“Apesar de bem sucedida, não estava me sentindo feliz tendo que colocar salto todo dia, comprar uma roupa nova por semana e passar horas em frente ao espelho para ser a executiva perfeita. O salário era bom, me permitia comer bem, fazer viagem internacional, dar presentes caros para a minha mãe, mas também fazia com que meu cabelo caísse, que a insônia reinasse e que os momentos vagos fossem passados na cama de tanto stress e cansaço. Não importava o que eu fizesse, nada me satisfazia por muito tempo e a infelicidade estava começando a se tornar depressão”, começa por explicar Gabriela Sipioni ao site Hypeness sobre a razão que a fez querer mudar radicalmente de vida e ser uma mulher mais realizada a nível pessoal e profissional.

Apesar de ter consciência do risco que estava a correr, a brasileira confessou que o facto de ter casa própria, o marido empregado e algumas poupanças de lado foram fatores que lhe permitirem tomar esta decisão que tinha como objetivo principal ensiná-la a viver com menos.

Os dias no escritório deram lugar a dias em casa em busca de uma nova ocupação profissional que lhe enchesse as medidas. Não passou muito tempo até que encontrasse na culinária o seu novo negócio. Assim Gabriela abriu a Sipioni, uma empresa focada na produção e entrega ao domicílio de massas artesanais.

A pouco e pouco, depressa se apercebeu de duas coisas: do "rio" de dinheiro que todos os meses gastava em coisas supérfluas, como roupas e sapatos, e como a sua saúde melhorou consideravelmente desde que abrandou o seu ritmo de vida.

“Fazendo um balanço, vejo que meu cartão de crédito é hoje 1/5 do valor de quando eu era funcionária. A maior diferença, entretanto, foi na conta da farmácia. Eu simplesmente parei de ficar doente, não só porque não estou mais tão estressada, mas também porque passei a comer comida caseira todo dia e isso está fazendo toda a diferença”, referiu Gabriela que ao adotar um novo estilo de vida também abriu mão de uma das coisas que mais gostava de fazer nos tempos livres: viajar.

“Também percebi que boa parte do meu dinheiro era gasto em “recompensas” por fazer aquilo que eu não gostava. Saí tarde do trabalho? Vamos comer bem para compensar. A semana tá super estressante? Vamos viajar no fim de semana para compensar. Rolou aquele feedback de chorar? Vamos comprar uma bolsa para compensar.”

Tal como a própria confessa, ao quebrar este ciclo vicioso passou a comprar apenas por necessidade, concluindo que durante vários anos viveu com mais do que o que realmente necessitava e que é possível viver bem e mais feliz com menos dinheiro no banco. Há oito meses com uma nova maneira de estar, Gabriela refere qual foi o seu maior desafio até à data: repensar a sua maneira de estar na vida e aprender a lidar com o seu novo estilo de vida.

“Criar uma nova relação com as coisas, usar os recursos de novas formas e mudar hábitos grandes e pequenos são agora exercícios diários pra mim. Ao experimentar essa nova vida sem excessos percebi o quanto a nossa relação com o dinheiro é limitante e nos torna pessoas muito mais preocupadas em ter do que ser. Não é fácil desacelerar e querer menos, até porque somos educados para fazer exatamente o contrário, mas chego à conclusão final de que todo o esforço até o momento tem valido muito a pena!”