O solo trazido por três missões lunares americanas também serviu aos investigadores para descobrirem a interação entre as plantas e o meio onde brotaram, conhecido como regolito lunar.

A perspetiva da investigação é aproximar-se de um futuro possível em que seres humanos cultivam plantas para alimentação e produção de oxigénio na Lua ou em missões espaciais.

“No futuro, missões espaciais mais longas poderão usar a Lua como plataforma de lançamento ou entreposto. Faria sentido usar o solo que já lá está para cultivar plantas”, afirmou um dos autores do estudo, o professor de ciências horticulturais Rob Ferl, salientando que falta saber tudo o que acontece a plantas crescidas no solo lunar, o que está fora de qualquer experiência evolutiva.

Com apenas 12 gramas de solo para usar, um empréstimo da agência espacial norte-americana que lhes demorou 11 anos para conseguir, usaram pequenos orifícios do tamanho de dedais para experimentar juntar sementes, água, nutrientes e terra da Lua, e fornecer-lhes luz.

Semearam arabidopsis, uma planta cujo mapa genético já se conhece, e quase todas as sementes brotaram do regolito.

“Ficámos maravilhados. Não tínhamos previsto que acontecesse isso. Mas mostro-nos que o solo lunar não interrompe as hormonas e sinais envolvidos na germinação de plantas”, contou Ferl.

Ao longo do tempo verificaram que algumas sementes cresceram mais pequenas ou mais devagar do que as que brotaram num outro solo de controlo que não provinha da Lua.

Concluíram que eram reações das plantas à composição química e estrutura do regolito lunar, marcadas nos seus padrões de expressão genética.

“Ao nível genético, as plantas puxaram das ferramentas normalmente usadas para lidar com fatores de ‘stress’, tal como sais e metais, o que pode dar pistas sobre como se poderá tornar o solo lunar mais acolhedor, possibilitando “colheitas que possam crescer em solo lunar com pouco impacto para a sua saúde”.

As reações diferentes também podem estar relacionadas com o local onde o solo foi recolhido e se, no seu local original, estava mais ou menos exposto a ventos cósmicos que alteram a sua composição.