Todos os anos se repete a mesma correria na época natalícia. Aliás, esta época começa várias semanas antes do Natal, com (demasiada) publicidade a incentivar o consumo. Se repararmos, a felicidade tem vindo sempre acompanhada de consumo, fazendo crer que se não consumimos não somos felizes. Por isso, temos épocas de “Black Friday” com promoções de vantagem duvidosa, em mais um período de redução de preços para aproveitarmos aquela oportunidade única e com um prazo bem definido (em economia comportamental, criar escassez e sentido de urgência são duas estratégias ótimas para encher os armários de roupas que nunca usamos).

Nas próximas semanas o frenesim vai adensar e vamos ser cada vez mais pressionados por esta febre do consumo, especialmente se não nos prepararmos e se deixámos as compras para os últimos dias. Por que não ser diferente este ano? Por que não um manifesto por um Natal (um pouco) diferente? Para isso, sugerimos 3 ideias que nos podem ajudar:

Pensar aquilo que é realmente importante

Não se preocupe que não iremos entrar em moralismos. Antes, queremos apelar a que pense naquilo que é realmente importante na sua vida. Pense no que esta época significa para si e para a sua família. O que mais gosta nas celebrações de Natal? O que gostaria que fosse diferente? Será que pode mudar alguma coisa este ano? Com alguma probabilidade irá constatar que o que recordamos do Natal são os momentos bem passados em família e que já nem se lembra dos presentes que terá recebido.

Valorizar o que deve ser valorizado

O dinheiro que temos serve para ser gasto. O dinheiro é algo bom, não porque um fim em si mas porque cria oportunidades. O dinheiro induz segurança, permite melhorar a qualidade de vida (até certo ponto) e permite atingir objetivos.

Para que isto aconteça, é fundamental que atentemos a dois pormenores:

  1. O dinheiro que temos – Devemos gastar o dinheiro que temos e não o dinheiro dos outros. O mesmo será dizer que é prudente evitar endividar-nos para as compras de Natal (ou para outras compras), mesmo que possamos pagar em “suaves prestações sem juros”;
  2. Serve para ser gasto – O dinheiro serve para ser gasto, hoje ou no futuro. Ter dinheiro não implica consumir hoje. Podemos guardá-lo para consumir no futuro, garantindo assim que aumentamos a segurança financeira da família e que caminhemos em direção a objetivos concretos, individuais ou da família.

Gastar o que achamos razoável

Como referido, defendemos que o dinheiro deve ser gasto, hoje ou no futuro. Para tal, acrescentamos gastar o que achamos razoável e definir critérios para o que consideramos excessivo. Todos sabemos qual a fronteira e se virmos bem sabemos quando devemos gastar e quando devemos evitar gastar. Cada família tem o seu critério, o importante é que viva dentro das balizas que define para si.

Uma última ideia…

Os nossos filhos e as crianças da nossa família devem conseguir perceber com atos concretos (pelo exemplo) o que é realmente importante nas nossas vidas. Nesta altura, criamos nas suas mentes a ideia de que existe abundância e que a festa do Natal é reduzida ao consumo. Especialmente em famílias maiores, tal é visível na oferta de inúmeros presentes às crianças que acabam por retirar o valor ao ato de presentear. Façamos diferente. Porque não substituir parte dos presentes por um presente tipo “irmão secreto” ou “sobrinho secreto”? Porque não constituir uma poupança e com isso reduzir o número de presentes? Por fim, porque não sugerir à criança que ofereça um dos presentes a uma criança que não tem essa possibilidade?

Ficam algumas ideias para que pensemos se fará sentido mudar alguma coisa para que este Natal seja um bocadinho diferente.