Greta Thunberg chegou hoje a Lisboa cerca das 13:00 depois de uma viagem de 21 dias num veleiro, proveniente de Hampton, Virgínia (Estados Unidos).
Os planos iniciais indicavam que deveria seguir hoje de comboio para Madrid, mas toda a tripulação do veleiro “La Vagabonde” decidiu ficar mais algum tempo para descansar.
Greta Thunberg já tinha dito no início da intervenção que fez à chegada, na doca de Santo Amaro, depois de agradecer a receção, que a viagem tinha sido incrível ainda que não fácil, isolada durante três semanas, a viver num espaço limitado e com pouco que fazer, ainda que também tivesse dado para relaxar. Mas chegar a terra “é esmagador”, disse.
As fotos da chegada a Lisboa
“Agora vou ficar em Lisboa alguns dias”, disse a jovem, explicando que vai aproveitar para se informar do que se passou no tempo em que esteve isolada, que vai conhecer a agenda da COP25, e que vai participar na marcha que está marcada para sexta-feira na capital espanhola. “E depois de Madrid vou para casa, para o Natal”, acrescentou.
Em Madrid, disse também que iria esforçar-se no que a tem motivado, que os líderes políticos entendam a emergência relacionada com as alterações climáticas, que oiçam a ciência e que cooperem para lutar contra as alterações climáticas.
Foi uma Greta Thunberg cansada que se dirigiu às muitas dezenas de pessoas que a receberam com palmas, dizendo que é muito bom regressar a casa, à Europa. E afiançou que está cheia de força para continuar o que tem feito, pressionando e continuando a luta para que sejam ouvidas as pessoas, que sejam ouvidas as novas gerações.
“Precisamos fazer tudo o que pudermos, trabalhar em conjunto”, para que tenhamos um futuro em condições, “trabalhar por nós mas também pelos nossos filhos e netos”, disse a jovem ativista sueca, salientando a importância de lutar pelo “lado certo da história” e que essa é uma “luta de todos”.
Questionada sobre o que vai dizer na COP25 a jovem, que criou o movimento de greves climáticas e que hoje tem milhões de pessoas que a seguem no mundo inteiro, explicou que aquilo que os jovens querem é que os políticos oiçam os cientistas.
“Que nos oiçam a nós também, mas que oiçam os cientistas, porque nós não temos o conhecimento científico, não somos nós que devemos apresentar planos”, disse.
Greta Thunberg confessou não ter grande conhecimento sobre outros planos, os de um novo aeroporto em Lisboa, ainda que dissesse que investimentos desses devem ser bem pensados.
Também disse não ter a certeza de ter recebido uma carta do ministro português do Ambiente, Matos Fernandes, e sobre a ambição de Portugal na neutralidade carbónica foi clara ao afirmar que na luta contra as alterações climáticas nenhum país do mundo faz o suficiente.
E o que tem a dizer sobre os políticos que a criticam? Greta também foi clara, se há críticas é porque há um impacto.
A jovem ativista respondeu a perguntas durante cerca de 20 minutos, perante muitas dezenas de jornalistas de vários países, especialmente de Espanha. E voltou depois para o “La Vagabonde”.
Antes, ouviu o presidente da Câmara de Lisboa agradecer-lhe o ativismo e a “voz forte” para ganhar a batalha das alterações climáticas, e ouviu as jovens ativistas portuguesas Beatriz e Matilde agradecerem-lhe também a inspiração para lutar para tirar “o fogo de casa”.
Ou ouvir ainda denúncias de que a população da Amazónia está a ser “morta todos os dias”.
Riley Whitelum, o comandante do “La Vagabonde”, afirmou depois que estava orgulhoso de partilhar com Greta Thunberga a aventura de se arriscar a atravessar o oceano nesta altura, de ventos fortes e grandes ondas.
E Nikki Henderson, membro da tripulação e marinheira profissional, falou do grande desafio que foi a viagem e de quanto a mudou no que pensava sobre as alterações climáticas.
Inicialmente Greta Thunberg não devia viajar para a Europa neste momento, já que a COP25 estava marcada para o Chile, que à última da hora desistiu da organização devido aos conflitos sociais que estão a acontecer no país e que já provocaram vários mortos.
Por esse motivo a jovem sueca embarcou em 13 de novembro, de regresso à Europa, no catamarã “La Vagabonde”, como forma de evitar os aviões e a sua forte carga poluente.
No entanto, hoje na conferência de imprensa, admitiu que é impossível que o seu exemplo seja seguido por todos. “Não estou a viajar assim para que todos o façam. Estou a viajar assim como símbolo”, declarou.
Antes da conferência de imprensa, Greta Thunberg foi recebida pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, e pelo presidente da Comissão Parlamentar de Ambiente, José Maria Cardoso, além de ativistas portuguesas da greve climática estudantil.
Greta Thunberg, de 16 anos, celebrizou-se em todo o mundo por ter iniciado no seu país (Suécia) as greves pelo clima, em protesto pela falta de medidas dos políticos para fazer face às alterações climáticas.
Comentários