Quando, em 1988, o Ayrton Senna se consagrou campeão mundial de fórmula 1 (creio que no circuito do Mónaco) confessou que na volta final sentiu a presença de Deus, o que me leva a ponderar se Deus terá alguma relação próxima com a velocidade.

Sou da opinião que cada Homem tem muito de divino em si; capacidades e características que lhe colocam a existência no cimo de uma montanha imaginária, mais perto do céu, mais próximo do divino. Mas como é que podemos sentir essa ligação? Esse elo que para alguns é tão forte e que outros vêem como impossível, estará ao alcance de todos? Em primeiro lugar há que partir do princípio que só se “toca” no que se crê ser real. Nesse caso, será que quem não crê, não lhe “toca”? Ou estará apenas distraído, acreditando que os contactos que ao longo da vida vai tendo com o divino nada mais são que momentos de rara beleza?

Lembro-me de um dia, a olhar para o dedo de Deus, no teto da capela Sistina, ter pensado que o Miguel Ângelo tinha de facto sido “tocado” por quem pintou. Mas será que o sentiu?

Tenho a vaga ideia de que, quando estamos a fazer aquilo para que a nossa essência vem programada, se ativam em nós super poderes de contornos divinos e que isso nada tem a ver com a velocidade a que nos deslocamos. É por isso que sei que, no meu carro ( e ao contrário do Ayrton), apenas sinto o “toque” de Deus… quando vou bem devagar.

 

  
Ana Amorim Dias