O lançamento nas águas da ria de Aveiro de efluentes contaminados com a bactéria Escherichia Coli determinou a proibição de capturas de bivalves pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) na zona entre a Barra de Aveiro e a Ponte da Varela (RIAV1).
Em comunicado, o Movimento de Amigos da Ria de Aveiro exige maior fiscalização e afirma ter obtido imagens recolhidas no Cais da Ribeira de Pardelhas, no concelho da Murtosa, “onde é possível observar a chegada à ria, através da rede de drenagem de águas pluviais, de um caudal permanente de efluentes com elevada carga orgânica, proveniente de descargas ilegais”.
Para o MARIA, “a ausência de estações adequadas de tratamento de efluentes provenientes das agropecuárias, conjugada com uma deficiente fiscalização das direções gerais de Alimentação e Veterinária e Agricultura e Desenvolvimento, do Ministério da Agricultura, e das autarquias, entre outras entidades, conduzem a estas constantes agressões ao meio ambiente, com consequências indesejáveis para a comunidade de pescadores”.
O MARIA refere que, “com especial incidência na cabeceira norte da ria de Aveiro, nos concelhos da Murtosa, Estarreja e Ovar, existem dezenas de explorações agropecuárias para produção de carne e leite nas imediações das margens da laguna, mas nem todas operam nas melhores condições e em estrito respeito pela legislação em vigor”.
Para que o IPMA possa levantar a interdição, é agora necessário que sejam obtidas 12 análises consecutivas com resultados negativos a partir de amostras obtidas naquela zona, “significando que, pelo menos durante seis meses, não poderá haver captura de bivalves, uma vez que as recolhas laboratoriais são efetuadas de 15 em 15 dias”.
A Associação de Pesca Artesanal da Região de Aveiro (APARA) insurgiu-se na quarta-feira contra a medida tomada pelo IPMA: “De modo algum não concordamos com esta decisão, tomada num tão curto espaço de tempo, sem que tivessem sido averiguadas as causas ou fontes de contaminação”, declarou Pedro Lopes, presidente da APARA, pedindo que sejam dados esclarecimentos aos pescadores, “para evitar a sua revolta”.
Em circunstâncias habituais, a ria de Aveiro abastece cerca de 70% das necessidades do mercado nacional nas diferentes espécies de bivalves, designadamente berbigão, mexilhão, amêijoa-boa, amêijoa-japonesa, amêijoa-macha, longueirão e ostra-japonesa.
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