A cooperação é o meio pelo qual a vida surgiu. Foi assim que progredimos em escala e complexidade, de fios flutuantes de material genético a estados-nação. Mas dado o que sabemos sobre os mecanismos evolutivos, a cooperação é também uma espécie de quebra-cabeças.

Bióloga de formação, Nichola Raihani analisa no seu livro O Instinto Social - Como a Cooperação Moldou o Mundo (edição Ideias de Ler) o surgimento do comportamento colaborativo no reino animal, o modo como se fortalece e quais os problemas que resolve. A autora revela-nos que as espécies que exibem comportamentos cooperativos mais semelhantes aos dos seres humanos – seja ensinar, ajudar, cuidar ou praticar o autossacrifício – não são, surpreendentemente, macacos, mas sim pássaros, insetos e peixes, que ocupam ramos bem mais distantes da árvore evolutiva.

Ao entender os problemas que esses animais enfrentam e como cooperam para os solucionar, podemos vislumbrar de que maneira evoluiu a cooperação humana, e também perceber as características na forma como cooperamos que tornaram os seres humanos tão distintos – e tão bem-sucedidos.

Do livro, publicamos o excerto abaixo:

Imortais

«Houve piratas que alcançaram a imortalidade mediante grandes feitos de crueldade ou temeridade. Outros conquistaram a imortalidade juntando uma fortuna imensa. Mas o capitão há muito decidira que, contas feitas, preferia alcançar a imortalidade não morrendo.»

Terry Pratchett

A vida familiar pode ser frenética, com imensas tarefas para realizar. O dia de trabalho de uma formiga obreira pode incluir defender o ninho de invasores, cuidar de uma plantação subterrânea de fungos ou salvar uma irmã das mandíbulas de um predador. Um suricata ajudante pode realizar trabalho de vigia, à espreita de predadores, tomar conta de crias recém-nascidas na toca ou até produzir leite para alimentar esses bebés. As espécies sociais costumam ser territoriais, pelo que ajudar a defender o território do grupo contra vizinhos intrometidos pode também fazer parte da vida em grupo.

Nichola Raihani
Nichola Raihani Nichola Raihani. créditos: Wikimedia Commons

Quando há muito para fazer, pode ser mais eficiente os indivíduos especializarem-se em atividades específicas. A especialização pode levar a economias de escala – é por isso que os restaurantes de comida rápida são, bom, rápidos. Não vemos os funcionários do McDonald’s a correr de um lado para o outro a tentar fazer tudo; em vez disso, as tarefas maiores são divididas em papéis especializados mais pequenos. Uma pessoa gere as coisas, outra junta o pedido, alguém frita as batatas, outro indivíduo prepara os hambúrgueres, enquanto indivíduos diferentes limpam o restaurante e varrem o chão. A divisão de tarefas é o princípio em que assentam as linhas de montagem fabris. É mais eficiente que cada pessoa se torne especialista numa pequena tarefa do que todos na fábrica tentarem fazer um pouco de tudo.

Nas espécies sociais, o trabalho tende a ser partilhado de modo semelhante entre os elementos do grupo. Em todos os grupos há ajudantes que são mais diligentes e outros que são mais preguiçosos e, em certas espécies, há obreiras que realizam diferentes tarefas nas várias fases da vida. Entre as abelhas-do-mel, os trabalhos mais seguros no interior da colmeia são feitos pelos elementos mais jovens da colónia, ao passo que a tarefa mais arriscada de forragear no exterior fica nas patas das obreiras mais velhas. Segundo a perspetiva da colónia, perder uma abelha mais velha, que já estaria perto do fim da vida, tem menos consequências do que ficar sem uma das abelhas mais novas, que poderia contribuir por mais tempo.

