Li. Voltei a ler. E ainda tornei a somar de novo as letras em palavras e as palavras em frases, atenta a todo o contexto, para ver se teria compreendido bem ou se uma interpretação errónea estaria a ser por mim dada àquilo que o emissor escrevera. 

O texto defendia que as mulheres são sempre (repito: sempre) exploradas, quanto mais não seja emocionalmente, pelos homens; preconizava que a mulher é sempre (!) esvaziada de si pelo sexo oposto.

Pensei em responder, queria comentar, mas abstive-me de o fazer. Preferi ponderar bastante antes de dissertar sobre o tema. E optei por fazê-lo em sede própria: não em "casa alheia" e sim no sereno conforto do meu próprio espaço virtual.

Entristece-me profundamente que haja mulheres tão revoltadas contra os homens. Talvez tenham sofrido demais  às mãos de alguns,  mas o certo é que o sofrimento não deveria ter o poder de  toldar a lucidez lógica e cristalina do raciocínio. A maldade não escolhe géneros. O todo não pode ser julgado pela parte. E o "sempre" é demasiado absoluto para ser levianamente usado.

Sou mulher e, sim, vejo a minha energia constantemente "ao serviço" de vários homens. Bem como a tenho amiúde "à disposição" de muitas mulheres. Ser pessoa, ser humano, ser social, implica a troca energética. Inevitavelmente. De milhões de maneiras diferentes.

Bem sei que, infelizmente, há muitos tipos de hediondos crimes cometidos contra mulheres, um pouco por todo o mundo, a todo o instante. Mas também muitos há contra os homens. E a desumanidade não escolhe géneros, volto a repetir. Já vi muitos homens a adorarem e respeitarem mais a Mulher (em geral) do que muitas mulheres têm a capacidade de fazer.

"Sempre emocionalmente vampirizadas"? Não! De forma alguma! Num contexto de existências comuns e desligadas de patologias psicológicas, a mulher não vê a sua energia roubada, esvaziada ou vampirizada. Pelo contrário, dá-a de boa vontade, com amor, a outros homens e mulheres. Da mesma forma que o homem a dá, também, com amor, a outros homens e mulheres.

Ser humano é isto: dar e receber energia. E devia ser também ter a capacidade de perdoar e não ter um rancor tão imenso que se estende a um género inteiro...

Ana Amorim Dias

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