Na arte de conceber uma composição vegetal, temos o privilégio de, na nossa atividade, ao trabalharmos com material vivo, conseguir conciliar a intervenção do homem, em termos de seleção de vegetação e da sua respetiva manutenção, com a magia da natureza, que imprime uma variação ao longo dos anos, das estações do ano e da própria luz diária. Apesar de, numa composição florística todos os aspetos como o porte, a forma, a textura e a cor serem indissociáveis, vamos abordar apenas a cor da folhagem.
A maioria das plantas tem, na realidade, um período de floração muito curto. O seu contributo para o espaço exterior onde se desenvolvem, com a cor da sua folhagem e da sua frutificação, que vai desde os vários tons de verde aos diferentes amarelos, passando pelos vermelhos, pelos ocres e pelos castanhos, assim como a sua frutificação, também são muito relevantes. Para além da cor da folhagem, devemos considerar, ainda, o seu regime, que pode, à partida, ser persistente, caduco ou semi-persistente.
As espécies de folha persistente asseguram uma imagem constante ao longo de todo o ano, podendo ser preferidas para estabelecer uma estrutura verde principal numa composição. Por seu lado, as espécies de folha caduca, ao apresentarem diversas aparências cromáticas ao longo do ano, atribuem dinâmica a um espaço através das suas modificações, em termos de transparência, forma, textura e cor. Sugerimos aqui sete arbustos que no outono se destacam pela cor de folhagem e/ou frutificação.
1. Berberis thumbergii DC. var atropurpurea
Este arbusto de folha caduca, que pode atingir uma altura de dois a três metros, caracteriza-se pela sua forma densa e arredondada e pela presença de espinhos simples. Apresenta folhas obovadas, inteiras, com cerca de três centímetros, que se caracterizam pela sua cor vermelha.
Esta variedade botânica exibe flores de cor amarela na primavera. Dá-se bem ao sol ou meia sombra. Da família das Berberidaceae, tem origem no cultivo do Berberis thumbergii DC, com origem no Japão. A distância de plantação mínima deve ser de 0,80 metros a um metro. Nunca mais.
2. Nandina domestica Thumb. (nandina)
Este arbusto de folha perene, que pode atingir um metro de altura, caracteriza-se por folhas alternas, de cor verde escuro, que adquirem um tom avermelhado em jovens e no inverno. Apresenta flores estreladas, com um centímetro de diâmetro, dispostas em panículas cónicas terminais densas e de cor branca no verão. O seu fruto é uma baga esférica vermelha. Da família das Berberidaceae, é originário da Índia, da China e do Japão. A distância de plantação mínima ronda os 0,6 a 0,8 metros.
3. Parthenocissus quinquefolia (l.) Planch. (vinha-virgem)
Trepadeira de folha caduca, de estrutura vigorosa que apresenta gavinhas com disco adesivo. As suas folhas são alternas, digitadas, geralmente com cinco folíolos e de cor verde mas no outono, antes da queda da folha, caracterizam-se pelo seu tom vermelho. Da família das Vitaceae, tem origem nos Estados Unidos da América e no México. A distância de plantação mínima situa-se entre os 0,5 metros e um metro.
4. Viburnum opulus l. (noveleiro)
Arbusto que pode atingir uma altura de dois a três metros, com folha caduca, caracterizada por apresentar três lóbulos irregulares e de cor verde que se torna vermelha no outono. Apresenta flores brancas na primavera e é muito utilizado pela intensidade da sua floração. Da família das Caprifoliaceae, é proveniente de África, da Europa e também da Ásia, onde é muito comum. A distância de plantação mínima recomendada ronda os 0,5 metros.
5. Arbutus unedo l. (medronheiro)
Arbusto de folha caduca, que pode atingir uma altura de três a oito metros. Apresenta uma copa larga, ritidoma fendilhado, folhas alternas e flores brancas. O seu fruto é uma baga vermelha comestível, o medronho. No outono, este arbusto destaca-se por apresentar em simultâneo a sua floração branca com os seus frutos vermelhos. Da família das Ericaceae, é comum em Portugal. É originário da Europa, da Irlanda e da Ásia Menor. A distância de plantação mínima situa-se entre um a dois metros.
6. Cotoneaster sp.
Existem muitas espécies diferentes deste género Cotoneaster da família Rosaceae, com raízes na China. Geralmente são arbustos de folha persistente que podem atingir diversas alturas de acordo com a espécie. Destacam-se espécies de folha persistente que apresentam uma frutificação exuberante no outono, como é o caso do Cotoneaster dammeri C. K. schneid, com uma altura até dois metros, que se destaca pela flor branca e pelo fruto de cor vermelha.
Outro é o Cotoneaster integrifolius (roxb.) G. Klotz , com uma altura entre um a três metros, flor branca que floresce entre abril e junho e fruto rosa avermelhado. Como espécie de folha caduca destaca-se o Cotoneaster horizontalis decne, que pode atingir uma altura entre 0,7 a 1,5 metros. Esta variedade apresenta uma flor branca ou rosa e uma folha verde escura que se apresenta vermelha no outono e frutos vermelhos claros. A distância de plantação mínima depende da espécie.
7. Pyracantha coccinea (l.) M. J. Roem. (piracanta)
Este arbusto de folha persistente, que pode atingir uma altura de três a cinco metros, é um arbusto denso e espinhoso, com folhas alternas e flores brancas. Caracteriza-se pela abundância dos seus frutos entre o cor de laranja e o avermelhado no outono. Prefere sol e meia sombra. É um arbusto muito utilizado para sebes. Da família das Rosaceae, prolifera da Europa até ao Cáucaso. A distância de plantação mínima é de um a dois metros.
Texto: Nuno LeCoq (professor do Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa) e Ana Luísa Soares (professora do Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa)
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