
Segundo o budismo tibetano, a mente é considerada a base universal da experiência, criadora da felicidade e do sofrimento.
Em tempos de mudanças de energia como o que vivemos, devemos todos estar atentos aos condicionamentos cristalizados no nosso cérebro/mente. Abrir uma brecha na mente e entrar mais profundamente em contacto com a consciência do momento presente requer uma atitude decisiva e difícil para todos nós: o desapego.
Segundo o budismo tibetano, a mente é vista como a base universal da experiência, sendo responsável tanto pela felicidade como pelo sofrimento. Nesta filosofia, a mente divide-se em vários aspetos, mas especialmente em dois: a mente ordinária, chamada sem, que na teosofia corresponderia ao corpo mental inferior, e rigpa, a consciência primordial ou corpo mental superior.
Sem é dualista, discursiva, pensante e necessita de um ponto de referência externo para funcionar. Através dela, pensamos, planeamos, manipulamos, expressamos as avalanches de emoções que nos absorvem e também os pensamentos negativos que acumulamos e continuamos a alimentar, devido à fragmentação e conceitualização das nossas experiências. É através de sem que criamos e perpetuamos a instabilidade, pois esta está constantemente presa às influências externas, aos nossos maus hábitos e aos nossos condicionamentos.
Os mestres dizem que sem é como a chama de uma vela no meio de uma corrente de vento – instável e vulnerável. A sua energia é consumida e arrastada pelos acontecimentos exteriores. É neste ambiente mental que vivemos experiências de dor, mudanças e transformações.
Já a essência mais profunda da mente é de natureza absoluta e intocável pelas mudanças e crises a que todos nós estamos sujeitos e vulneráveis. A outra qualidade da mente, rigpa, está obscurecida pela correria do dia a dia, pelos nossos pensamentos e emoções. No entanto, tal como uma rajada de vento pode dissipar as nuvens e revelar a luz do sol, algumas práticas específicas ou um lampejo de inspiração podem oferecer-nos vislumbres dessa mente superior.
É claro que esses vislumbres têm diferentes graus e profundidade, mas, por menor que seja a nossa experiência, ela sempre nos trará maior entendimento, significado e uma sensação de liberdade. Rigpa é a consciência primordial pura e, ao mesmo tempo, é inteligente, criativa, cognitiva e desperta. Ela é a própria consciência do conhecimento.
A prática diária da meditação permite, com o tempo, o controlo da mente inferior e um contacto mais efetivo com a mente superior, possibilitando assim a expansão da nossa consciência, bem como um estado de equilíbrio e bem-estar nas nossas vidas.
Qualquer técnica é bem-vinda. Procure uma que se adeque à sua personalidade e temperamento e pratique!
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