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Embora os papéis baseados na idade sejam bastante comuns nas sociedades cooperativas, é menos habitual encontrarmos indivíduos que se especializem num único trabalho durante toda a vida. É fácil perceber porquê se olharmos com mais atenção para as exceções à regra. É entre os insetos mais sociais (ou «eussociais») – formigas, térmitas e pulgões resultantes de partenogénese – que encontramos a maior distinção. Em algumas espécies de formigas, as obreiras transformam-se num elemento cujo único objetivo é detonar-se. Estas bombistas suicidas são um tipo de obreiras especializadas presentes na colónia da espécie apropriadamente chamada Colobopsis explodens. Quando a colónia é atacada, as detonadoras borrifam o alvo com uma substância amarela tóxica que é projetada do abdómen rasgado. O caso da térmita Nasutitermes é semelhante: a cabeça das obreiras está cheia de um líquido repugnante que pode ser borrifado contra os inimigos. Entre as formigas-pote-de-mel, as obreiras transformam-se em despensas vivas, com a parte traseira a encher-se de tal modo de mel que ficam imóveis. O massajar leve do abdómen encoraja estes recipientes vivos a segregarem o mel armazenado como alimento para as irmãs. Investigação recente mostra ainda que certos pulgões se transformam em «gesso» vivo, cuja função é explodir e selar rachas que possam surgir na parede da colónia – à semelhança das células do nosso corpo, que formam crostas para selar uma ferida.

Já vimos que podemos equiparar as colónias de formigas a organismos multicelulares. A divisão de tarefas entre as obreiras é mais uma maneira em que as formigas parecem comportar-se como as células de um corpo. São tarefas a que se dedicam durante toda a vida. Tal como uma célula do coração não pode mudar de ideias e decidir tornar-se uma célula hepática, quando uma formiga se compromete a ser um indivíduo explosivo ou um pote de mel vivo, não há volta atrás. Com efeito, só encontramos este tipo de compromisso extremo e irreversível entre os insetos mais aguerridamente sociais porque estas sociedades funcionam como superorganismos e não como colónias de indivíduos.

Sobre a autora

Nichola Raihani é professora de Evolução e Comportamento no Departamento de Psicologia Experimental do University College London e na Escola de Psicologia da Universidade de Auckland (Nova Zelândia), onde também codirige o Behavioral Insights Exchange e é diretora do Laboratório de Evolução e Comportamento Social.

O Instinto Social, o seu primeiro livro, ganhou a Medalha Voltaire dos Humanistas do Reino Unido em 2021, e o prémio ZSL Clarivate para Comunicação Científica em 2023.

Todavia, há um tipo de atividade nas espécies sociais que tende a ser dividida entre os indivíduos do grupo: a tarefa da reprodução. À semelhança de muitas outras espécies reprodutoras cooperativas, os zaragateiros e os suricatas do Calaári tendem a ter apenas um par reprodutivo em cada grupo. Mas os ajudantes só adiam a reprodução, sem abdicarem dela por completo. Os zaragateiros e os suricatas subordinados têm o aparelho fisiológico necessário para se reproduzirem, mas são impedidos de o fazer, quer pelas ações dos reprodutores dominantes, quer pela falta de acesso a parceiros de reprodução. Podemos, assim, ver os ajudantes como sendo reprodutores esperançosos, indivíduos que mantêm as opções em aberto e esperam pelo dia em que possam chegar à ansiada posição de reprodutores.

No extremo do espectro, aos ajudantes e aos reprodutores é-lhes atribuído esse estatuto à nascença e seguem, a partir daí, trajetórias de desenvolvimento completamente diferentes. Quando tal acontece, aqueles que se destinam a herdar a coroa tornam-se altamente especializados no seu importante cargo de principais reprodutores.

