Devo ter criado tal hábito depois de ler o “Adrian Mole aos 13 anos e ¾”. Num caderninho bonito, apontava as dez decisões que me acompanhariam os atos ao longo do ano. Já não me lembro bem mas, na altura, deviam ser coisas como melhorar as notas, lavar sempre os dentes e namorar com o miúdo mais giro da escola. Com os anos perdi tal costume. No entanto, de cada vez que oiço de novo a contagem decrescente acompanhada de passas e champanhe, não consigo evitar pensar sobre as coisas que deveria mudar.
Quer queiramos quer não, e por mais que se desvalorizem as datas, a entrada de cada novo ciclo de 365 dias e seis horas traz consigo uma oportunidade de virar tudo ao contrário. A passagem de cada ano velho para um outro, novo e cheio de promessas, a par com o nosso aniversário, são as melhores ocasiões para se tomarem decisões verdadeiramente radicais. Daquelas capazes de mudar o curso das nossas vidas para melhor.
Mas desta vez, tantos anos depois de ter feito a última lista, páro um pouco para pensar e pergunto-me por que razão não diminuímos o ciclo? Por que razão não encaramos cada novo dia como uma folha em branco na qual podemos escolher que estórias ficam escritas? Mesmo que a decisão, ao acordar, seja a mesma dia após dia. Se for a correta não temos como falhar! E há uma, em particular, que é válida e poderosa, mesmo que repetida incessantemente: “Hoje vou ser feliz. Muito feliz!”
É verdade que há muitas outras, como “ Hoje vou ser melhor”; “ Hoje vou amar mais”; “Hoje vou-me surpreender”; “ Hoje vou superar-me” ou “ Hoje vou sorrir a toda a gente”. Mas, se pensarmos um pouco, a decisão de hoje ser feliz, engloba tudo o resto!
E é então que percebo o porquê de já não fazer a lista que sempre fazia quando Janeiro chegava. A idade ensinou-me que as grandes decisões de vida se tomam a cada novo dia. Agora já sei que, como dizia o poeta, “el camino se hace caminando” e que o valor e eficácia de cada decisão está diretamente relacionado com a sua constante renovação.
É por isso que termino com os sinceros votos de que aprendam a acordar todos os dias com a firme convicção de serem very, very happy!
Ana Amorim Dias
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