Esteve cerca de 10 anos ligada à imobiliária e 20 à publicidade. A crise levou-a para outros caminhos e agora quer sobretudo ajudar os outros.

Uma verdadeira auxiliar do dia a dia, Sílvia Carneiro criou uma empresa para tornar a vida mais fácil a quem está sozinho ou a quem tem uma atividade profissional tão intensa que não deixa tempo livre para nada.

O seu primeiro trabalho foi na área da imobiliária. Quantos anos trabalhou nesta área?
Entre União Comercial e Ficap, cerca de 10 anos, e depois trabalhei 20 anos numa agência de publicidade.

Sempre trabalhos ligados à comunicação.
Exatamente. Sempre gostei de falar com pessoas e, obviamente, é uma área que acabei por utilizar na minha vida profissional.

Foi a crise que a fez mudar de agulha?
Neste momento estou a acumular duas atividades para fazer face à crise. Estou a tentar ajudar as pessoas, ajudando-me também a mim.

E mantem a publicidade?
Não. Voltei à área imobiliária. Estou ligada a uma empresa que se dedica a arrendamentos e administração de condomínios. Como as vendas pararam definitivamente e os arrendamentos têm valores muito baixos, é impossível sobreviver só com esta atividade.

O seu novo trabalho é mais um teste ao seu prazer de comunicar...
Sem dúvida. Este ano parti o pé e senti muitas dificuldades para sair de casa, ir ao médico, ao supermercado, conduzir, etc. Foi então que me lembrei de criar esta empresa para ajudar pessoas incapacitadas.

De todas as idades?
Sim, mas, naturalmente, pessoas mais idosas que vivem sozinhas e não têm ninguém que as ajude a ir às compras, ao médico, ou a tratar de qualquer burocracia. As mais novas são normalmente pessoas muito ocupadas que durante o dia não têm tempo para ir buscar os filhos à escola ou levá-los a qualquer atividade extracurricular.

É muito diversificada a atividade da sua nova empresa?
Tento responder às necessidades de toda a gente. Tanto posso ir a casa confecionar refeições ou fazer pequenas reparações, como posso levar os carros à oficina, ou os cães à rua, e, durante as férias, posso ir a casa regar as plantas e tratar dos animais. Enfim, uma panóplia de serviços criados para facilitar a vida às pessoas.

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Gosta de conviver com idosos?
Gosto. Não cheguei a acabar o curso de Psicologia, mas sinto que tenho facilidade em perceber as pessoas e saber lidar com elas. Essa capacidade de relacionamento também me tem ajudado nas vendas, já que para comprar uma casa é necessário estabelecer uma relação de confiança com o vendedor. Embora nesta nova atividade não haja nenhum tipo de venda mas sim uma prestação de serviços, a confiança entre os intervenientes tem igualmente de estar presente.

Agora está na fase da divulgação da empresa?
Estamos a distribuir folhetos, a passar a informação junto de algumas empresas, a colocar nas plataformas sociais, enfim, estamos a tentar chegar a um maior número possível de pessoas.

E já está a apoiar pessoas?
Estão a chegar os primeiros pedidos e o mais engraçado é que são as primeiras utentes que ficam tão agradadas com o serviço, que passam os nossos contactos aos familiares e amigos.

Quanto custa este serviço?
É pago à hora. Custa oito euros à hora, mas poderá ser menos se houver maior assiduidade. Nesses casos, poderei apresentar um orçamento.

Qual é a área de funcionamento da empresa?
Lisboa, Margem Sul e Linha de Cascais.

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Como é que as pessoas interessadas podem contactar a empresa?
Através do email: silviacarneiro5@gmail.com ou do telefone: 911 080 004. O site está neste momento em construção.

Há quem defenda que é nos momentos de crise que nascem boas oportunidades de negócio?
É verdade. Foi a necessidade que me fez puxar pela imaginação para criar uma nova empresa.

Há uma lacuna nesta área?
Sem dúvida. As pessoas que nos procuram garantem que não existe mais nada no mercado. O pouco que há é caríssimo e inacessível à maioria das pessoas.

Também garante obras em casa?
Sim. Há uma empresa com quem trabalho em parceria, que garante todo o tipo de obras e reparações.

Quais são os seus interesses?
Adoro animais, gosto de passear, de ler, de ir à praia, ir ao cinema, gosto de estar com os amigos, ouvir música, dançar... Tudo isso. Tenho muitos interesses.

Está preocupada com a situação do país?
Muito. A falta de esperança é assustadora. Conheço pessoas que tinham uma situação muito confortável e neste momento já estão a recorrer à assistência social para dar comida aos filhos. É muito difícil sobreviver nesta situação.

Também organiza jantares românticos?
Gosto muito. É muito gratificante poder contribuir para a felicidade dos outros.
Vou a casa das pessoas e trato desde a decoração, à confecção dos pratos, à escolha dos vinhos, à seleção da música e até garanto o serviço à mesa. Às vezes as pessoas estão tão ocupadas que não têm tempo para se mimar e a minha empresa existe para isso: tratamos de tudo!

 

Texto: Palmira Correia