A rainha da espécie de térmitas sociais Macrotermes bellicosus é uma criatura grotesca e distendida, mais de trinta vezes maior do que as obreiras singelas que a servem. Uma rainha de abelha-do-mel fica com o dobro do tamanho das obreiras – uma dimensão que lhe permite expelir mais de 1 500 ovos por dia. O seu tamanho monumental também a aprisiona no interior da colmeia, pois é incapaz de voar. Quando a colónia se prepara para mudar, as obreiras impõem-lhe um regime físico e alimentar intenso (alimentando-a menos e empurrando-a para que caminhe pelo ninho), de modo a emagrecê-la, para que também ela possa voar do ninho.

Ao contrário dos reprodutores esperançosos dos grupos de zaragateiros e de suricatas, as obreiras nas sociedades de térmitas e formigas são permanentemente estéreis: não conseguem reproduzir-se, mesmo que surjam condições favoráveis. Isso é notável: ficaríamos indignados, quiçá até ultrajados, se nos ordenassem que vivêssemos como eunucos modernos, tendo como propósito único na vida contribuir para o bem-estar de uma mão-cheia de escolhidos.

Mas há espécies que adotam esta estranha forma de vida, e nós fazemos parte delas. Até temos um nome especial para os indivíduos estéreis da nossa sociedade: chamamos-lhes avós.

Desde que tive filhos apercebi-me de que caí uns quantos patamares na hierarquia das pessoas com quem os meus pais querem confraternizar. Qual êxito de uma nova estrela pop, os netos entraram para o primeiro lugar da tabela. Mas por mais gratificante que seja a condição de avó, a sua existência é um enigma evolucionário: porque deixa a fêmea humana de se poder reproduzir tanto tempo antes da morte?

Raramente encontramos outra espécie no mundo com uma esperança de vida pós-reprodutiva tão longa. Na maioria das espécies – incluindo todos os nossos primos primatas –, os indivíduos continuam a reproduzir-se (ou, pelo menos, a tentar fazê-lo) até morrerem. Os seres humanos fazem as coisas de maneira diferente. Ao contrário das outras espécies de macacos antropoides, quase não há sobreposição entre mães e filhas nas suas carreiras reprodutivas. Pelo contrário, o período em que as filhas se tornam ativas enquanto reprodutoras coincide com a altura em que as mães sofrem uma profunda transição fisiológica: a menopausa. Embora por vezes denigramos este período da vida como representando o início da velhice, porventura sentindo-nos como se estivéssemos a tornar-nos decrépitas e moribundas, quero aventar uma perspetiva alternativa. A menopausa é um ponto de viragem importante na vida da mulher e tem um objetivo específico: é nesta altura que mudamos de rumo reprodutivo, deixando de ser reprodutoras e passando a ser ajudantes.

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A menopausa não é um mero resultado das maiores esperanças de vida trazidas pelas recentes melhorias nos cuidados de saúde e nos estilos de vida. Na maioria das sociedades humanas – se não mesmo em todas elas –, a menopausa tem lugar por volta dos 50 anos de idade e é acompanhada por uma esperança de vida pós-reprodutora prolongada, mesmo entre quem não dispõe de acesso a tecnologia ou à medicina moderna. Inserem-se nesse grupo os caçadores-recoletores contemporâneos e até populações com mortandades historicamente elevadas, como os escravos das plantações de Trindade e Tobago no século XVIII. A idade da menopausa também é hereditária, pelo que, com as mulheres das sociedades industrializadas a terem filhos cada vez mais tarde na vida, a menopausa também parece surgir cada vez mais tarde.

Se observarmos com mais atenção a fisiologia subjacente vemos que a menopausa não é apenas uma parte do normal processo de envelhecimento. As fêmeas humanas nascem com cerca de dois milhões de folículos, cada um capaz de produzir um óvulo. Esta reserva vai-se reduzindo ao longo da vida: aos 20 anos de idade restam cerca de cem mil folículos à fêmea média e cerca de cinquenta mil quando faz 35. Se extrapolarmos, mesmo com este ritmo de declínio, a mulher média devia poder continuar a reproduzir-se até para lá dos 60 e talvez mesmo dos 70 anos. Mas por volta dos 38 anos de idade ocorre algo estranho. Por essa altura, o número de folículos cai abruptamente, entrando num ritmo de declínio muitíssimo acelerado. Logo, quando chega aos 50 anos, mais ou menos, os níveis de folículos estão abaixo do limite mínimo necessário para ciclos menstruais regulares.

