Os diários nas redes sociais estão a substituir os tradicionais diários escritos em papel, revela a psicóloga Catarina Lucas.

As redes sociais são atualmente um meio fácil de comunicar, partilhar e dar a conhecer…”vender” uma imagem. Começamos logo pela maior facilidade de acesso à internet, que permite essa mesma proliferação. Os motivos desta adesão em massa são múltiplos. Não raras vezes funcionam como uma ferramenta de trabalho, promovendo o marketing pessoal e até mesmo de serviços. Contudo, a verdade é que maioritariamente funcionam como um “diário online”, no qual, os utilizadores partilham muito das suas vidas. Estes transformam-se em locais onde as relações interpessoais parecem fáceis e, muitas vezes, ilusoriamente sinceras”.

Catarina Lucas adianta ainda que “o sexo feminino recorre mais à utilização de diários, comparativamente ao sexo masculino. O homem possui uma vertente mais prática e uma forma distinta de gerir os sentimentos, emoções e pensamentos. Possuem uma maior relutância em demonstrar as suas emoções, não apenas em relação aos outros, mas também a si mesmos. Por seu lado, a mulher tem maior facilidade em falar e expressar emoções, recorrendo mais à escrita e, consequentemente, aos diários”.

Na data em que se comemora 70 anos sobre a oferta do diário de Anne Frank, a psicóloga explica os motivos que levam uma pessoa a dedicar-se a esta escrita: “Os diários são uma forma de comunicação connosco mesmos, permitindo a reflexão e transposição de pensamentos e emoções para o exterior, neste caso, para o papel. A expressão de sentimentos nem sempre se revela uma tarefa fácil para muitas pessoas, sendo que, a possibilidade de os colocar por escrito é muitas vezes facilitador da comunicação. Todavia, muitos desses diários são confidenciais, e mesmo que não se destinem à leitura por uma outra pessoa, permitem o “alívio” de quem escreve, a sensação de partilha e a segurança da confidencialidade. São bastante frequentes na adolescência, onde a comunicação é complexa e as emoções vivenciadas são inúmeras”.

Recorde-se que o diário de Anne Frank foi publicado pela primeira vez em 1947 por iniciativa do seu pai e está actualmente traduzido em 68 línguas.

12 de junho de 2012