
As pessoas que estão presas a um modo condicionado de agir e pensar (e todos nós estamos, de certa forma), não conseguem ver a vida como ela realmente é; estão, de certa forma, desligadas do mundo real. Tornam-se insensíveis a tudo o que as rodeia e perdem a capacidade de desfrutar das coisas boas que acontecem diariamente a todos nós. Ou seja, estas pessoas só conseguem ver a vida da forma como a organizaram: em categorias, compartimentada.
O que precisamos, antes de mais, é compreender que somos condicionados e que tendemos a repetir, vezes sem conta, atitudes, pensamentos, comportamentos e sentimentos, tal como acontece no vício. Somos todos viciados em pensamentos, emoções e comportamentos, e se quisermos viver a vida com mais intensidade e alegria, temos de trabalhar ativamente no sentido do descondicionamento.
Quando nos sentimos ameaçados ou quando algo foge ao nosso controlo, recorremos a um padrão já estabelecido de resposta, em vez de procurarmos saídas diferentes. Enquanto continuarmos a responder de forma condicionada, o resultado será sempre o mesmo. É necessário encontrar novas formas de agir e reagir perante o sofrimento, a desmotivação, o desânimo, o pessimismo, os relacionamentos desafiadores ou qualquer outra dificuldade que estejamos a enfrentar.
Ter agilidade emocional implica estar atento, com os olhos bem abertos, ser sensível ao contexto e reagir de acordo com a realidade tal como ela é.
É importante perguntar sempre: quem está no controlo, o pensador ou o pensamento? Até que ponto estamos a gerir a nossa vida de acordo com os nossos valores e com tudo aquilo que realmente nos importa?
Quando não vivemos de acordo com os nossos valores, com as nossas escolhas e com aquilo que desejamos para a nossa vida, caímos numa armadilha e ficamos presos nela. As armadilhas que nos prendem inconscientemente — quando damos por isso, já lá estamos. Os ganchos mais comuns são:
- Os nossos “achismos”: “Achei que ele não falou comigo por algo que fiz e, por isso, afastei-me.” “Achei que ia começar a dizer o que sempre diz sobre mim e saí da sala.” “Achei que ia parecer inadequado e ser julgado, então não dei a minha opinião.” Estes são exemplos de pensamentos baseados em suposições que acabam por nos afastar da realidade e impedem-nos de viver a vida com mais autenticidade e satisfação. Lembremo-nos de que somos nós que causamos o nosso comportamento.
- Mente de macaco: Este é um termo da meditação que descreve o nosso “falador interior”, que salta de um tema para outro como um macaco de galho em galho. Imagina que tiveste uma discussão com alguém que amas e a pessoa vai embora sem resolução. Vais ficar preso em pensamentos e diálogos internos com essa pessoa até que a reencontres. Este diálogo interno, em que antecipas o que ambos irão dizer, leva-te a imaginar os piores cenários e constrói um drama que te impede de ver que a vida continua a acontecer à tua volta. Muitas coisas boas passam despercebidas, porque estás preso ao padrão. E, assim, não dás espaço ao teu cérebro para encontrar soluções inteligentes e criativas. A mente de macaco fica obcecada por aquilo que já conhece.
- Ideias antigas e ultrapassadas: É fundamental avaliar com profundidade as ideias ultrapassadas que criámos sobre situações, muitas vezes com origem na infância. As nossas inseguranças, medos e angústias infantis estão tão enraizados que, muitas vezes, reagimos instintivamente baseados nessas respostas que desenvolvemos há muito tempo.
- Retidão equivocada: Este é o gancho que nos leva a querer estar sempre certos, a saber o que é justo ou não, a querer ter sempre a última palavra. Por exemplo: discutes com o teu companheiro, perdes o controlo, mas depois conseguem conversar e fazer as pazes. Estão bem, tudo tranquilo… mas de repente voltas ao assunto só para provar que tinhas razão. E tudo recomeça. Que tal aprender a deixar passar, a recuperar o equilíbrio mental e emocional, e a trabalhar em ti próprio com mais agilidade emocional?
Ter agilidade emocional exige consciência das tuas emoções, do teu modo de funcionar e aceitá-lo. Além disso, é preciso encontrar formas de ir além das reações cognitivas e emocionais condicionadas ou pré-programadas — os tais ganchos que nos prendem. Estar consciente permite-nos encontrar os caminhos necessários para as mudanças que tanto desejamos.
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