Milão é hoje uma cidade renascida. E, em 2015, há mais um motivo de peso para visitar Milão. A cidade italiana recebe a Exposição Universal pela segunda vez (a primeira foi em 1906), de 1 de maio a 31 de outubro. Sob o tema «Nutrir o Planeta, Energia para a Vida», 145 países (Portugal é uma das ausências mais notadas) e várias organizações serão as protagonistas do maior debate sobre um tema na ordem do dia. Como alimentar de forma saudável e segura a população do nosso planeta, sem o prejudicar. O objetivo será ultrapassar uma das grandes contradições do momento. Por um lado, 870.000 pessoas morrem à fome. Por outro, 2,8 milhões de mortes estão associadas à obesidade e ao excesso de peso. E, enquanto isso, cerca de 1,3 milhares de milhões de toneladas de comida são desperdiçadas.
A Expo 2015 está dividida em cinco grandes áreas temáticas. O ideal será começar pelo Padiglione Zero, onde ficará a conhecer a história do Homem através do seu relacionamento com a alimentação. De seguida, conheça o Parco della Biodiversitá, um grande jardim onde é reproduzida toda a variedade de ecossistemas que se encontram na Terra e o Future Food District, que mostra como a tecnologia vai mudar a forma de conservar, distribuir, comprar e consumir os alimentos. Os mais pequenos não foram esquecidos e no Children Park vão aprender mais sobre a temática do evento de uma forma muito divertida.
A quinta área é fora do recinto e está instalada na Triennale di Milano, um dos melhores museus da cidade, através da exposição Arts & Foods, que revela como a relação entre a alimentação e a arte evoluiu ao longo dos séculos. No meio de tudo isto, há, como não poderia deixar de ser, espaço para provar os melhores pratos do mundo, descobrir as tradições gastronómicas e agrícolas mundiais, assistir a show cookings de vários chefs, fazer compras num mercado com alimentos vindos dos cinco continentes, ir a vários espetáculos e conviver com o Foody, a mascote da Expo 2015, que representa a diversidade alimentar, sendo composta por onze alimentos distintos que celebram a sinergia criada por todos os países presentes.
Canais milaneses beneficiam com a exposição
Uma das zonas que mais beneficiou com as obras associadas à Expo 2015 foi o bairro de Navigli, que fica, muitas vezes, fora dos roteiros de muitos turistas. E se antes já valia a visita, por ser a zona boémia da cidade, agora está de cara lavada e não perdeu a autenticidade. Os canais são ladeados por várias galerias de artistas, lojas de artesãos e bares. É nestes últimos que se degustam dos melhores aperitivi da cidade, servidos das 18h às 21h, tradição que os milaneses respeitam religiosamente.
O conceito é simples. Compra a bebida e pode petiscar nos buffets preparados para o efeito. Tem muito por onde escolher, mas aponte os nomes El Brellin e Bond. Na zona da Darsena, que marca o fim dos canais, está o antigo porto da cidade, onde chegavam as mercadorias, remontando à época medieval. Esta área foi agora restituída à cidade, com zonas verdes e de lazer.
A beleza singular do Duomo
Quando nos aproximamos da catedral da cidade, o famoso Duomo, o que primeiro salta à vista é a fachada de mármore branco e rosa que se ilumina com o sol e as agulhas que decoram o topo do edifício. De estilo gótico é uma obra arquitetónica notável, mas não se fique apenas pelo exterior. Quem sabe se a sua entrada não coincidirá com um concerto de órgão, que acontece com regularidade na igreja. Depois, suba ao telhado e espere pelo pôr do sol, enquanto observa toda a cidade. Um conselho, suba os 165 degraus a pé, pois assim evitará as longas filas à porta do elevador e pagará menos cerca de 6 €.
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Teatro alla Scala
É verdade que a maioria das pessoas fica defraudada com o tamanho do edifício construído no século XVIII, que parece mais grandioso nas fotos. Mas o seu interior é deslumbrante, num cenário vermelho e dourado. Caso não vá ver nenhuma ópera, mas gostava de espreitar a grandiosa sala de espetáculos, a visita ao museu do Teatro alla Scala possibilita-lhe isso, a menos que estejam a decorrer ensaios. Outro ponto de interesse é o Laboratorio Ansaldo, que só está aberto à terça e à quinta-feir, onde pode observar os magníficos cenários e o guarda-roupa já usados nos vários espetáculos que subiram ao palco.
