Hoje celebra-se o Dia Mundial da Mulher Rural. Instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) a 15 de outubro de 1995, pretende alertar para a importância do papel social das mulheres que vivem em zonas rurais. "Ouvi-las e amplificar as suas vozes é fundamental para disseminar os conhecimentos que têm sobre as alterações climáticas, impelindo os governantes, os empresários e os líderes das comunidades a agir", apela António Guterres.
"Enquanto implementadoras das novas técnicas agrícolas, primeiras [pessoas] a reagir perante as crises e empreendedoras da energia verde, as mulheres rurais são uma força poderosa que pode impulsionar o desenvolvimento global", elogia o secretário-geral da ONU numa mensagem publicada no site oficial deste organismo. "Mulheres e raparigas rurais a construir uma resistência climática" é o tema oficial das comemorações deste ano.
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), que há cinco anos escolheu "Empoderar a mulher rural e eliminar a pobreza e a fome" como tema, a população feminina constitui cerca de 43% da mão de obra agrícola nos países em desenvolvimento. Nalgumas das economias baseadas fundamentalmente na agricultura, chegam mesmo a representar mais de 70% da força de trabalho nos campos dessas regiões desfavorecidas.
Apesar de terem passado praticamente duas décadas desde que a ONU, na na sua quarta conferência sobre a mulher, realizada em Pequim, na China, instituiu este dia, muita coisa mudou. Mas também muito continua por alterar, mesmo nos países mais desenvolvidos. "As mulheres rurais recebem uma remuneração inferior à dos homens. Frequentemente, ficam para trás no acesso a educação, na formação, na tecnologia e na mobilidade", afirmou publicamente há cinco anos, em março de 2014, Juan Somavia, o então diretor-geral da OIT. "As mulheres rurais são agricultoras, pescadoras, pastoras e empresárias", sublinha Ban Ki-moon.
"Garantem a preservação das identidades étnicas, dos conhecimentos tradicionais e das práticas sustentáveis. Prestam cuidados, criam os filhos e tomam pessoas à sua guarda. Desempenham um papel essencial no desenvolvimento agrícola, na segurança alimentar e nutricional e na gestão dos recursos naturais", elogiou publicamente o antigo dirigente da ONU, antecessor do ex-primeiro-ministro português António Guterres no cargo.
A mensagem foi, na altura, difundida no site da Associação das Mulheres Agricultoras e Rurais Portuguesas (MARP), atualmente desatualizado. Apesar da evolução que se tem vindo a registar, o caminho a percorrer ainda é longo. "As alterações climáticas exacerbam as desigualdades que ainda persistem, deixando muitas mulheres, que sofrem desproporcionalmente com elas, para trás", condena ainda António Guterres.
Comentários