A casa de cada um de nós pode e deve ser muito mais que o mero local onde dormimos, comemos, tomamos banho e guardamos os nossos pertences. A nossa casa é o nosso refúgio, o nosso porto seguro. Deve, por isso, representar a nossa personalidade e ser, para além disso, um local que nos complete e que nos faça sentir bem em todos os momentos. Afinal, fazemos diariamente parte deste cenário, que acaba por influenciar a curto, a médio e a longo prazo as sensações que acabam por marcar o nosso quotidiano.
"No entanto, nem todos conseguem proporcionar estas sensações no plano físico e acabam por optar por alterações e/ou transformações que rapidamente se tornam monótonas ou pesadas ou que acabam por cansar rapidamente", adverte o decorador de interiores Sérgio Gonçalves, fundador da Staging Interior Design. Descubra, de seguida, 10 dicas que vão tornar a sua casa mais confortável, sofisticada e acolhedora. Pequenos gestos que fazem a diferença e que não implicam forçosamente grandes gastos.
1. Paredes
As cores das paredes interiores de uma casa podem transformar por completo o cenário de cada divisão. "Independentemente das cores que se anunciem como tendência, deve optar preferencialmente pela escolha de uma cor neutra", recomenda Sérgio Gonçalves. "Os cinzentos mais claros ou mais escuros serão sempre uma opção sofisticada que ligará adequadamente com elementos decorativos modernos de linhas direitas e realçará cromados e dourados de uma forma elegante", garante o decorador de interiores.
"O branco é intemporal e, apesar de ser a ausência de cor, pode também ser uma opção camaleónica e enquadrar-se em diversos estilos decorativos. Os contrastes de branco pintado em portas e rodapés com uma cor mais forte, como o cinzento, o azul petróleo e o creme escuro, serão sempre resultados bem conseguidos", refere. "Cores fortes e quentes serão sempre um risco que rapidamente causará cansaço visual, tornando o espaço pesado", adverte o fundador da Staging Interior Design. "Consoante o tamanho da divisão, poder-se-à sempre optar por destacar uma parede", diz.
O espaço ocupado pela cabeceira de cama, a parede paralela ao sofá da sala, a zona de refeições na cozinha ou a zona da bancada de trabalho que mais utiliza no escritório são alguns dos espaços que pode valorizar com recurso a soluções decorativas que podem fazer toda a diferença. "Pode fazê-lo com um papel de parede de qualidade ou com outro material de destaque, desde que esse elemento se enquadre nos tons pretendidos ou que, por outro lado, proporcione um contraste ideal", sublinha, contudo, Sérgio Gonçalves.
Existe ainda outra preocupação que deve ter. "Ao usar cores nas paredes em divisões de altura standard na construção, os tetos deverão ser sempre brancos, de forma que pareçam mais altos, tornando também o espaço mais iluminado", recomenda o decorador de interiores. "A exceção à regra acontece em corredores que sejam muito estreitos e com teto muito alto. Nesse caso, as paredes com cor e com teto em branco, visualmente, parecerão ainda mais estreitos", avisa o criador da Staging Interior Design.
2. Têxteis
Apostar nos têxteis é, na opinião do especialista, "sempre uma excelente decisão". "Mobilam o conforto, a tranquilidade e a sensação de refúgio", justifica. "As cortinas devem apresentar transparências que permitam a passagem de luz natural, caso se queiram manter fechadas. O mesmo sucede em relação a espaços pouco iluminados pelo sol, podendo sempre ser sobrepostas com outras mais opacas, de textura diferente, enquadradas nas tonalidades pretendidas", aconselha o decorador de interiores.
"As cortinas lisas, sem padrão, serão sempre uma opção mais acertada, tornando o espaço mais leve, sofisticado e menos cansativo", refere. "Nas almofadas, podemos fazer o oposto. Consoante a paleta cromática do espaço, podem ser conjugados padrões, cores e texturas. A visualização das almofadas, desde que corretamente selecionadas, pode fazer milagres nas sensações que as divisões transmitem", garante. "As carpetes são ideais em divisões grandes, pelo conforto e pelo delimitar de espaços que permitem", diz.
3. Sofás e cadeirões
Sofás e/ou poltronas ou cadeirões fazem parte integrante da zona social de qualquer sala de estar. "O sofá deverá ser, sempre que possível, escolhido com a maior qualidade têxtil que o orçamento o permita e, se conjugado com outro tipo de assento, como cadeirões ou banquetas, será sempre preferível optar por um sofá de linhas simples, retas, de modo a não sobrecarregar visualmente o espaço e possibilitando também, assim, dessa forma, o enquadramento dessa mesma peça em futuras mudanças de estilo desse espaço", sugere.
