Olena Volodymyrivna Zelenska não queria que o marido - artista, ator, comediante e Presidente da Ucrânia - entrasse no mundo da política. Mas ele, figura popular no país, não seguiu os seus conselhos e até se comenta na Rada - o parlamento ucraniano - que anunciou publicamente a sua candidatura antes mesmo de a mulher saber. Em entrevista à revista Vogue Ucrânia, Olena explicou-se e admitiu que temia que a vida da sua família ficasse demasiado exposta.
"Não fiquei feliz com os planos. Percebi como tudo iria mudar e as dificuldades que ambos iríamos enfrentar, mas disse que sempre iria apoiá-lo", afirmou em 2019, no primeiro ano do mandato de Volodymyr Zelensky.
Imediatamente após o início da invasão russa, o chefe de Estado ucraniano admitiu ser o alvo número um do Presidente russo, Vladimir Putin. Para Zelensky, a sua família - a mulher e os dois filhos - são o alvo número dois.
O líder russo lançou uma incursão militar na Ucrânia que já fez milhares de mortos - os números reais de fatalidades são desconhecidos uma vez que não é possível apurar junto de fontes confiáveis a quantidade de óbitos exata dos dois lados da contenda.
Ele é uma estrela, ela prefere o anonimato
Olena Zelenska sempre preferiu o anonimato às luzes da ribalta, mas esteve ao lado do marido em todos os momentos da campanha eleitoral presidencial e é uma primeira-dama popular.
Arquiteta de formação, mas escritora e guionista de profissão, Olena é vista como uma grande inspiração no seu país. Tem 44 anos, feitos há semanas - nasceu a 6 de fevereiro de 1978 em Kryvyi Rih - e não se distancia do homem por quem se apaixonou há 24 anos.
Os dois estudaram juntos na sua cidade natal, a 400 quilómetros de Kiev, primeiro na escola, depois na faculdade, onde se aproximaram e começaram a namorar. Ela formou-se no curso de Arquitetura na Faculdade de Engenharia Civil da Universidade Nacional de Kryvyi Rih. Ele estudou Direito.
Mas o destino de ambos depois da faculdade passou - quase sempre - pela comédia. Ele à frente das câmeras, ela nos bastidores. O casal criou a produtora Studio Kvartal 95, uma das mais proeminentes na Ucrânia. Era Olena Zelenska quem escrevia os textos quando Zelensky começou a sua carreira enquanto comediante.
Casaram em 2003 e um ano depois nasceu a primeira filha, Aleksandra, hoje com 17 anos. O mais novo, Kiril, nasceu em 2013.
Desde que é primeira-dama, Olena optou por associar-se a campanhas públicas relacionadas com os direitos das mulheres e a saúde infantil. No entanto, ganhou especial notoriedade com a invasão russa ao manifestar-se publicamente nas redes sociais.
"Hoje, não terei pânico nem lágrimas. Ficarei calma e confiante. As minhas crianças observam-me, eu estarei perto delas e perto do meu marido e convosco. Amo-vos! Amo a Ucrânia!", afirmou, na quinta-feira (24.02), um dia depois da incursão do Kremlin no país.
Olena Zelenska e os dois filhos continuam na Ucrânia, mas a localização da família é mantida em sigilo por questões de segurança.
Nas redes sociais, os apelos da primeira-dama ucraniana ao sentimento de unidade do povo ucraniano são constantes. Pediu donativos, apelou à doação de sangue e pediu aos cidadãos do seu país que ajudem o próximo conforme puderem: seja com mantimentos, habitação ou qualquer outro apoio.
"Nós somos o exército, o exército somos nós. E as crianças nascidas em abrigos antibombas viverão num país pacífico que se defendeu", escreveu.
Ofensiva militar com três frentes na Ucrânia
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades.
As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de 100 mil deslocados e pelo menos 836 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, justificou a “operação militar especial” na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.
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