Até 82% dos casos analisados incluíam maus tratos físicos, cujas consequências vão desde ossos partidos, a abortos involuntários e até queimaduras. Apesar dos abusos, 64% destas mulheres não procurou ajuda porque não sabia a quem dirigir-se.
Para a realização deste relatório foram feitas 180 mil entrevistas pessoais e utilizados dados que implicaram uma década de investigação.
Além do drama pessoal de cada agressão ou violação, "a violência contra as mulheres também tem consequências inter geracionais: quando as mulheres são agredidas os seus filhos sofrem", explicou a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde, Mirta Roses.
As crianças que sofrem ou presenciam situações de violência “têm um maior risco de se converterem em agressoras ou vítimas na sua vida adulta”, acrescentou Roses neste relatório.
Na maior parte dos casos, a violência física é acompanhada por abusos verbais. Contrariamente ao que se poderia esperar, este tipo de violência não é praticada exclusivamente entre pessoas com baixos rendimentos. "Em alguns países, os níveis mais altos de violência doméstica foram sofridos por mulheres com uma educação ou salário médios", revela o relatório.
Alguns especialistas defendem que a violência surge nas alturas em que o papel tradicional da mulher se altera porque estas adquirem melhores níveis de educação ou melhores salários.
Dos vários países estudados (Bolívia, Colômbia, República Dominicana, Haiti, Honduras, Peru, Equador, El Salvador, Guatemala, Jamaica, Nicarágua e Paraguai), é a Bolívia que apresenta piores índices de violência doméstica.
O consumo em excesso de álcool e drogas foi citado como a mais recorrente origem da violência. O estudo revela ainda que é mais provável ser-se vítima de violência nas zonas urbanas. Todavia, apesar de menos regular, é nas zonas rurais que este tipo de comportamento mais apoio social recebe.
É importante também referir que a mentalidade em alguns destes países sustenta este tipo de domínio sobre as mulheres. Na Guatemala, por exemplo, 74% das mulheres acredita que deve obedecer ao marido mesmo quando este está errado.
SAPO Mulher com AFP
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