"Já com as poltronas pode-se arriscar mais, pois, quando adicionadas a um espaço com sofá, estas podem mostrar mais personalidade, se assim o for pretendido", sublinha Sérgio Gonçalves. "Estes elementos devem, consoante o espaço da zona social, formar um U ou um L, estando presente, paralelamente a estes elementos, uma mesa de apoio, preferencialmente baixa, para não cortar a visibilidade", esclarece o decorador de interiores. As cores e os padrões devem estar em harmonia com o resto da divisão.
4. Plantas
A presença de plantas num espaço traz-lhe, por norma, vida e personalidade, pelo que estas devem ser parte integrante da decoração. "Um bom vaso com uma planta de porte maior numa sala de boa dimensão ou um vaso decorativo com uma orquídea branca, que harmoniza, traz leveza e dá requinte a qualquer espaço, são opções a considerar. A presença de flores colhidas numa jarra numa bancada de cozinha ou num aparador é outro elemento natural que cairá sempre bem e trará mais vida à casa", assegura.
5. Simetrias
A matemática, ainda que nem sempre tenhamos essa noção, está presente em tudo o que nos rege. Como ciência exata, reflete a perfeição e a precisão. "A disposição de simetrias em espaços proporciona essa mesma noção de perfeição, de cuidado e de espaço organizado, pensado. Podemos aplicá-las quer através de objetos dispersos em estantes, móveis, prateleiras e mesas de cabeceira como em móveis, espaços de maior dimensão, cadeirões e até carpetes", afirma mesmo o decorador de interiores Sérgio Gonçalves.
6. Casas de banho
Continuam a ser uma das divisões da casa mais menosprezadas. "A ideia de que este tipo de espaços são apenas para os objetos de cuidados de higiene e de que não necessitam objetos decorativos é errada", critica o fundador da Staging Interior Design. "Quantos de nós, quando entramos numa casa de banho de um hotel, de um restaurante, de um bar ou de outro tipo de serviço, nos apercebemos como retiramos prazer visual e sensorial nestes espaços pelo simples facto de estarem decorados?", questiona o decorador.
"As casas de banho podem também ter objetos decorativos, expostos, por exemplo, em prateleiras ou vitrinas, bem como quadros ou telas, que podem até ser conjugados com as cores presentes nos têxteis dessa divisão. A presença de uma planta ou, novamente, de um vaso com uma orquídea, que se dão muito bem com a humidade e o calor resultantes do vapor de água nesta divisão, podem também fazer parte integrante da decoração destes espaços, tornado a casa de banho numa divisão prazerosa", defende o especialista.
7. Cozinhas
Tal como nas casas de banho, também a decoração das cozinhas pode ser cuidada. "Deve deixar de ser vista como a habitual divisão com azulejos onde colocamos loiças e eletrodomésticos", avisa Sérgio Gonçalves. "Hoje em dia, facilmente conseguimos locais que nos apresentam inúmeros materiais e designs para reformar ou para construir cozinhas. No entanto, os objetos neles existentes podem também ser pensados com pormenor. Não sobrecarregue as bancadas com eletrodomésticos", pede o decorador.
"Guarde-os nos armários após cada utilização. Como exceção, coloque apenas a máquina de café, a cafeteira elétrica, a torradeira e o micro-ondas, caso não esteja embutido no móvel", aconselha. "Aposte no design desses mesmos objetos", refere ainda. "Uma cozinha pode ter quadros, desde sejam resistentes a vapores. Pode ter alguns elementos decorativos nas bancadas, nomeadamente jarrões, estatuetas e vasos com flores. Pode haver uma prateleira ou até mesmo várias na parede da cozinha, fora da zona de armários, destinada a objetos meramente decorativos. que podem ou não estar enquadrados com a temática da cozinha", aconselha.
"Deste modo, a cozinha poderá apresentar um aspeto mais cuidado, mais trabalhado e fazer-nos, até, sentir como se estivessemos num restaurante", explica Sérgio Gonçalves. "Essa opção acaba por prolongar a decoração das restantes divisões da casa para dentro deste espaço e não vê-lo como um local à parte, onde apenas confecionamos refeições e nos alimentamos", esclarece o especialista. "Afinal, como se diz, a cozinha é a alma de cada casa", acrescenta ainda o decorador de interiores da Staging Interior Design.