Às compras
A história conta que a moda italiana nasceu em Florença, mas em meados do século passado Milão tornou-se a capital da moda transalpina. Foi nesta cidade que apareceram marcas como Versace, Armani, Prada, Dolce&Gabanna, entre outros. O Quadrilatero d’Oro é o bairro de compras mais famoso do mundo e, nele, encontram-se todas as grandes griffes italianas e mundiais. Os empregados das lojas parecem ter saído diretamente do book de uma agência de modelos e os clientes primam pela elegância. Mesmo que a sua carteira não lhe permita aventuras do género, faça como nós e, pelo menos, observe este cenário digno de um filme.
Mas há dois locais onde tem de entrar. A Pastecceria Cova para comer uma mousse de frutos do bosque e a Brioni, uma alfaiataria onde fazem os fatos da personagem de James Bond. O Corso Vittorio Emmanuelle II é outra zona de compras e de vários artistas de rua, que proporcionam espetáculos e concertos dignos de nota. Nas famosas Galerias Vittorio Emmanuelle, encontra algumas das lojas mais antigas da cidade, como a elegante Piumelli, uma loja de luvas de todos os tamanhos. Já agora, não saia das galerias sem afastar a sfortuna (má sorte). Para isso, basta pisar com o salto os testículos do touro desenhado num dos mosaicos do chão das galerias e rodar sobre si própria três vezes.
Brera
Conhecido pelas suas galerias, lojas de vanguarda, restaurantes e bares, este bairro, que outrora foi a zona dos artesãos, parece uma pequena aldeia no centro de Milão. A rua mais animada de Brera é a via Madonnina, mas percorra todas. Faça uma pausa na pastelaria Princi para comer um cornetto, os famosos croissants italianos, com chocolate de avelãs. Entre ainda na loja ASAP, iniciais de As Susteainnable As Possibile, com peças exclusivamente feitas em Itália, algumas com desperdícios das grandes casas da moda. A Cavalli e Nastri é uma boa aposta para quem gosta de roupa vintage.
A Latteria di San Marco e o bar gastronómico Chiu são duas boas escolhas para jantar. O primeiro é conhecido pelas polpettine al limone (almôndegas com limão), o segundo tem a melhor mozzarella di buffala e burrata de Milão. Depois do jantar, opte por ir ver um espetáculo ao Piccolo Teatro Strehler , beber um copo de vinho no Moscatelli ou por um cocktail no elegante terraço do Bulgari Hotel.
Parco Sempione
É um dos maiores espaços verdes da cidade e o preferido dos milaneses. É um jardim romântico repleto de pontos de interesse, como a Arena Civica, mandada construir por Napoleão, o Arco dela Pace, o Acquario Civico, a Ponte delle Sirenette, e um dos melhores museus da cidade, a Triennalle di Milano, que, tal como lhe dissemos no início deste artigo, tem uma exposição integrada na Expo 2015. Este parque foi a reserva de caça do duque de Sforza, que vivia no Castelo Sforzesco, que hoje alberga os museus civicos.
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O quadro imperdível
A pintura icónica de Leonardo da Vinci «A Última Ceia», conhecida por representar o momento em que Jesus Cristo anuncia a traição está exposta no refeitório adjacente à Basílica de Santa Maria delle Grazie. Mas, para a ver, terá de marcar com antecedência, preferencialmente através do site Vivaticket.it. A basílica, decretada património da Humanidade pela UNESCO, guarda também o «Codex Atlanticus», a mais vasta coleção do mundo de desenhos de Leonardo da Vinci.
