![Dificuldades na regulação emocional e solidão impactam uso problemático de pornografia, sublinha estudo](/assets/img/blank.png)
A investigação, realizada com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), analisou uma amostra de 339 participantes (187 homens e 152 mulheres), todos consumidores de pornografia durante os últimos seis meses, com uma idade média de 28 anos, tendo concluído que existe uma relação entre as dificuldades em gerir emoções, como por exemplo, tristeza, stresse, ansiedade, tédio, e o recurso problemático ao uso de pornografia (Problematic Pornography Use – PPU). A utilização de conteúdo pornográfico como estratégia para fazer face a emoções negativas, evidencia-se ainda mais notória nos sujeitos que apresentam níveis mais elevados de solidão.
Embora a principal motivação para o consumo seja o prazer sexual, o uso de pornografia constitui, frequentemente, uma estratégia de regulação emocional. O recurso a este conteúdo para lidar com estados emocionais negativos poderá consolidar-se no médio-longo prazo, dando lugar a um consumo problemático, de caráter aditivo. A investigação sugere que particularmente os indivíduos que sentem dificuldades em estabelecer relações sociais significativas podem recorrer à pornografia como um mecanismo de compensação emocional, facilitando a instalação de um ciclo vicioso de crescente isolamento e intensificação do uso.
O estudo analisou também o impacto do género e do estado relacional neste fenómeno, concluindo que os homens apresentam uma maior associação entre as dificuldades de regulação emocional e o uso problemático de pornografia, em comparação com as mulheres. Além disso, contrariamente ao esperado, verificou-se que o efeito mediador da solidão é mais acentuado em indivíduos que estão atualmente numa relação íntima. Estes resultados indiciam que a solidão percebida dentro de uma relação pode representar um fator de risco adicional para o desenvolvimento de padrões problemáticos de consumo de pornografia.
Os investigadores da Egas Moniz School of Health and Science e autores do estudo, Jorge Cardoso, Catarina Ramos, José Brito e Telma Almeida, destacam que“este estudo evidencia que não é apenas a regularidade e a quantidade de tempo despendido no consumo de pornografia que define a sua dimensão problemática, mas também as motivações que lhes estão associadas, designadamente a utilização da pornografia como estratégia disfuncional de gestão emocional. Os resultados obtidos sublinham a importância de estratégias de regulação emocional saudáveis e de um suporte social eficaz na prevenção do uso problemático de pornografia”.
Imagem de abertura do artigo cedida por Freepik.
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