Em declarações à Lusa a propósito do Dia Mundial das Redes Sociais, que se assinala na sexta-feira, Sofia Rasgado afirmou que “em termos de indústria e forma de estar no mercado”, redes sociais como o Facebook têm “uma crescente preocupação” para dar aos utilizadores formas de apontarem conteúdos nocivos ou ilegais e de dar consequências às denúncias.
Quando um utilizador do Facebook usa a função “denunciar”, essa informação é primeiro analisada por “um meio tecnológico”, com um algoritmo específico, mas depois é encaminhada para “um técnico especializado que faz a análise dessa informação, seja vídeo texto ou imagem”.
A coordenadora afirma que é essa também uma das funções do centro que funciona a partir da Fundação para a Ciência e Tecnologia, que tem uma linha dedicada para serem denunciados conteúdos ilegais na internet, que muitas vezes caem em zonas de fronteira difíceis de definir.v“O que para mim é delicado e sensível pode não ser a mesma coisa para outra pessoa. Estamos a falar numa indústria implementada em todo o mundo. O que é sensível aqui não o é no Mali ou na Rússia”, ilustrou.
Em Portugal, o centro foca-se em pornografia com menores e conteúdos que fazem a apologia da violência, do racismo ou do sexismo.
A radicalização islâmica e o extremismo por trás de atos terroristas, fenómenos comuns em países como a Inglaterra, Bélgica ou França, “não têm expressão” em Portugal, em que as situações mais habituais do “discurso de ódio” têm a ver com homofobia ou as declarações violentas próprias da cultura “hooligan” ligada ao futebol.
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Quando há denúncias de material ilegal, nomeadamente pornografia infantil, o centro faz sempre uma primeira verificação desse material antes de o encaminhar para a Polícia Judiciária ou, caso haja uma ligação internacional, para congéneres europeias que depois o dirige para as polícias locais. Na página do centro na Internet, um formulário permite remeter o endereço eletrónico da página denunciada, de forma anónima ou não, bem como a maneira como foi encontrado.
Esse trabalho de identificar “os positivos” que são caso de polícia é feito por uma técnica do centro com formação “especializadíssima”, refere Sofia Rasgado, acrescentando que, pela natureza da função, “tem que se salvaguardar o bem-estar” da pessoa que a cumpre, nomeadamente com acompanhamento psicológico. É o que se passa, por exemplo, com denúncias ligadas ao “Baleia Azul”, um fenómeno de incitamento ao suicídio e à automutilação que marcou 2017 e se espalhou pelas redes sociais com alegadas consequências em vários países.
Sofia Rasgado afirma que é um tipo de fenómeno que já aconteceu antes e “vai continuar a acontecer”, pelo que nunca se pode baixar a guarda em relação a proteger jovens e crianças que são expostos a ele.
Para isso, contam com a indústria, com a qual mantêm “contactos privilegiados” através da rede europeia INSAFE, com a qual colabora a empresa Google. “Notamos uma evolução no interesse da indústria em estar cada vez mais próxima das entidades que, de alguma forma, tentam zelar pelo bom interesse dos utilizadores da Internet”, considerou.
O centro Internet Segura tem uma “abordagem pedagógica” e pretende dar aos utilizadores das redes sociais maneiras de se protegerem, com conselhos práticos sobre segurança na Internet, das palavras-passe
Senhas fortes, cuidado com os amigos que escolhem, proteção do seu dispositivo móvel, saírem sempre da sua conta para que não possa ser utilizada a seguir por outra pessoa num computador partilhado são alguns dos conselhos práticos. “Apelamos também muito ao pensamento crítico e à atenção ao que se lê e vê nas redes sociais e na Internet”, salientou, indicando que há uma linha aberta para todos se poderem informar melhor sobre os riscos da presença ‘online’.
Além de incentivar à proteção, o centro também tenta chamar a atenção para “a conduta ‘online’”, apelando para uma “comunicação proactiva e ética”, para que haja cada vez menos mensagens do tipo que os técnicos da Internet Segura têm que verificar, por vezes com riscos para a sua própria sanidade.
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