8. Objetos decorativos
Refletem os gostos e a personalidade dos donos da casa e, mesmo quando adquiridos por um decorador, isso também acontece. "Sugiro que haja um maior investimento e cuidado na aquisição de algumas peças de modo a que exista, por exemplo, por cada divisão, um objeto que a marque visualmente e que se destaque. O juntar de um objeto, de uma estatueta, de um quadro ou de um jarrão de estilo oriental ou exótico numa divisão onde os restantes objetos apresentem linhas mais modernas e simples funciona", refere.
9. Iluminação e aromas
Tal como num espetáculo, a correta iluminação pode transformar por completo um espaço. "Aposte em vários pontos de luz e destaque os espaços da sua casa a partir do entardecer. Desde candeeiros de pé alto a candeeiros de mesa, passando pela iluminação de parede, estes pontos de luz podem suavizar o ambiente e evidenciar locais e objetos numa divisão, criando um ambiente calmo, acolhedor e confortável. Use lâmpadas de luz amarela e nunca de luz branca, para um maior conforto visual e sensorial", sugere.
"A iluminação com elementos naturais, como as velas, trará ainda mais sofisticação a este ambiente", garante Sérgio Gonçalves. "Escolha, preferencialmente, velas brancas ou cremes e de aromas suaves. Estas tonalidades conseguirão despertar ainda mais a parte sensorial de quem frequente essas divisões. Tal como as velas perfumadas, o uso de ambientadores de aromas refinados será sempre uma excelente opção, uma vez que personalizarão o espaço, trarão bem-estar e serão um elemento identificador da identidade da sua casa marcando quem o visite", justifica o decorador.
"Atualmente, no mercado nacional, existe uma diversa variedade de ambientadores, com aromas mais femininos ou mais masculinos. Bastará acertar no aroma com o qual se identifica mais", afirma. "Mas deve eleger um que não sobrecarregue o ambiente. Deve, preferencialmente, adquirir um que privilegie notas leves e sofisticadas", recomenda Sérgio Gonçalves. "A iluminação e os aromas poderão, assim, criar um ambiente requintado e convidativo no seu lar", defende o fundador da Staging Interior Design.
10. Espaços exteriores
Muitos continuam a investir menos neles do que deveriam. "De que adianta um interior pensado e cuidado se o exterior não refletir esse mesmo espírito?", questiona mesmo Sérgio Gonçalves. "Os espaços exteriores, sejam eles jardins, varandas ou pátios, prolongam a casa e devem ser vistos, também eles, como uma divisão a decorar para podermos retirar mais proveito. Retirar prazer dos espaços exteriores da habitação é uma cultura cada vez mais presente nas famílias portuguesas", refere o decorador.
"Para tal, há que apostar nos elementos naturais, neste caso as plantas, bem como na conjugação com assentos, almofadas, mesas de apoio e alguns objetos decorativos relativos ao espaço, que tornam estes recantos em locais de lazer muito apreciados. O uso de alguma natureza morta pode, perfeitamente, ser enquadrado com as plantas. É o caso de rochas e até mesmo de mesmo alguns galhos secos ou de sementes grandes colocadas em potes, servindo também como elemento decorativo", aconselha ainda.
Idealmente, em espaços exteriores de maior dimensão, nos jardins por exemplo, os quatro elementos da natureza devem estar representados. "Sendo que terra e ar já lá estão, podem ser adicionados elementos com água, uma pequena fonte, um pequeno lago ou até um repuxo. O fogo pode ser materializado numa lareira de exterior, num braseiro, em lanternas a petróleo ou em archotes", propõe. "A não existência de materiais de manuseamento à vista é fundamental. Se usa esses locais para guardar vassouras, baldes, esfregonas ou caixas, deixe de o fazer", solicita mesmo o decorador.
"A presença de um ou de vários armários de jardim que guardem e escondam da vista esses elementos torna-se, por isso, primordial", refere ainda. O recurso a arcas de exterior pode ser outra alternativa a considerar. "Quantos de nós não nos deparámos já com um jardim de casa ou com uma varanda de um apartamento completamente atafulhados de materiais de todo o tipo? Esses espaços, que até poderiam ter um aspeto agradável, tornam-se numa visão de desorganização e são feios à vista", considera.
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