Isto realça a mecânica da menopausa, mas não responde ao porquê. Porque sofrem as mulheres esta acentuada redução não linear de fertilidade no fim dos 30 anos? E porque continuamos a subsistir enquanto vasos estéreis, quando, para todos os efeitos, nos tornamos becos sem saída reprodutivos?

Para responder a estas perguntas temos de assumir uma perspetiva evolucionária. Através desta lente percebemos que a menopausa é o resultado de uma batalha evolucionária que se desenrolou ao longo de milénios entre avós e noras. As pobres sogras são alvo de inúmeras piadas pueris, mas, como se costuma dizer, com a verdade me enganas.

Não temos dados totalmente concretos, mas existem motivos bastante plausíveis para se acreditar que a dispersão entre os humanos ancestrais foi tendencialmente feminina. Ou seja, as mulheres em idade fértil tendiam a mudar-se para junto do «marido» (sirvo-me do termo de forma lata, querendo referir-me ao parceiro reprodutor masculino) e sua família, e não o contrário. Uma consequência importante da dispersão tendencialmente feminina é o facto de as mulheres mais jovens (as esposas) poderem, potencialmente, competir com as sogras pelos recursos limitados necessários para criar filhos com êxito. Podemos servir-nos de conjuntos de dados históricos sobre seres humanos da era pré-industrial para perceber os efeitos dessa concorrência. Na Finlândia, a igreja luterana manteve registos meticulosos de casamentos, nascimentos e óbitos desde o século XVIII até ao início da década de 50. Originalmente mantidos por questões tributárias, esses registos têm agora bastante mais interesse para nos ajudar a compreender como a seleção pode ter influenciado populações humanas históricas, numa altura em que invenções como a pílula contracetiva e a medicina moderna ainda não complicavam demasiado as estimativas de aptidão. Esses dados mostram que quando uma avó se reproduzia a par da nora, todas as crianças sofriam. E os custos eram graves: quando havia concorrência entre mulheres férteis, as crianças tinham menos de metade da probabilidade de sobreviver até aos 15 anos de idade. Seja como for, a reprodução simultânea era também profundamente incomum, com apenas cerca de trinta avós (entre mais de 500) a reproduzirem-se ativamente ao mesmo tempo que as noras. Na maior parte dos casos vemos exemplos do que parece ser altruísmo: as mulheres mais velhas cedem às mais jovens o direito à reprodução. Mas, em que sentido poderiam as avós beneficiar com a interrupção da sua reprodução, permitindo às mulheres mais novas que se reproduzissem sem obstáculos?

Podemos responder a este enigma pensando nas formas como mulheres mais novas e mais velhas se relacionam com os descendentes alheios. A sogra tem um interesse genético velado em quaisquer filhos produzidos pela esposa do filho (conquanto sejam garantidamente filhos dele). A esposa, por outro lado, não tem qualquer interesse na prole produzida pela sogra. É o que se denomina uma assimetria na relação – que enfraquece a influência da sogra. Se ao reproduzir-se vai prejudicar os netos, a sogra deixa de ser incentivada a fazê-lo. O oposto não acontece: os genes da mulher mais jovem não querem saber dos custos que possam impor aos que residem na sogra e respetivos filhos. Devido a essa assimetria, a avó apresenta maior probabilidade de vir a ceder numa batalha pela reprodução – a contrapartida surge sob a forma de netos. Uma vez comprometida fisiologicamente com a esterilidade, ela pode aproveitar a situação ajudando a criar os netos. Os benefícios concedidos pelas avós estão bem documentados e dão-nos o ímpeto seletivo necessário para favorecer a esperança de vida pós-reprodutiva prolongada. Das cinzas de um conflito evolucionário nascem as avós.

