Já passei por isso. Nos primeiros anos de lançamento da marca, o crescimento da rede era galopante, os pedidos multiplicavam-se… mas o orçamento não. Liderar não é agradar. É escolher com coragem. Foi nesse cenário de escassez que aprendi uma das lições mais valiosas da minha vida como líder: não se gere tempo - gere-se energia, foco e expectativas.

“Quem tenta fazer tudo, não constrói nada sólido”. Aprender a gerir expectativas e a dizer “não” com respeito e firmeza foi o que nos permitiu criar a base que hoje sustenta o nosso crescimento - quase o dobro da média do mercado imobiliário português.

Liderar em momentos de abundância é fácil. O verdadeiro teste vem quando os recursos são escassos e as decisões difíceis. É como atravessar uma ponte de corda sobre um desfiladeiro: cada passo exige intenção, equilíbrio e coragem para manter os olhos no horizonte. Porque quanto mais tentas segurar tudo, maior o risco de perder o equilíbrio… e cair.

Entre fundar empresas, liderar equipas e ser mãe de duas filhas, aprendi que liderar não é fazer mais. É escolher melhor. E proteger o tempo da tua equipa para o que realmente faz crescer.

Sempre que preciso de decidir onde coloco a minha energia, pergunto:

  • Contribui para o crescimento da empresa?
  • Potencia a produtividade e o desenvolvimento das pessoas?
  • Respeita os nossos princípios inegociáveis (bem-estar, ética, reputação, confiança)?

Se a resposta for “sim” a estas três, é prioritário. Se faltar agenda para encaixar tudo, a hierarquia mantém-se clara: as pessoas estão sempre em primeiro lugar.

Estas são as cinco estratégias que me permitem crescer com foco, propósito e sanidade, mesmo nos momentos em que o orçamento diz que não:

1. Prioriza com propósito

A tua energia é o teu ativo mais precioso. E desperdiçá-la em tarefas que não mexem a agulha é a forma mais rápida de perder o jogo. O erro não é ter trabalho a mais. É confundir movimento com progresso.

Exercício rápido: Quais das tuas tarefas, se não fossem feitas, mudariam, pouco ou nada, os resultados nos próximos meses? Elimina ou adia.

2. Automatiza para libertar

Automatizar o repetitivo não é abdicar de liderar - é garantir presença onde és mais insubstituível: nas pessoas, nas decisões, na cultura.

Exercício rápido: O que repetes todas as semanas e podias automatizar em menos de uma hora?

3. Delega para desenvolver

Muitos líderes tropeçam aqui: confundem delegar com largar. Mas delegar é desenvolver. Se estás sempre no centro, não lideras - bloqueias. És o gargalo.

Também resisti. Até perceber que esse controlo travava tanto a minha evolução quanto a da minha equipa. Delegar é confiar. E acompanhar. E confiança é a semente de qualquer equipa de alta performance.

Pergunta-chave: Qual é a tarefa que continuas a fazer só porque sempre foste tu a fazê-la?

4. Simplifica para escalar

O problema nem sempre é o volume, mas a complexidade desnecessária. Aprendi que simplificar processos e encurtar etapas não é fazer menos - é fazer melhor. Tornar simples o que é importante tornou-se uma prioridade constante na forma como lideramos.

Desafio: Escolhe um processo. Lista cada passo. O que podes cortar sem perder eficácia - ou até ganhá-la?

5. Diz não para crescer com foco

Dizer “não” é das capacidades mais difíceis - e continua a ser um treino diário. Aprendi que recusar, com respeito, é o que protege o que realmente importa: crescer com consistência.

Lembrete diário: Cada “sim” é um investimento de tempo, energia e foco. Estás a investir bem?

Mais trabalho do que recursos não é desculpa para perder o foco. É o convite para liderar com mais clareza, mais estratégia e mais coragem.

Liderança não é fazer tudo. É escolher o que conta. Não podes estar em todo o lado. Mas onde estás, faz a diferença. O resto… deixa cair.

Um artigo de Patrícia Santos – Chairwoman Zome.