Os museus que deve incluir no seu roteiro
Milão tem museus imperdíveis e para todos os gostos, com destaque para a pintura ao longo dos séculos e o design, dois pontos fortes de artistas italianos. Estes são os que deve incluir no seu roteiro:
- Museo Del Novecento
Virado para a Piazza Del Duomo, este museu é dedicado à arte italiana do século XX, com obras de Boccioni, Campigli e Pellizza da Volped, com especial atenção para a arte milanesa. Foi este último que pintou «Il Quarto Stato», pintura que retrata trabalhadores em greve e é uma verdadeira obra-prima.
- Pinacoteca di Brera
As obras de Titiziano, Tintoretto, Rembrandt e Goya, são os principais chamarizes deste magnífico museu, ideal para quem gosta de pintura. Para ver com calma e apreciar todos os pormenores dos quadros. Pode visitar o laboratório de restauro para observar os trabalhos.
- Pallazzo Reale
Um centro cultural com exposições interessantes e variadas, que já acolheu «Leonardo da Vinci 1452-1519», a maior exposição sobre o mestre e génio do Renascimento. Visite a Salla dei Cariatidi, destruída durante os bombardeamentos da II Guerra Mundial e nunca reconstruída.
Os favoritos da Saber Viver
Milão não foge à regra de qualquer cidade italiana e tem uma oferta de gelados deliciosos. Portanto, se gosta deste doce, tem de os ir provar à Gelataria Marghera, que também tem biscoitos com gelados. Não deixe ainda de dar um salto à Shockolat, que oferece diversas variações de chocolate. Aconselhamos o chocolate com pimenta, que é fabuloso. Também gostámos muito da Grom, onde se pode deliciar com com um caramel al sale. Verdadeiramente delicioso!
Lago di Como
Ir a Milão e não ir ao Lago di Como é como ir a Roma e não ver o Papa. O melhor será guardar, pelo menos, dois dias para visitar o famoso lago situado a norte de Milão, a apenas uma hora de comboio da cidade. Com o formato de um ípsilon e rodeado de verde salpicado pelas coloridas ville (casas) viradas para a água, o terceiro maior lago italiano é um local fascinante com uma atmosfera, simultaneamente, misteriosa e romântica. A cidade de Como é o melhor ponto de partida para partir à descoberta destas calmas águas que recortam a paisagem que tem os Alpes como pano de fundo. Há vários barcos a percorrer o lago, mas, idealmente, escolha o percurso que passa por Bellagio, apelidada de pérola do lago.
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A melhor altura para visitar o Lago di Como
O ideal é partir de manhã e regressar ao fim do dia. Aconselhamos a viagem lenta (que dura cerca de 2h30), pois o barco vai parando nos pequenos portos de todas as vilas, dando a oportunidade de observar sem pressas a magnífica paisagem sem sequer sair. Chegado a Bellagio, perca-se pelas ruas estreias, suba e desça as escadas que fazem a ligação entre as zonas baixas e altas da vila, vá entrando nas lojas para ver o artesanato local, como é o caso da I Vetro di Bellagio, onde é Natal todo o ano.
Um conselho, não se fique pelo centro, pois tem tempo suficiente para fazer uma caminhada e descobrir diversos recantos vazios e o porto desportivo. Visite, também, os bem cuidados jardins da Villa Serbelloni e da Villa Melzi, que na primavera têm a sua melhor paisagem devido às flores. De regresso a Como, descubra a cidade e suba a Brunate, uma pequena aldeia à distância de uma viagem de sete minutos de funicular. Lá em cima, uma caminhada de cerca de 45 minutos separa-o do Faro Voltiano, onde, acredite, terá a melhor vista para o Lago e para a cidade de Como.
Como ir
A EasyJet voa diariamente para Milão a partir de Lisboa. Preços a partir de 81,88€. Do aeroporto de Malpensa para o centro da cidade pode ir de comboio ou de autocarro. O preço de um e de outro ronda os 10 €.
Onde ficar
O Hotel Meliá Milano, situado perto do recinto da Expo, ocupa uma antiga fábrica de doces, aberto desde 2011, é uma excelente opção. Foi renovado recentemente e uma das suas novidades é o Diabolik Comic Experience Room, um quarto para estimular os cinco sentidos. Preços a partir de 275 €, sem pequeno-almoço incluído.
Texto: Rita Caetano
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