as coberturas para os diferentes países, passageiros e ocupantes. Considere também um seguro de saúde em viagem.

O acesso a cuidados de saúde pelos utentes do Serviço Nacional de Saúde durante uma estadia temporária em países europeus (da União Europeia e outros) é garantido através de acordos. Deverá requerer, antes de se ausentar, o Cartão Europeu de Seguro de Doença ao centro regional de Segurança Social da sua área ou ao subsistema de saúde em que estiver inscrito. Veja a lista dos países e a forma de obter o cartão online.

Patologias

Os riscos de doenças transmitidas por águas e alimentos contaminados, na Europa, aumentam em função de vários fatores:

- Áreas rurais (mais risco) e urbanas (menos risco)
- Qualidade do saneamento básico em países mais pobres (mais risco) e em países mais ricos (menos risco)
- Qualidade dos serviços de saúde (quanto mais elevada menos risco)

Assim, nas áreas rurais dos países com menor qualidade do saneamento básico e dos serviços de saúde, deve ter mais cuidado. Não consumir água canalizada, gelo, alimentos crus ou mal cozinhados. Estas limitações só se aplicam em algumas zonas da Europa, sendo geralmente seguro comer e beber nos países que vai visitar. Em caso de dúvida sobre a qualidade de uma bebida ou alimento, não o ingira.

Existem poucas doenças transmitidas por insetos, com evolução potencialmente grave, endémicas em países europeus. A principal excepção é a encefalite europeia da carraça, doença viral mais prevalente na Europa Central e de Leste durante o verão. As carraças encontram-se nas folhas das plantas ou relva, infetando quem contacta com essa vegetação. Atividades de ar livre, como o campismo, podem favorecer o contacto entre o homem e a carraça infetada.

Existe uma vacina contra a encefalite europeia da carraça, que deve ser feita com algum tempo de antecedência em relação à data da viagem. Não existe, no entanto, indicação para todos os viajantes para estas zonas da Europa fazerem a vacina. A avaliação do risco da doença e da necessidade da vacinação deve ser feita por um médico especialista em medicina do viajante.

Farmácia de viagem

Inclua medicamentos que são tomados por rotina pelos viajantes e alguns para auto-tratamento, se necessário. A lista pode incluir, entre outros, antipiréticos, anti-inflamatórios (tópicos e orais), anti-histamínicos (oftálmicos e orais) e antibióticos. Esta farmácia deverá ser elaborada pelo pediatra e pelo médico de família segundo os dados clínicos de cada viajante. É também recomendável um kit de primeiros socorros.

Texto: Jorge Atouguia (especialista em medicina do viajante)