Valter Hugo Mãe

“As Mais Belas Coisas do Mundo”

Nascido em 1971, em Angola, Valter Hugo Mãe é autor de obra com número considerável de títulos. Em 2007 vence o Prémio Literário José Saramago com o livro “O Remorso de Baltazar Serapião”. O próprio Saramago, no decorrer da entrega do galardão, não escondeu elogios ao autor: "Por vezes, tive a sensação de assistir a um novo parto da Língua portuguesa". No currículo bibliográfico de Valter Hugo Mãe estão livros como “A Máquina de Fazer Espanhóis” (2010), “O Filho de Mil Homens” (2011). Mais recentemente, Prémio Oceanos 2015, a obra “Desumanização” (2013).

Valter Hugo Mãe tem dedicado parte da sua obra ao público infantil. Neste contexto “As Mais Belas Coisas do Mundo” (edição Objetiva), traz-nos a história de um menino que, desafiado pelo avô, procura conhecer os mistérios da vida. Chega o dia em que a criança fica sem resposta: “Quais são para ti as coisas mais belas do mundo? São as coisas de verdade, como tanto quanto se vê e toca? Ou as coisas invisíveis, aquelas que pensamos, sentimos e sonhamos?”, pergunta-lhe o avô.

as mais belas coisas do mundo

Mário de Carvalho

“O homem que engoliu a Lua”

Em 2003, Mário de Carvalho, após oito anos de ausência na publicação de um novo livro, chega aos escaparates com uma obra mordaz. “Fantasia para Dois Coronéis e uma Piscina” trouxe-nos a sociedade portuguesa do início do século XXI, contraditória e traumática. Mário de Carvalho questiona-se, mesmo, no final da obra: "Há emenda para este país?". Um título que é expressão da obra deste homem nascido em 1944 e com obra versátil, da crónica irónica do quotidiano à toada mais sombria.

Um elenco que inclui a escrita para a infância com o título “O homem que engoliu a Lua”, com ilustrações de Pierre Pratt (Porto Editora). Em resumo, a história decorre no Beco das Sardinheiras, lugar onde tudo pode acontecer. O que está em cima é igual ao que está em baixo, o que é estreito pode ser largo, o que é pequeno é grande também. É uma permanente alegria, de uma rua em festa.

o homem que engoliu a lua

Miguel Sousa Tavares

“O Segredo do Rio”

“Equador” (2003), “Rio das Flores” (2004), “Sul, Viagens” (2004), “No Teu Deserto” (2010), estão entre os títulos campeões de vendas de Miguel Sousa Tavares, escritor, jornalista, cronista, nascido no Porto e filho de um nome maior da escrita portuguesa, Sophia de Mello Breyner Andresen. No currículo, o facto de ser um dos fundadores, em 1989, de uma revista que fez história em Portugal, a “Grande Reportagem”. Entre outros, Sousa Tavares recebeu, em 2008, o Prémio Branquinho da Fonseca.

No que respeita à sua vida literária, espraiando-se dos romances, aos livros de contos e crónicas, sublinha-se a incursão de Tavares na literatura infantil.

Em “O Segredo do Rio” (Oficina do Livro), obra com ilustrações de Fernanda Fragateiro, Miguel Sousa Tavares transporta para a escrita a inquietação de um dos filhos em saber por que é que as estrelas não caem do céu. Esta é uma narrativa de amizade e entre uma criança e um peixe. Um livro de aprendizagem da vida e dos seus mistérios, das relações humanas e da descoberta de sentimentos.

O segredo do rio

Afonso Cruz

“Como Cozinhar uma Criança”

Inspiremos antes de começar, a viagem pelo currículo de Afonso Cruz é grande. Escritor, ilustrador, cineasta, música da banda The Soaked Lamb, também produtor de cervejas artesanais. Fiquemo-nos, no caso em apreço, pela obra literária deste autor nascido em 1971, na Figueira da Foz. “Os Livros que Devoraram o Meu Pai”, (2010), “A Boneca de Kokoschka” (2010) e Prémio de Literatura da União Europeia, “Jesus Cristo Bebia Cerveja” (2013), “Enciclopédia da Estória Universal” (2014), estão entre a mais as quase três dezenas de obras que publicou.

