Em tempos idos, os areais imaculados, a contrastar com o azul do céu e com as águas transparentes do mar, convidavam ao lazer e à fruição mas, este ano, a visão que os poucos que pisam as praias da província de Múrcia, no sul de Espanha, têm está longe de ser idílica, como a que figura nos postais que as lojas de recordações vendem. O novo coronavírus afastou os banhistas e a proliferação de algas na albufeira de água salgada que está na origem do mar Menor, outrora irresistível, também não convida a banhos.
Ao contrário do que sucede com outras praias do sul do país, que se tornaram virais pelo amontoado de gente, as desta região estão às moscas. "A má situação que afeta, desde há anos, a lagoa salgada, que este ano se agravou devido às chuvas torrenciais do passado outono, afastou os turistas e os proprietários que lá têm segundas residências", noticia o El País. "Para nossa desgraça, aqui não nos queixamos de excesso de lotação", lamentou ao jornal espanhol Ana Pineda, que elegeu a zona para as suas férias há quase 50 anos.
"Não é só a praia. As povoações estão desertas. Nem os que têm aqui casa vêm para cá", lamenta. Nos arredores de Los Urrutias, o local pelo qual se enamorou, os nitratos provenientes dos campos agrícolas circundantes tem vindo a afetar a qualidade da água e a deixar a areia enlameada. As algas em decomposição que se acumulam no areal também não ajudam, uma vez que o mau cheiro também afasta os turistas. "Quando tentas entrar na água, os pés afundam-se na lama. Pode até ser perigoso", adverte. "Este ano, é muito difícil tomar aqui banho", confirma Nani Vergara, a presidente da associação de moradores de Los Nietos.
"Na praia, só se veem os que moram aqui", desabafa. Turistas nem vê-los. Mas a culpa não é só do novo coronavírus. A notícia do aparecimento de centenas de peixes mortos em praias como a de Villananitos, em San Pedro del Pinatar, devido a anoxia, também afastou os visitantes. O proprietário de um empreendimento hoteleiro, que pediu ao jornal El País para manter o anonimato, revela que, há um ano, por esta altura, tinha uma taxa de ocupação próxima dos 100%. Neste momento, não ultrapassa os 30%.
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