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Quando só temos ao nosso dispor assentos de nascimento, certificados de óbito e registos de casamentos, torna-se difícil inferir, ao certo, como é que as avós ajudavam os netos a sobreviver. É provável que estas avós vetustas fossem repositórios de conhecimento, transmitindo informação vital sobre tudo um pouco, desde a amamentação aos cuidados a prestar em caso de doenças infantis. Em algumas culturas, as avós amamentam os netos e são capazes de produzir leite mesmo que as suas tentativas reprodutivas tenham terminado muitos anos antes. As avós são ainda mais um par de mãos, alguém disponível para ajudar a cuidar de filhos dependentes, permitindo que as mães levem a cabo outras tarefas (forragear e trabalho assalariado, por exemplo) que contribuem para a sobrevivência infantil.

Outro padrão que surge destes dados é o facto de nem todas as avós serem iguais: os dados de 26 populações históricas e contemporâneas com fertilidade natural mostram que são as avós maternas, e não as paternas, que marcam a grande diferença na sobrevivência dos netos. Isto é um pouco confuso – sabemos que as mulheres tendiam a ter filhos no agregado familiar do marido, o que poderia significar que o grosso dos cuidados com as crianças ficaria a cargo das avós paternas. A resposta para este enigma evolucionário chega-nos de mais uma base de dados eclesiástica – desta vez canadiana – que documenta a vida dos colonos franceses no Quebeque e arredores nos séculos XVII e XVIII. Os dados mostram que mesmo quando as mulheres saem de casa para ter os seus filhos, as avós maternas continuam a poder ajudar – desde que as filhas não se afastem demasiado. O aumento da distância entre as mães e as filhas correspondia à redução na sobrevivência da prole das filhas, provavelmente pela incapacidade de a avó materna ajudar estando longe.

O padrão geral parece mostrar que o conflito entre sogras e noras explica a evolução da menopausa, mas as mulheres no período pós-reprodutivo dirigem os seus investimentos para os netos com cuja relação é mais certa: os filhos da filha e não os do filho. Se a esperança de vida pós-reprodutiva da mulher foi prolongada devido aos potenciais benefícios para os netos, podemos interrogar-nos quanto ao motivo por que as avós não vivem ainda mais tempo.

Porque é que as avós têm de morrer? Antes de tentarmos responder a esta pergunta será importante eliminar a explicação aparentemente intuitiva de que as pessoas morrem porque se tornam velhas e decrépitas.

A senescência – o processo de envelhecimento – não é mera inevitabilidade biológica. Pelo contrário, é algo que é controlado pela seleção natural. Se houvesse suficiente vantagem para a aptidão de vivermos mais tempo sem as maleitas da velhice, provavelmente teríamos uma esperança de vida mais longa e saudável. O envelhecimento é o que acontece quando a evolução já não vê futuro para nós, com a seleção natural a tornar-se menos propensa a garantir a manutenção de processos fisiológicos básicos, como a divisão celular. Não vale a pena rever um documento que ninguém vai ler.

Então, porque é que as avós não vivem para sempre? Uma análise recente do mesmo conjunto de dados finlandês indica que as avós só são úteis (num sentido evolucionário) durante os primeiros anos de vida da criança. A maior parte dos filhos que uma avó pode contar ajudar terão nascido quando ela tiver cerca de 75 anos de idade. Além desse ponto, as avós não só se tornam inúteis para a sobrevivência da criança, como podem até tornar-se um risco: viver com uma avó leva a qualquer criança a ter menos probabilidade de vir a chegar à idade adulta. Este efeito prejudicial serve de contrapeso para a força seletiva que favorece a esperança de vida prolongada: no fim, as avós deixam de ser selecionadas para viver, mas para morrer.