Um currículo na escrita que inclui livros para a infância onde, também, se destaca como ilustrador. Como título mais recente, “Como Cozinhar uma Criança” (edição Alfaguara), obra onde Cruz “junta os melhores ingredientes, traz panelas e tachos, frigideiras e grelhadores, chapéu de cozinheiro, colheres de pau e avental, e muitas especiarias, porque vamos aprender a cozinhar uma criança”, como nos conta na recensão ao título. Tudo muito divertido, mordaz e com a imaginação que reconhecemos a este autor.

como cozinhar uma criança

Sophia de Mello Breyner Andresen

“Histórias da Terra e do Mar”

Como não incluir numa visitação a autores com obra escrita para a infância, a portuense Sophia de Mello Breyner Andresen (1919- 2004). Prémio Camões em 1999 e Prémio Rainha Sofia de Poesia Iberoamericana (2003), Sophia recebeu honras de sepultura no Panteão Nacional. As casas onde viveu, a Natureza, o Mar, o Tempo, a Cidade são temas recorrentes no percurso literário da poetisa, mas também autora ficcional com contos e, neste âmbito, com partícula sensibilidade no que toca à escrita para a infância.

“A Menina do Mar” (1958), “A Fada Oriana” (1958), “O Cavaleiro da Dinamarca” (1964), “A Árvore” (1985), estão entre os livros que nos deixou. Destes, “Histórias da Terra e do Mar”, originalmente publicado em 1984, hoje no catálogo da Porto Editora, são-nos entregues cinco contos, entre eles, “História da Gata Borralheira”, “A Casa do Mar”, “Saga”. Uma obra que inclui a narrativa do primeiro baile de uma jovem chamada Lúcia, do tempo que medeia até à sua vida adulta e de como os espelhos nos podem transportar para outros mundos; assim como a história de Hans, um rapaz nórdico que se quer tornar marinheiro.

histórias da terra e do mar

José Saramago

“A Maior Flor do Mundo”

Temo-lo no panteão dos nomes maiores das letras portuguesas. José Saramago, nascido em 1922, falecido em 2010 e Prémio Nobel da Literatura em 1998, antes Prémio Camões em 1995, legou-nos obra imensa. Um percurso nas letras que inaugurou em 1947 com “Terra do Pecado” e que teve momentos como “Memorial do Convento” (1982), “O Ano da Morte de Ricardo Reis” (1984), “O Evangelho Segundo Jesus Cristo” (1991), “O Homem Duplicado” (2002), “A Viagem do Elefante” (2008). Obra que encontrou a crónica, peças de teatro, poesia, diário e memórias e, dois livros para a infância, entre eles, “A Maior Flor do Mundo” (2001), com a chancela da Porto Editora.

Neste título, com ilustrações de João Caetano, o protagonista é um menino. Traz uma missão e um constante desafio aos leitores (não fosse Saramago a escrever): Uma subida inicial à montanha e as subsequentes descidas e subidas em busca de saciar uma flor prostrada. Um enredo onde o autor nos coloca perante uma impossibilidade, a de escrevermos a melhor história de todos os tempos.

a maior flor do mundo

Matilde Rosa Araújo

“As Fadas Verdes”

Vai longe 1979, ano em que Matilde Rosa Araújo recebeu o Grande Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças e Jovens (1979). A escritora nascida em 1921, na cidade de Lisboa, não precisaria do galardão para ver consagrada uma vida dedicada à literatura e, no âmbito desta, com especial carinho pelas letras para a infância. Numa carreira que se prolongou por sete décadas a, também, professora foi autora de mais de 40 livros de contos e de poesia para adultos e de mais de duas dezenas de livros de contos e poesia para crianças.

“As Fadas Verdes”, obra de 1996 (Porto Editora), foi tida como o melhor livro infantil, pela Fundação Gulbenkian. Um título que se juntava a outros como “O Palhaço Verde” (1960), “O Sol e o Menino dos Pés Frios” (1972), “As Botas do Meu Pai” (1977), “A Velha do Bosque” (1983).

