Situada no coração da Mata Atlântica, a segunda maior floresta brasileira, esta destilaria não podia estar num melhor cenário.

A Mata Atlântica é uma floresta tropical que se estende entre o Brasil, Paraguai e Argentina e, embora menos conhecida que a floresta Amazónica, estima-se que possua cerca de 20.000 espécies vegetais, 850 espécies de aves, 370 de anfíbios, 200 de répteis, 270 de mamíferos e 350 de peixes.

Apesar da sua grande dimensão e riquíssima fauna e flora, esta floresta ocupa apenas cerca de 29% da sua extensão original em território brasileiro.

Esta drástica diminuição é o resultado de uma desflorestação desmedida, em grande parte por culpa da indústria da cachaça, e é por isso que Dragos Axinte, fundador e CEO da destilaria Novo Fogo pretende ajudar a combater este problema, segundo revelou em entrevista ao site Matador Network.

Mata Atlântica
créditos: Wikimedia Commons

Para isso, foi criado em 2018 o projeto Un-Endangered Forest, cujo objetivo é ajudar a salvar as espécies ameaçadas pela desflorestação.

Esse projeto, bem como outros, fazem parte do programa de sustentabilidade da empresa, que produz cachaça orgânica, com todo o respeito pelo ambiente bem como pelo processo de fabrico, garantindo que os seus produtos são de maior qualidade e menor impacto ambiental.

Quais são então os princípios que regem este projeto?

1. Reflorestação

Uma das principais ações do projeto Un-Endangered Forest é a identificação das espécies nativas em risco e plantação dessas mesmas espécies, de forma a garantir o seu crescimento e longevidade.

Para isso contam com o apoio da Dra. Sílvia Ziller, Diretora Executiva do Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental, sediado em Florianópolis, Brasil.

Quem visita a destilaria tem também a possibilidade de plantar uma árvore no terreno da empresa.

2. Reutilização dos barris de madeira

Cerca de sete das doze espécies de madeira utilizadas na produção de barris para envelhecimento da cachaça estão ameaçadas, por isso a Novo Fogo reutiliza barris, evitando assim o abate de árvores.

Quando não é possível a utilização de barris em segunda mão, a destilaria certifica-se que adquire barris feitos com madeira legal e ética, proveniente de plantações regulamentadas ou em segunda mão proveniente de casas ou árvores caídas.

3. Redução da pegada de carbono

O efeito negativo da mudança climática, resultante maioritariamente do carbono que produzimos e enviámos diariamente para a atmosfera é visível em todo o mundo, mas o Brasil tem sofrido especialmente com isso, com a Floresta Amazônica a ser completamente dizimada pelo fogo, em parte devido ao aquecimento global.

Por esse motivo, a Novo Fogo esforça-se por reduzir a sua pegada de carbono, sendo uma das poucas destilarias no mundo que é carbono negativo, ou seja remove mais carbono do ambiente do que aquele que produz.

Para o conseguir, opta por realizar todo o processo de colheita de forma manual, evitando a colheita mecânica ou a realização de queimadas para eliminar ervas daninhas.

Além disso, utiliza todos os subprodutos resultantes da destilação da cachaça em várias etapas da produção, reduzindo assim o consumo de energia, como por exemplo a utilização do bagaço resultante da prensagem das canas de açúcar como combustível para os fornos de vapor.

Cabe a cada um de nós fazer o máximo que puder para salvar o nosso planeta, por isso, é de louvar o trabalho da Novo Fogo, que sem comprometer os seus produtos, arranjou estratégias para ajudar as florestas do seu país, numa altura em todos os esforços são vitais.