Lembro aqui incessantemente com muita afeição e carinho, um grande e excelso professor de teologia que guardo para sempre na memória, e que disse um dia: “amar significa aceitar”. Efectivamente, ante esta fantástica e iluminada frase pode-se chegar à conclusão que, para nos amarmos a nós mesmos, é necessário aceitar a ideia de que não somos irrepreensíveis, e que, perante todas as deficiências em nós arrogadas, temos de ter coragem e muita robustez para descobrir como melhorar ou superar todos os nossos equívocos, aprendendo, sem excepção, com eles.
Como é óbvio, todos os seres humanos têm a sua própria definição de “felicidade”. Por exemplo, a felicidade para um escritor significará editar o maior número de livros e que eles possam ser realmente “best-sellers”; para um futebolista, poderá significar ganhar a “bota de ouro”; para um médico ou investigador científico, o eventual atingir do “prémio Nobel”; para um cantor, a conquista da fama e do sucesso; para um mendigo, a felicidade apetecida significará ter um abrigo e um prato de sopa todos os dias; para um empresário, não só o sucesso das empresas de que é proprietário e administrador, mas também, avultadas somas de dinheiro para aumentar o seu poder económico, político e social. Enfim, em cada vida e em cada experiência individual, existem diversas formas de “sentir” e “entender” a felicidade, tal como bem aplicá-la de acordo com a multiplicidade dos padrões de cada homem ou mulher.
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Mas, perante as multiplicidades da existência humana no que respeita ao conceito de felicidade, sabemos todos nós que a vida “não é um mar de rosas”… Antes essa realidade, por vezes, quando parece que o mundo é demasiado pesado para mim, e isso porque sou também humano, olho à volta e vejo diversas pessoas que vivem vidas tão deslumbrantes quanto admiráveis, portanto vidas recheadas de uma aparente “felicidade genuína”, fazendo surgir no meu cérebro, qual nano-esfera vinda do nada, a pergunta: “Como será que a vida deles se tornou tão agradável? Como conseguem essas pessoas rir e brincar, mesmo possuindo uma vida assumidamente apressada e exaustiva?” E perante esta extraordinária evidência, e por que sou praticante desde há muitos anos da Meditação Vipassana, reflicto e concluo: talvez, essas pessoas agenciaram trabalhar num lugar tão pouco conhecido, designado por “Eu”! ...
Por experiência, consegue-se ter a sensação na felicidade genuína da inclusão do contentamento, que é tão importante nas relações diárias de qualquer ser humano. A felicidade genuína leva-nos ao júbilo em todas as atitudes da vida, mas, para isso, é necessário construir o sentimento da “incondicionalidade” sem constrangimento ou qualquer tipo de “obrigação”… É realmente necessário querer ser genuinamente feliz!
Definitivamente, a vida para todos nós consiste na descoberta do que está certo ou errado, no diligenciar e no errar, também no conquistar e perder. São, efectivamente, aspectos reais da vida que nos acontecem como o inspirar e expirar… Deveras, o insucesso como a triunfo são tão abundantes como indispensáveis na vida dos indivíduos, tal como o ar que se respira… Todavia, tal como se pode apreender, estes conhecidos e sentidos atributos da nossa vida não podem impedir-nos de sermos felizes!
Bem-haja!
Carlos Amaral
Veja as entrevistas com o autor no Programa SAPO Zen:
O Autor:
Carlos Amaral, Venerável Lama Khetsung Gyaltsen
Mestre em Naturopatia;Especializado em Medicina Ortomolecular; Medicina Homeopática; Medicina Homotoxicológica; Medicina Ayurvédica e Tibetana;Doutorado em Religiões Comparadas e em Metafísica;Investigador em Psicologia Transpessoal & Regressão Memorial;Professor de Budismo, Meditação Tibetana, Raja-Yoga, Kryia-Yoga e Karma-Yoga; Autor e Palestrante.
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