O movimento O MAIOR SORRISO DO MUNDO nasce em 2013 para reforçar esta mensagem e representa alegria, amor, saúde e bem-estar.

Figuras públicas e empreendedores aderiram à causa e partilharam os seus testemunhos. Leia a história de David Bernardo

O que te faz sorrir?

David Bernardo: Os pequenos prazeres da vida. “Momentos”. Estar com amigos, conseguir atingir objetivos. O facto de estares apaixonado por aquilo que estás a fazer e não sentir o tempo passar quando estás a fazer algo de que gostas. Rir com os amigos é uma das melhores coisas que existe na vida. O segredo para te dares bem com alguém é teres um sentido de humor compatível com alguém que te faça sorrir.

As coisas que te fazem sorrir são as mesmas que te fazem feliz?

David Bernardo:  Acho que sim. A face é o espelho da alma. E eu faço o contrário, às vezes quando estou de mau humor, sorrio “artificialmente” e o teu cérebro recebe naturalmente uma sensação de felicidade ou um estímulo, se a cara está a sorrir é porque está a acontecer alguma coisa que me deixa feliz. Então se fizeres isto com outra pessoa em momentos “pesados”, eles desaparecem.

O cérebro não consegue distinguir um sorriso natural de um sorriso forçado.

David Bernardo: Independentemente de qual seja, o cérebro liberta endorfinas.

Quais foram as ferramentas que utilizaste e que te permitiram chegar onde estás hoje?

David Bernardo: A principal ferramenta que alguém pode ter é a educação. E isso não é um curso universitário ou o “saber comer à mesa”, eu acho que são os valores que te passam na vida. A educação que os teus pais te passam e, claro, depende também muito da tua atitude perante a vida. Eu vejo pessoas que julgam os outros muito rapidamente e até estão na sua zona de conforto. Eu tenho a necessidade de sair da minha zona de conforto. Às vezes ganha-se e às vezes perde-se. Acho que a atitude positiva também se educa. As pessoas protegem-se muito. A vida é uma evolução. Se te tornas arrogante, a vida dá-te uma lição e diz-te que a arrogância não serve, depois achas que tens de ser humilde e a vida vai-te explicar que afinal também não tens de ser assim tão humilde. As pessoas ficam com verdades universais muito rapidamente na vida. Aos 20 achas que precisas de ter bens materiais e objetivos profissionais e estás focado só nestes objetivos e deixas de aproveitar e de estar aberto às pessoas que te questionam. As pessoas têm de ter a capacidade de evoluir, aprender e questionar-se continuamente.

Queria que pensasses numa história que um dia pudesse inspirar os teus netos.

David Bernardo: Primeiro, uma história que inspirasse alguém, e depois uma história que eu quisesse que os meus netos soubessem (risos). A forma como vivi o ano de 2012 é das mais inspiradoras para mim. Não é só uma história com bons momentos, é uma história com maus momentos que são ultrapassados. Foi um ano com questões pessoais e profissionais complicadas, não estava feliz e depois morreu um grande amigo, com 36 anos, num acidente estúpido. Foi atropelado enquanto estava a treinar para o triatlo em Miami, deixou dois filhos e a mulher. Foi num ano em que estava toda a gente a falar que o mundo ia acabar em 2012. Nunca acreditei nisso, até porque acho que o mundo acaba todos os dias para alguém. Mas pensava “se o mundo fosse acabar mesmo em 2012, o que faria?”. E vivi 2012 como se o mundo fosse acabar.

O que fizeste?

David Bernardo:  Comecei a dar aulas na Universidade Nova, fiz conferência, fiz um curso de sobrevivência no deserto do Utah, com uma faca, um cobertor, uma garrafa e pouco mais. Sem sacos-cama durante 7 dias. Basicamente levam-te aos teus limites. A grande lição que aprendi foi: “não criares expectativas”. Quando nos diziam “vamos andar”, nunca nos diziam quanto tempo íamos andar até encontrarmos alguma coisa. E tu começas a pensar “ah, se calhar vamos andar duas horas. E depois ao fim de duas horas pensas que se calhar é mais meia hora. Depois começas a desesperar porque não acontece o que estavas à espera e chegas a um ponto em que estás a andar 16 horas seguidas no deserto, sem comer, e sem ninguém dizer para onde vais, e aí a tua cabeça bloqueia. Até que começas a deixar de pensar onde vais e andas passo a passo. Acho que esse é o grande tema da felicidade. Não vivermos no passado, nem no futuro, e sim viver no “agora”. E pensar, o que tenho de fazer agora é dar o próximo passo, se der este já estou bem, e desfrutar esse passo.

Morei em 9 países, tenho amigos em todas as partes do mundo e nesse ano decidi visitar os meus amigos, ver se estavam bem, como estava a vida deles. Dormi em 75 camas diferentes. Estive com amigos que já não via há muito tempo. Acabei nas situações mais mirabolantes.

Que situações?

David Bernardo: As que posso contar: fiz retiros de Yoga, fui para o Líbano, apaixonei-me, vivi! Altos e baixos. Perdi a anestesia que se sente quando estamos numa rotina. Para os meus netos, diria para se levantarem depois de baterem com a cabeça. Churchill dizia que o “sucesso é a capacidade de ir de fracasso em fracasso sem perder o entusiasmo”.

Churchill tem outra citação muito conhecida “ se estiveres a passar pelo inferno, continua a andar”. Que conselho tens para um empreendedor que tenha perdido o sorriso?

David Bernardo:  É fácil falar. Há situações complicadas, mas talvez olhar e pensar: “ se eu perder tudo o que é que me acontece”. As pessoas acham que quando algo de mau lhes vai acontecer, vai ser sempre pior do que é na realidade. Se tiverem de começar do princípio não vão morrer. Vão ter de batalhar outra vez, mas se tiverem saúde e capacidade de trabalhar, têm tudo. Tem a ver com a citação de Churchill que usaste, eventualmente vai acabar o mau momento e vai melhorar. O desespero não leva ninguém a algum lado.

O que te falta fazer?

David Bernardo: As coisas vão surgindo, o que quero é continuar com alegria de viver e motivação e persistência. Continuar a aproveitar o mundo fabuloso que temos. Eu acho que os objetivos vão mudando ao longo da vida. Já tenho a árvore plantada, o livro publicado, falta ter um filho (risos).

Entrevista: Mafalda Agante