É com elas que passamos grande parte do nosso tempo mas nem sempre as pessoas que nos rodeiam no emprego nos facilitam a vida.

Ansiedade, redução do nível
de autoestima, sentimento de
ineficácia, irritabilidade, agressividade
e falta de concentração são alguns dos efeitos,
a curto prazo, de relações
pouco ou nada saudáveis
que desenvolvemos no local
de trabalho.

O cenário pode agravar-se,
à medida que os meses passam,
com o perda de confiança
na capacidade de trabalho e/ou o desenvolvimento
de «depressão e doenças
relacionadas com o stress
profissional/burnout,
como distúrbios do sono
ou enxaquecas», alerta Fernando Magalhães, psicólogo
clínico. O especialista delineou um plano
para que ganhe imunidade
emocional e mental contra
ligações laborais que a podem
deixar literalmente doente.

Chefe que exerce mobbing (assédio moral)

A relação é tóxica se o seu superior lhe «faz críticas destrutivas, procura
humilhar, culpa e acusa de forma
despropositada e excessiva,
procura estigmatizar para que se
sinta isolada, cria boatos que a
descredibilizam,
dá-lhe trabalhos
insignificantes». Para lidar com ele, «não caia na provocação nem
entre em discussões. Mostre
indiferença, uma ligeira inimizade
ou reveladora de que ele não me
faz mossa. Procure apoio
de colegas e amigos», sugere o especialista.

Nunca, em situação alguma, «se castigue, deixe-se invadir pelos
assédios. Não entre na lógica do
agressor», recomenda Fernando Magalhães. Se isso não resultar, «fale com um responsável pelos
recursos humanos, mostrando um
registo escrito dos acontecimentos
e atitudes do agressor. Contacte
um superior hierárquico ou com
o sindicato que a representa», salienta.

Chefe que assedia sexualmente

A relação é tóxica se o seu chefe «faz comentários de teor sexual,
tentativas de tocar ou convites
explícitos para a relação sexual,
histórias pessoais ou anedotas
sexuais, uso da intimidação ou
humilhação ao rejeitar os convites», descreve Fernando Magalhães. A melhor maneira de lidar com ele é adotanto «uma atitude firme e assertiva,
expressando a sua discordância
do comportamento do assediador,
guarde provas claras do assédio
(como bilhetes e gravações áudio)», sugere o psicólogo.

Nunca «se deixe intimidar ou entre num
ciclo de vitimização. O assediador
é o problema e não você! Não
responda à provocação», aconselha. Se isso não resultar, a estratégia a implementar é simples. «Faça queixa a um superior
hierárquico do assediador, fale
com sindicatos ou com alguém
de confiança que possa orientar
numa eventual queixa, procure
apoio na Comissão para a
Igualdade no Trabalho», recomenda o especialista.


Veja na página seguinte: Como (não) lidar com um chefe prepotente

Chefe prepotente

A relação com um superior hierárquico deste tipo é tóxica se «o chefe ignora o diálogo
e ataca-a quando se atreve
a
desafiá-lo, aumenta
continuamente a carga de
tarefas, grita ou humilha
publicamente», refere o psicólogo Fernando Magalhães.

No convívio do dia a dia, «seja assertiva e descreva
o seu ponto de vista,
demonstrando com
registos o excesso de
horas de trabalho. Sugira
soluções para uma
repartição equitativa
do trabalho e procure
distanciar-se das tentativas
de ele a inferiorizar», sublinha o especialista.

Nunca «negue a gravidade das
exigências de trabalho,
responda na mesma
moeda, personalize o
problema, ataque ou entre
numa discussão», recomenda Fernando Magalhães. Se isso não
resultar, «fale com outros gestores
ou com um sindicato que
a represente», aconselha Fernando Magalhães.

Como lidar com um colega que usurpa as suas ideias

Não deixe passar muito tempo. Aja de imediato. Estes são os passos que deve seguir:

- Confronte-o com o sucedido,
mas de forma não acusatória.

- Trate-o como colega e não
como amigo.

- Use o humor e o sarcasmo. Agradeça-lhe por ter trazido a
público a sua boa ideia.

- Proteja ou guarde documentos
com ideias inéditas.

- Não abdique da ética pessoal
e profissional.

Como lidar com um colega que adora a intriga e cultiva o mau humor

Estas são as recomendações do psicólogo:

- Demonstre um desagrado
firme e assertivo.

- Trate-o com compaixão
e cortesia, mas diga algo como «agora
tenho de trabalhar».

- Não responda. Use o humor
contando anedotas.

- No limite, evite o contacto
ou distancie-se se tiver uma
relação próxima.

Veja na página seguinte: Quando são os chefes que têm problemas com a equipa

Por vezes, acontece o contrário. São os chefes que têm problemas com a equipa que dirigem.

Se chefia uma equipa e tem um elemento agressivo, «pergunte-lhe se existe
algum problema no trabalho
ou algo de pessoal e pergunte-lhe em que é que o pode ajudar. Reaja com
ponderação e assertividade
pois comunicação gera
comunicação», recomenda o especialista.

Se chefia uma equipa e tem um elemento arrogante, «mantenha uma perspetiva
distanciada e não personalize.
A arrogância vem da
insegurança», sublinha.

«Pode fazer
perguntas para compreender
a atitude, mas defina os limites
do comportamento aceitável,
dizendo-lhe que esse tipo de comportamento
é incorreto. Com calma e sem
julgar, mostre alternativas
à atitude arrogante», aconselha o psicólogo clínico.

Se chefia uma equipa e tem um elemento preguiçoso, «procure saber quais as
condições psicológicas que
o levam ao comportamento
desmotivado. Elogie com
sinceridade os seus méritos
e incentive-o a cumprir metas,
dando um feedback objetivo,
que ajude a motivar a ação.
Dê orientações claras sobre
o que é esperado», conclui Fernando Magalhães.

Texto: Nazaré Tocha com Fernando Magalhães (psicólogo clínico no Centro Clínico e Educacional da Boavista)