Em “As Fadas Verdes”, livro com ilustrações originais de Manuela Bacelar, Matilde Rosa Araújo traz-nos poesia para a infância. Fá-lo com recurso a uma Natureza habitada por criaturas delicadas e plenas de vida, como a garça, a borboleta ou o rosmaninho, a romã, as flores do jacarandá. Essas criaturas são as Fadas Verdes, e são elas que nos falam de sentimentos e de vivências de uma forma original.

as fadas verdes

José Luís Peixoto

"A Mãe que Chovia"

A 4 de setembro de 1974 nascia na aldeia de Galveias, no Alentejo, José Luís Peixoto. O autor, Prémio José Saramago em 2001, havia de voltar à localidade que o viu nascer, também, através da escrita. Galveias (2014) é o retorno sentido ao Alentejo, livro que se juntou a uma obra que incluía, na altura, títulos como “Morreste-me” (2000), “Nenhum Olhar” (2001), “Cemitério de Pianos” (2006), “Abraço” (2011).

José Luís Peixoto tem a sua obra diversificada no romance, poesia, literatura de viagem e literatura infanto-juvenil. Neste âmbito, destaque para a obra “A Mãe que Chovia”, de 2012 (Quetzal Editores), com ilustrações de Daniel Silvestre da Silva.

Nas páginas deste livro, o protagonista é filho da chuva. Sem dúvida uma mãe singular e essencial à vida. Uma mãe que, contudo, todos os anos tem de partir. Há que fazer chover em lugares distantes. Uma obra pejada de ternura e poesia, onde Peixoto nos traz o amor materno, incondicional.

a mãe que chovia

José Jorge Letria

“Se Eu Fosse um Livro”

Cascalense de gema, nascido em 1951, José Jorge Letria tem vasta obra nas áreas do jornalismo, poesia, dramaturgia e romance. No período que antecedeu o 25 de Abril, Jorge Letria foi um nome de destaque da canção da resistência.

Na poesia, em particular, a sua obra encontra-se condensada nos dois volumes da antologia “O Fantasma da Obra”, a par de personalidades como José Afonso e Adriano Correia de Oliveira.

Com livros traduzidos em várias línguas, José Jorge Letria é atualmente presidente da Sociedade Portuguesa de Autores e do Comité Europeu de Sociedades de Autores da CISAC. É, também, um profícuo autor de livros para a infância. A sua obra “O Homem que Tinha uma Árvore na Cabeça” integrou, em 2002, a lista “Books and Reading for Intercultural Education”.

Em 2011, Letria publica “Se Eu Fosse um Livro” (editora Patológico) e, com este título traz-nos o desejo intimo dos apaixonados pelos livros, que o mundo se transforma em torno sob influência das linhas que se está a ler. Um livro que fala sobre os seus pares e sobre a forma como mudam as nossas vidas.

se eu fosse um livro

Richard Zimler

“Maria e Danilo e o Mágico Perdido”

Nascido norte-americano em 1956, Richard Zimler é, de coração e de vida, um escritor adotado por Portugal. Jornalista, escritor e professor, Zimler é um autor de escala internacional. Licenciado em Religião Comparativa e mestre em Jornalismo, o escritor encontrou acolhimento internacional com o seu primeiro livro “O Último Cabalista de Lisboa” (1996), consagrando-se posteriormente com obras como “Meia-Noite ou o Princípio do Mundo” (2003), “A Sétima Porta” (2008) ou “Os Anagramas de Varsóvia (2009)”.

A literatura para crianças motiva desde 2009 Richard Zimler com a publicação de “Dança Quando Chegares ao Fim”, mais tarde escrevendo “Hugo e Eu e as Mangas de Marte” (2011). “Maria e Danilo e o Mágico Perdido” (Porto Editora), a mais recente obra de Richard Zimler dedicada ao público infantil, o mágico Marduque é um homem feliz perante o delírio de uma plateia. Um mágico que conta com dois assistentes, o cão Rumi e a periquita Tulipa. Os três conhecem numa escola duas crianças únicas, Maria e Danilo. A partir desse momento, a vida de Marduque nunca mais será a mesma. Todos descobrirão na magia e na amizade uma forma de ultrapassar os seus receios mais profundos.

maria e danilo e o mágico