Conhecendo a TAEG

Não nos vamos deter muito tempo a abordar a TAEG (Taxa Anual Efetiva Global) que representa todos os custos associados a um contrato de crédito. No caso do crédito habitação temos diversos encargos como é o seguro multirriscos, o seguro de vida (encargos importantes para a nossa segurança financeira), as comissões iniciais ou as comissões de processamento.

O problema desta taxa é que é válida para todo o contrato. Logo, os grandes custos iniciais que temos - como sendo a comissão de estudo ou de dossier e a comissão de avaliação, que em conjunto podem custar mais de €500 - são diluídos num capital maior. Por outro lado, os custos mais pequenos mas que crescem com o tempo são diluídos nesta análise. Por exemplo, um custo reduzido do seguro de vida no primeiro ano pode crescer brutalmente à medida que o cliente envelhece.

Um exemplo prático

Imagine o caso de um casal com 46 e 49 anos e um capital em dívida de €150.000. Apesar de não serem clientes velhos, já têm algum risco de sinistro para a companhia de seguro, o que faz com que uma cobertura de ITP 60% possa custar no primeiro ano algo na casa dos €800 ou cerca de 0.5% do capital em dívida. Acontece que a meio do contrato os clientes são mais velhos e o custo do seguro de vida rapidamente escala para €2.000 por ano. Como o montante em dívida é agora mais baixo, o custo do seguro de vida chega a representar mais de 3% ao ano. Logo, aquele spread maravilhoso que contratou de 1% somado a este custo rapidamente o leva a concluir que paga mais de 4% todos os anos por aquele crédito.

Em conclusão

Quando fizer a análise do seu crédito habitação não olhe apenas para o primeiro ano mas foque-se numa análise para prazos mais alargados. É certo que poderá pensar manter o imóvel apenas por 2 ou 3 anos (sendo que neste caso talvez o mais prudente seja o arrendamento). Mas o custo global é algo fundamental e que deve ser tido em conta. Nunca se esqueça que nos podem dar algo com uma mão e retirar com a outra.

O que fazer?

Eis algumas estratégias que podem ajudar a mitigar o impacto destes custos escondidos:

  • Negociar o contrato de crédito habitação, garantindo que tem um spread baixo mesmo que faça o seguro noutra seguradora;
  • Faça o seguro de vida noutra seguradora porque a poupança é gigante, ao mesmo tempo que tem uma cobertura mais abrangente;
  • Pense na lógica de começar a liquidar antecipadamente os seus créditos, especialmente quando se começar a aproximar dos 50 ou 55 anos.

Estes custos apenas são escondidos porque muitos de nós optam por não os querer ver. Procure uma análise aprofundada de todos os custos que envolvem o seu crédito pois uma poupança de 30€ por mês rapidamente sobre para €10.000 num contrato a 30 anos.